sábado, 29 de outubro de 2011

Homossexualidade e Religião (Gustavo Prado)



Durante séculos, a atitude de muitas religiões com relação à sexualidade humana foi bastante negativa. A relação sexual sempre esteve direcionada, unicamente, para fins de procriação, e não para o prazer ou o sentimento que une dois seres. Mulheres e escravos eram considerados propriedade de alguns homens e as diversas formas de manifestação dos desejos heterossexuais e homossexuais eram condenáveis, principalmente as do segundo grupo.
Tais tradições continuam a influenciar as igrejas de hoje, como a subjugação da mulher. Muitas delas ensinam que a mulher deve estar subordinada ao homem, por exemplo. Estas igrejas, que não nos cabe citar, pregam que todos os atos homossexuais são pecados, e se referem, freqüentemente, à sua própria e particular interpretação das Escrituras.
Outras igrejas são influenciadas por um século de reflexões psicanalíticas sustentadas por minorias influentes no meio médico. Consideram a homossexualidade como uma forma de doença. Se bem que, atualmente, seus propósitos estejam completamente desacreditados pela medicina oficial. Assim, muitas igrejas e clérigos continuam a ser influenciados por esta idéia, dizendo que os homossexuais têm uma estrutura sexual “inacabada” e necessitam de uma “cura”.

Não existe uma uniformidade de pensamento em relação às passagens bíblicas
Felizmente, novos estudos e conclusões científicas à respeito da orientação sexual humana forçam as igrejas e grupos religiosos a reexaminarem suas posições. Existe hoje, igualmente, muita discordância envolvendo a variedade de interpretações da Bíblia no meio acadêmico. Um número crescente de especialistas bíblicos e de teólogos reconhecem agora que as Escrituras não condenam a relação homossexual responsável, adulta e plena de amor. Homossexuais devem ser aceitos como tais pelas igrejas cristãs e a relação homossexual deve ser reconhecida, respeitada e aceita.
Por ora vamos nos deter à Bíblia, a base das religiões judaico-cristãs. Não nos cabe aqui julgar ou condenar a veracidade dos textos bíblicos, um conjunto de relatos que cobrem mais de mil anos de história e que retratam as relações de Deus com o povo hebreu e os primeiros cristãos. Vamos simplesmente demonstrar, de forma sintética, as passagens que parecem se referir à homossexualidade e, igualmente, questionar o contexto histórico, as formas de tradução dos originais e, principalmente, as diversas formas de interpretação destes textos. Não existe uma uniformidade de pensamento em relação às passagens bíblicas, o que causa enorme confusão, levando algumas pessoas a interpretarem as Escrituras de forma irresponsável.
Os textos bíblicos foram traduzidos para vários idiomas, cada qual segundo um estilo e forma literária de acordo com o tempo em que foi produzido e com um contexto cultural muito diferente dos nossos dias. Diferenças culturais do passado bíblico geram hoje diferentes formas de visão dos textos, levando alguns cristãos, por exemplo, a dizerem quem é e quem não é realmente cristão.

O problema é que a Bíblia fala pouco sobre certos assuntos
A tradução bíblica e a teologia diferem de igreja para igreja, mudando igualmente segundo as épocas. Nosso mundo, hoje, difere enormemente do mundo de cem, quinhentos, mil anos atrás. A escravidão que era tida como força imperativa de separação entre dominantes e dominados no passado, hoje é vista como uma monstruosidade, um atentado contra os direitos fundamentais da pessoa humana. O mundo mudou, naturalmente. Mas e a Bíblia ou as igrejas que tentam pregar o amor? Difícil responder.
Vários são os fatos que refutam as antigas concepções religiosas acerca da homossexualidade. Novas informações científicas, as mudanças sociais e estudos contemporâneos das Escrituras têm sido fundamentais para mudar a interpretação da Bíblia e tudo isso tem contribuído para fazer crescer a fé homossexual. O que hoje se acredita ser pecado, amanhã pode não mais sê-lo, e numa analogia podemos ilustrar a antiga crença religiosa de que a Terra era o centro do Universo, idéia que acabou sendo derrubada pela ciência, posteriormente.
A maior parte das igrejas cristãs crê que a Bíblia é inspirada por Deus e é a fonte principal da autoridade para a fé cristã. Por isso, o que ensina a Bíblia sobre um certo número de temas, incluindo a sexualidade, é de grande importância, mas o problema é que a Bíblia fala pouco sobre certos assuntos e deixa a desejar um esclarecimento mais profundo e condizente com nossos dias.

O mundo mudou e a Bíblia tem de ser revista
Há os que asseguram que a Bíblia não pode ser contestada por ser a palavra de Deus. Entretanto, o próprio Vaticano vê com bons olhos a explicação científica da criação do universo a partir de uma grande explosão – o Big Bang – e não há como que se discutir que tal teoria venha a contrariar os sete dias da Criação descritos na Gênese.
O mundo mudou e a Bíblia tem de ser revista, não apenas como um livro religioso, mas como uma poderosa fonte histórica e escrita por mãos humanas – leia-se mãos falhas, que nem sempre foram capazes de traduzir com perfeição o que vinha sendo transmitido de geração a geração. Isso é inegável, principalmente depois de tantas traduções que sofreu e do vergonhoso domínio imposto pela Igreja na Idade Média, ocultando informações, incitando temor infundado aos fiéis e até mesmo matando em nome de Deus.
Nosso objetivo não é nos determos junto à Igreja, em si, mas como não questionar uma instituição baseada em princípios tão ardilosamente construídos visando simplesmente a manipulação por meio do temor à Deus e a obtenção do poder? Felizmente, este período negro na história da humanidade passou. Mas há ainda muitos inquisidores presentes na nossa sociedade, inquisidores que se negam a abrir os olhos para a luz da “boa nova”: o Amor incondicional trazido por Cristo. O amor é a chave para se encontrar Deus. É importante, acima de quaisquer julgamentos puramente humanos e falhos, voltar-se para os grandes princípios de Jesus Cristo: Amar a Deus sobre todas as coisas; ama teu próximo como a ti mesmo; não julgueis para não serdes julgados”.

A Bíblia estipula que as mulheres devem ser isoladas enquanto menstruadas
Algumas igrejas cristãs sempre condenaram a homossexualidade porque a consideram contrária às leis da natureza, mas também, por muito tempo, têm eleito o celibato como forma ideal de vida, o qual, alguns podem argüir, é igualmente contrário à ordem natural. Se a Bíblia diz: “crescei e multiplicai-vos”, esta regra deveria ser universal, mas no caso dos sacerdotes, o celibato deve ser respeitado.
E se a função do sexo é a reprodução, não deveria ser visto como um pecado. A mesma Bíblia, no Velho Testamento, estipula que as mulheres devem ser socialmente isoladas enquanto menstruadas, que os pais devem matar seus filhos se estes adorarem qualquer outro deus que não o Deus Único e que aqueles que trabalham no Sábado devem ser executados. Poucos cristãos hoje concordam com estas idéias, mas acreditam que a homossexualidade é condenável simplesmente porque é condenada pela Bíblia.
A mesma Bíblia da qual “às vezes” discordam.

Fonte: Bule Voador 
____________________________

GustavoGustavo Prado é professor e teólogo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cristianismo Radical - Brava Gente Brasileira - por Eliasaf de Assis


ESTE TEXTO MERECE SER LIDO POR TODOS QUE SE DIZEM CRISTÃOS (CUIDADO, TEXTO FORTE COM PALAVRAS CHOCANTES, PORTANTO SE VOCE FOR HIPÓCRITA, NÃO LEIA!)
Cristianismo Radical - Brava Gente Brasileira - 
por Eliasaf de Assis



Descobrindo entre os marginalizados e miseráveis o que realmente significa seguir a Cristo
Nota da Redação: O artigo a seguir descreve um trabalho singular desenvolvido numa região decadente do centro de São Paulo. Há extensas citações do Pr. Paulo Cappelletti, presidente da missão. Suas afirmações não representam necessariamente a opinião do Conselho Editorial da revista Impacto e podem até chocar o leitor. Entretanto, consideramos que o trabalho que faz e o preço que paga lhe dão pleno direito de ser ouvido, até nas suas críticas à igreja como está hoje. Pedimos, tão-somente, que o leitor pondere tudo com coração aberto e retenha o que o Espírito lhe vivificar. Seja impactado!
Cruzando ruas famosas pelo comércio especializado de produtos eletrônicos, nossa atenção era disputada por lojas com CPU’s, cd-rom’s, instrumentos de som e garotos deitados na calçada fumando cachimbos de crack. Prostitutas de várias idades faziam “ponto” em estreitas portas de hotéis imundos, ladeados por lojas com cartazes de “impressoras laser usadas em 3 vezes sem juros”.
Percorríamos o centro velho de São Paulo, região conhecida como Crackolândia, dada a facilidade de se verificar o uso de drogas a céu aberto. A visão de crianças entorpecidas é revoltantemente comum. Tradicionalmente descrito como antro de vício, prostituição e crimes violentos, o centro velho não muda a despeito dos planos municipais de revitalização. E nos últimos anos, a decadência e ruína estão mais profundas.
A Missão CENA
Um grupo de jovens seminaristas me acompanhava em uma visita à missão CENA (Comunidade Evangélica Nova Aurora). Encontramo-la instalada em um prédio antigo que serviu a um histórico clube de São Paulo. Uma grande fila de moradores de rua aguardava o início da distribuição de refeições. Ao passar por eles, fomos envolvidos por uma atmosfera de odores, cuja emanação ia do cheiro fétido de corpos sem banho ao agradável aroma da comida. A equipe, formada por gente de todo lado (recuperados, missionários brasileiros, suecos, ingleses, americanos...), estava a todo vapor: panelas chiavam na cozinha, esfregões e rodos limpavam o chão, organizadores ordenavam a espera pela refeição e as filas de banho. Na hora das refeições, os moradores de rua passam primeiramente pelos banheiros, estrategicamente posicionados. Banho primeiro, refeição depois. Nem todos gostam.
Assim que chegamos, nos deram serviço. O pessoal foi se envolvendo em algum afazer. Podado de dons que parecessem úteis, como eu ajudaria? Ocasionalmente utilizava um rodo (o maior que já vi!) para puxar a água do chão. Então piorou: pediram que eu pregasse, uma mensagem rápida de uns 5 minutos. Não me lembro do que falei, mas sim do esforço em escolher palavras adequadas. Foi difícil! Sentados diante de mim, aguardando a refeição, dezenas de moradores de rua oscilavam entre impaciência, torpor alcoólico ou um inesperado interesse. Público heterogêneo: homens e mulheres com históricos diversos: trabalhadores braçais que perderam o teto, profissionais especializados que sofreram decepções amorosas, portadores de doenças mentais e gente que nem se lembra mais como foi parar na rua.
Quando terminei, alguém sugeriu que me sentasse com os mendigos e conversasse. Movi a cabeça procurando um interlocutor. Um homem de idade indecifrável, estimo que de 30 a 50 anos, chamou-me a atenção. Mesmo após o banho, sua pele estava encardida e manchada, e o rosto grande e anguloso, emoldurado pelo cabelo desgrenhado, compunha uma selvagem aparência; parecia uma espécie de viking moreno.
Não demorou e desenvolvemos uma animada conversa. Ele explicou detalhadamente como conseguia CPF’s frios e outros documentos, tarefa que fazia com regularidade, para si e para outros. Um dos jovens que me acompanhava sentou-se conosco. Animado com o aumento da platéia, o homem contou sua história mais impressionante: sofrera um atropelamento há quase dez anos. Seus intestinos ficaram expostos enquanto sangrava sob as rodas do carro. Socorrido, foi levado ao Hospital da Santa Casa, onde passou por uma operação paliativa. Avesso ao ambiente hospitalar, fugiu antes da cirurgia definitiva. Abriu então a camisa, soltou uma faixa que o envolvia na região do abdômen e mostrou, a mim e a um assustado seminarista, como seu ânus estava agora na barriga, ao lado do umbigo. Apesar desse susto, os sentidos de meu coração foram adaptando-se, e pude perceber além da aparência: vi uma pessoa singular, vivaz e inteligente, feita à imagem de Deus, ainda que coberta com a fuligem da rua e tornada invisível pela indiferença da grande cidade.
Com as portas do carro travadas, vidros fechados e ar-condicionado ligado, cruzamos com eles sem vê-los. Mas ali, criadas à imagem de Deus e por ele amadas com obsessão, no espaço entre a pista e a calçada, vivem, moram e morrem pessoas singulares. E a distância entre nós não é medida em metros, mas em compaixão. Nossa compaixão as alcançará?
O Que Fazer?
A missão CENA tenta cobrir essa distância. Seu presidente, Pr. Paulo Cappelletti, é avesso a qualquer culto de personalidade. “Aqui não homenageamos ninguém. Na CENA há muito trabalho, não personalidades em evidência”, diz. A seu pedido, devo chamá-lo como é conhecido nas ruas: Macarrão.
Foi uma das melhores conversas que tive: atendeu-me prontamente, embora tivesse um compromisso dali a pouco tempo. “Vamos levar uma maca ginecológica para um prostíbulo. A ginecologista atende aqui no clube. Mas é difícil as garotas virem, só aquelas com muito vínculo com as missionárias. Fomos ao prostíbulo, conversamos com as meninas e sugerimos levar a ginecologista com a maca para fazer um exame papanicolau. O mais difícil foi explicar que o exame exige 72 horas sem ‘trabalhar’.”
Alto e grisalho, com voz forte e fala jovial, Macarrão exprime-se com uma franqueza desconcertante. Quando discutimos sobre o tempo que leva a recuperação de dependentes, ele responde: “Quanto a converter, eu mesmo estou tentando... não podemos deixar de enfatizar o processo de crescer em Cristo”. Ele apresenta casos em que o trabalho de recuperação durou mais de 10 anos.
Macarrão mora com seus dois filhos e a esposa Sílvia, que é assistente social, em uma casa família com mais 20 pessoas, todas elas tiradas das ruas. Tomei um café da manhã com eles, certa vez, e os vi lidando com problemas bem familiares, como estímulo a leitura e preparo para procurar emprego.
Agora ele está vestido com uma bermuda, camiseta e havaianas, e parece-se muito com algum dos atendidos pela missão. Sueli pergunta se ele vai se arrumar. “Vou a um prostíbulo”, responde bem-humorado. “Quanto mais malvestido, melhor...”.
Macarrão é famoso por pregar uma vez nas igrejas e não ser convidado de novo.
Na inauguração de um templo novo e luxuoso, não resistiu e trombeteou lá do púlpito:
“Segundo a escatologia pré-tribulacionista, este templo vai ficar pro diabo. Aqui deveria funcionar um albergue ou uma creche. Já que fez, use! Em vez de templos de uso exclusivo de uma igreja, deveríamos levantar prédios para uso comum dos cristãos, da sociedade e comunidade adjacente. O templo é um instrumento, não deveria ser um monumento erigido a nada. O movimento evangélico de hoje não se assemelha de jeito nenhum ao movimento do século XVI. Além disso, historicamente a Reforma se adequou aos ricos”.
Sem Máscaras
“A igreja perdeu o rumo. Ernst Kasemann, o teólogo, dizia já em 1931 que não podemos comparar o cristianismo atual com o Cristo Senhor. O que o cristianismo tem a ver com Cristo hoje? Kierkegaard também disse que o mundo religioso cristão é parecido com uma festa de máscaras”.
Kasemann e Kierkegaard? Uma citação surpreendente feita por um pastor que empurra uma mesa ginecológica rua acima. Profundidade intelectual, espiritualidade prática e uma atitude questionadora são características de Macarrão.
O Movimento de Jesus: em direção aos pobres
“Parte da razão de as igrejas não se interessarem pelo pobre é facilmente respondida: como vou pedir dízimo de um sem-teto, que vive na rua? Nós é que temos que dar nosso dízimo pra ele! Madre Tereza teria dito o seguinte: ‘Se houver pobre na lua, iremos até lá’. O movimento de Jesus é um movimento em direção aos pobres. Que não são muito diferentes de Jesus: ele não tinha onde morar ou o que comer. Se ele não era pobre, o que era então? A frase em meu orkut e msn é ‘aquele que quer pregar o evangelho aos pobres, tem que se fazer pobre como eles para que o reino de Deus apareça’. Quem prega o evangelho tem que conferir ao pobre alguma dignidade, uma possibilidade de vida nesta Terra, tornar sua vida melhor. Jesus deixou a sua riqueza para que os pobres pudessem ser ricos. Ele perdeu sua vida para que os pobres que morrem possam ter vida. A intenção do evangelho é esta: dar vida. E essa vida acontece fora, no convívio e no caminhar. Ajudando alguém a conseguir emprego, ‘batendo na porta’ das empresas junto com ele e mobilizando pessoas a ajudar e repartir seu dinheiro com os pobres.
Há sentido em 2.500 pessoas estarem dentro de um templo e ao final alguém dizer: ‘o culto foi maravilhoso!’? Maravilhoso em quê? Onde Deus se manifestou? O rico ficou mais pobre? O pobre ficou mais rico? Algum dos pobres da igreja teve ajuda para construir sua casa? Levantar a mão, ir à igreja, sentar no banco e ouvir um sermão, cantar as mesmas músicas todo domingo... Será que a vida cristã se resume a isso, uma espécie de monastério dominical? Eu não consigo viver assim.”
A Conversão Deve Ser do Coração
“A maioria dos pastores não se importa com aspectos essenciais do cristianismo, como moral ou mesmo perdão. Jesus disse em Mateus que se você tem algum problema com alguém, primeiro pede perdão e depois oferta. Minhas ofertas devem condizer com minha vida com Deus. Finanças não deveriam falar tão alto. Mas ouvimos sermões em que gente berrando condena pessoas que não dão o dízimo. Mesmo com tantas necessidades que experimentamos na missão, ouso dizer que o problema da igreja não é dinheiro: é um problema moral e, por que não dizer, de conversão.
“Não há uma conversão do coração, e sim uma conversão psicológica. Só isso explica andar pelo centro velho de São Paulo e não ter compaixão pelas pessoas caídas. Não dá pra viver um ‘evangelho’ que não se compadece das pessoas. Como alguém convertido de verdade poderia ver alguém passando fome e dizer: ‘eu vou orar por você...’. A julgar pelo que diz o apóstolo João, o que devemos é agir!”
À nossa volta, o cenário é de decrepitude e abandono, mas Macarrão fala com fé e entusiasmo sobre os planos da missão: uma creche para filhos de prostitutas, um projeto filantrópico para construção de casas populares...
Eu e minha turma rumamos pra casa. Vejo toda aquela gente embarcando no metrô lotado, corpos coladinhos, cada um vivendo um mundo tão distante um do outro! Eu não consigo imaginar Jesus fazendo outra coisa que não fosse envolver-se com as pessoas, chorar por elas, buscar os marginalizados. Todos que desejam ver Jesus caminhando em nossas esquinas e cortiços, condomínios e avenidas, farão das palavras finais de Macarrão uma oração:
“Não quero ser chamado de reformado nem de evangélico. Eu quero ser conhecido como cristão, porque quero seguir a Cristo. Quero ter ações na Terra que promovam a pessoa de Jesus.”
Obs. O Pr. Paulo Cappelletti está atualmente abrindo um novo trabalho nos mesmos moldes em outro local da Grande São Paulo.


CLIQUE NOS LINKS E ASSISTA AOS VÍDEOS MOSTRANDO O TRABALSO MARAVILHOSO QUE ESTE PASTOR FAZ 


parte 1 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=HryPbHx_9fk

parte 2 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vmz6qD8Umsk

parte 3 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=59Iztqj4JfY

Para maiores informações:
http://www.missaocena.com.br
Pr. Paulo Cappelletti



Religiosidade


Religiosidade (By Adeneir)


A andar pelas plantações
Misturam se cores e cores.
O verde e o cinza, que parece prata, mas é seco.
O dourado e o ocre, que parece nobre, mas é ferrugem.
O negro e o branco, que parece dia, mas é neblina.
A neblina nunca engana é clara, mas ofusca.

A andar pelas plantações
Misturam-se sinais e sinais,
A força e a fraqueza, que parece amparo, mas é impotente.
A compreensão e a dúvida, que parece aceitação, mas é receio.
A vida e a morte, que parece descanso, mas é morte...
A morte nunca engana não se passa por vida ela é morte.

A andar pelas plantações
Misturam-se toques e toques,
O amor e o descaso, que parece um valor, mas é desprezo.
A confiança e o temor que parece um elo, mas é medo.
A fidelidade e a junção que parece aliança, mas é traição.
A traição nunca engana, vestida de lealdade é traição.

A andar pelas plantações
Misturam-se caminhos e caminhos,
A fé e o ceticismo, que parece força, mas é ignorância.
A obra e o ócio, que parece digno, mas é vão.
O doar e o querer, que parece presente, mas é cobrança.
A cobrança nunca engana, mesmo que seja de si próprio, ela é cobrança.

A andar pelas plantações
Misturam-se pessoas e pessoas,
Boas e más, que parecem belas, mas são ruins.
Néscias e sabias que parecem compreender, mas não sabem.
Guiados e guias, que parecem saber o caminho, mas estão perdidos.
Os perdidos não enganam, sempre se perdem em algum ponto do caminho.

A andar pelas plantações
Misturam-se plantações e plantações,
A missão e a intensão, que parece visão, mas é pretensão.
O trigo e o joio, que parece fruto, mas é praga.
A lavoura e a plantação, que parece ceara, mas é religião.
A religião não engana, apenas oferece o engano por opção.

Autor: Adeneir Sousa de Oliveira

A RELIGIÃO CONTRA O ESTADO



Por Túlio Vianna

A religião é a política realizada em nome de Deus. O líder religioso, assim como qualquer líder político, pretende governar o maior número de pessoas possível. Um governo que se faz não por leis, mas por dogmas.

O monoteísmo é autoritário na sua essência. Nunca houve plebiscitos e nem mesmo reuniões com representantes eleitos pelo povo para criar os dogmas de uma religião. Eles são ditados de cima para baixo, por alguém que fala em nome do próprio Deus e, portanto, é incontestável, mesmo pela vontade da maioria.

Como os líderes religiosos não dispõem, nos dias de hoje, de um braço armado para fazer valer suas leis pela força, precisam convencer seus governados a se sujeitarem às suas normas pelo proselitismo. E mais: precisam convencer também aqueles que não se sujeitam àquelas normas, ao menos a respeitá-las.

A fé é a mais autoritária das ideologias políticas já inventadas. Um instrumento político quase perfeito que permite ditar normas unilateralmente, governar sem a necessidade de armas e, ainda por cima, blindar-se de críticas em nome da tolerância religiosa.

Como em toda ideologia, há aqueles que acreditam piamente nela e lutam para vê-la concretizada e há também aqueles que simplesmente a tomam como pretexto para satisfazer seus interesses pessoais. Creiam ou não em sua ideologia e em seus deuses, todos agem politicamente no sentido de agregar cada vez mais um número maior de seguidores e de acumular riquezas para sustentar a expansão de sua ideologia e de seu poder político.

E não há nada de errado, por si só, em tentar expandir uma religião ou uma ideologia, acumulando patrimônio e gente disposta a seguir seu código de condutas. É natural que as pessoas se unam em torno de convicções comuns e a partir daí surjam lideranças políticas. O problema surge quando estas lideranças reconhecidas dentro de um grupo resolvem expandir seu poder político para além do grupo, impondo suas normas de condutas não a quem resolveu por conta própria aderir a elas, mas a quem tem ideologias e deuses completamente diferentes. Neste ponto, não se trata mais de uma questão religiosa, mas de uma questão meramente política. A religião só é religião até ser imposta; depois disso é simplesmente política e pode ser exercida tanto pela força das armas como pelos votos de uma maioria fundamentalista. E o uso do nome de Deus para mascarar o exercício deste poder político é a ferramenta política mais hipócrita que já se inventou, mas tem funcionado muito bem ao longo da história.

O exemplo mais bem sucedido deste exercício de poder político em nome de Deus é o da Igreja Católica Apostólica Romana, que acumulou riquezas e impôs suas normas de condutas para populações espalhadas por todo o mundo em nome de seu Deus, durante vários séculos. A Inquisição e a catequização de índios não foram ações religiosas, mas políticas. E pouco importam as boas ou más intenções daqueles que as realizaram, o fato é que buscavam com elas impor normas de condutas a populações que não a aceitaram por livre e espontânea vontade.

O neopentecostalismo e a bancada teocrática

Na atualidade, o Vaticano perdeu grande parte de seu poder político na Europa e, mesmo no Brasil, onde sempre foi muito forte, tem perdido espaço para o neopentecostalismo que, nos últimos anos, vem acumulando grande poder político e econômico.

Se, por um lado, a ausência da uma liderança unificada dificulta o exercício do poder político por estas novas lideranças, por outro, sua ideologia espiritual favorece bastante a acumulação de riquezas pelos seus pastores. Enquanto a moral católica considera a temperança, a caridade e a humildade como virtudes, o neopentecostalismo está fundado na Teologia da Prosperidade e afirma que os verdadeiros fiéis devem desfrutar de uma excelente situação econômica. Há, é claro, um detalhe: para que Deus conceda ao fiel as benesses materiais, é preciso que este faça um pacto com Ele, oferecendo-Lhe toda sorte de oferendas materiais, dentre as quais se destaca o dízimo. É a chamada Doutrina da Reciprocidade, que viabilizou todas estas rápidas expansões de igrejas neopentecostais nos últimos anos.



Escudados na liberdade religiosa, pastores cobram impostos privados de seus fiéis – o famoso dízimo – e não precisam pagar qualquer imposto ao Estado, pois a Constituição da República garante em seu artigo 150, VI, b, a imunidade tributária a templos de qualquer culto. Verdadeiros impérios econômicos vêm sendo erguidos assim, tal como ocorreu no passado com a Igreja Católica. E, tal como ocorreu no passado também, esse dinheiro vem sendo usado para expandir o poder político dos líderes desta Igreja, seja por meio da aquisição de meios de comunicações (inclusive de redes de televisão), seja pelo financiamento de campanhas para cargos públicos destes líderes que cada vez mais vêm ocupando cargos, especialmente no Parlamento brasileiro.

Como sempre, os novos líderes espirituais afirmam que todos estes investimentos materiais têm como único e exclusivo objetivo a expansão da palavra do Deus deles e de seu código moral, que, como em toda boa religião monoteísta, deve ser universalizado para o “bem de todos”. Ainda que se admita, porém, que não haja interesses pessoais por trás da expansão destes impérios da fé, fato é que o seu principal objetivo declarado é a expansão de seu poder político, açambarcando a cada dia um número maior de fiéis e impondo seu código de condutas a um maior número de pessoas. Mesmo que para isso precise passar por cima do Estado Democrático de Direito que, ao contrário do monoteísmo, não impõe normas unilateralmente e pressupõe o respeito à pluralidade de opiniões.

Do ponto de vista exclusivamente político, o Estado Democrático de Direito é o maior entrave à expansão do império econômico e político das igrejas neopentescostais e de seus bispos. Não é à toa que cada vez mais eles têm buscado conquistar cadeiras do Parlamento. E a bancada teocrática tem se tornado a cada dia uma das principais forças políticas de nosso Congresso, restringindo os direitos fundamentais de quem não acredita em seu Deus em prol da expansão política e econômica de seu império.

A teocracia é incompatível com o Estado Democrático de Direito, dado o autoritarismo inerente ao monoteísmo. Não se realizam votações para saber se é da vontade de Deus receber dízimos ou condenar os homossexuais a passarem a eternidade no inferno. São seres humanos que afirmam isso e que impõem aos outros a palavra de Deus que eles próprios escreveram. E estas são ações políticas e como tais devem ser tratadas.

E é por isso que o Estado Democrático de Direito é, por sua própria natureza, laico. Porque é impossível ser democrático e monoteísta ao mesmo tempo. Assim como é impossível ser candidato a um cargo público e bispo, pastor ou padre ao mesmo tempo. Há um evidente conflito de interesses entre aquele que fala em nome de seu Deus e aquele que pretende falar em nome do povo em meio ao qual nem todos acreditam em seu Deus.

Para minimizar esta incompatibilidade é necessário, ao menos, que se exija que bispos, padres, pastores e outros clérigos se licenciem de suas atividades sacerdotais um ano antes de se candidatarem a cargos públicos. Restrição semelhante já é aplicada pela lei complementar 64/90 a magistrados, diretores de sindicatos e outros cargos públicos, tendo em vista a incompatibilidade de suas funções com uma campanha eleitoral, e poderia perfeitamente ser aplicada também aos sacerdotes de qualquer crença. Projeto de lei neste sentido foi apresentado pela deputada Denise Frossard (PSDB-RJ) na Câmara dos Deputados em 2004 (PLP 216/2004), mas foi arquivado em 2007, pois ainda se encontrava em tramitação no fim da 52ª legislatura e não houve pedido de desarquivamento na legislatura seguinte.

Uma outra iniciativa necessária é limitar a transmissão de programas religiosos em rádios e televisões para no máximo uma hora diária, tal como foi proposto em 1999 (PLS 299/99) pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). A Constituição da República é explícita em seu artigo 221, ao determinar que a programação das emissoras de rádio e televisão terá, por preferência, finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. É inconcebível que, no Estado laico, concessões públicas de rádio e TV sejam usadas, como são nos dias de hoje, em prol do proselitismo religioso que não raras vezes passa boa parte do tempo solicitando doações financeiras a seus fieis. Um autêntico merchandising da fé, patrocinado pelo Estado que, por definição constitucional, é laico.

Lamentavelmente, porém, há pouca vontade e coragem política dos parlamentares brasileiros de desafiar o poder político e econômico do novo e do velho clero. A esquerda tem sido bastante leniente com as violações do Estado laico e as poucas inciativas para amenizar o problema, como se viu, por mais paradoxal que seja, partiram do conservador PSDB.

O Brasil precisa urgentemente de uma bancada secular no Congresso Nacional para fazer frente à bancada teocrática (que prefere ser chamada de evangélica). Os valores democráticos da laicidade precisam ser reafirmados por parlamentares que não temam desafiar o crescente fundamentalismo religioso que a cada dia ganha espaço na política brasileira. Não se trata de um combate a qualquer religião, mas à política realizada em nome de Deus e que pretende impor seus códigos de condutas conservadores a toda uma população.

A luta pela efetivação do Estado laico é a luta pela democracia. Por leis que sejam ditadas não de cima para baixo por uma autoridade que fala em nome de Deus, mas construídas a partir do diálogo plural e com respeito aos direitos fundamentais. E isto, deus monoteísta nenhum poderá conceder, pois seus mandamentos são – por definição – mandamentos.

Monoteísmo e democracia são ideologias políticas antagônicas. É esta a grande cruzada da religião contra o Estado.

Fonte:
http://tuliovianna.wordpress.com/2011/09/13/a-religiao-contra-o-estado/

Via Observador da Cidadania

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Buscando o Cristo Crucificado um Pecador com Verdadeiro Arrependimento


   
       A vós correndo vou, braços sagrados,
     Nessa cruz sacrossanta descobertos,
     Que, para receber-me, estais abertos,
     E, por não castigar-me, estais cravados.

     A vós, divinos olhos, eclipsados
     De tanto sangue e lágrimas cobertos,
     Pois, para perdoar-me, estais despertos,
     E, por não condenar-me, estais fechados.

     A vós, pregados pés, por não deixar-me,
     A vós, sangue vertido, para ungir-me,
     A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.

     A vós, lado patente, quero unir-me,
     A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
     Para ficar unido, atado e firme.

     Gregório de Matos

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cientistas evangélicos: Não somos descendentes de Adão e Eva



Segundo recente pesquisa do Instituto Gallup e do Pew Research Center,quatro em cada dez americanos acreditam que a Humanidade descende de Adão e Eva.

Mas agora um grupo de cientistas evangélicos afirmou publicamente, segundo reportagem da NPR (organização de mídia que coordena 800 emissoras públicas nos EUA), que não se pode mais acreditar na passagem do Gênesis, da Bíblia, que nos faz herdeiros do primeiro casal a ocupar o Éden.

"Isso é contrário a todas as provas no campo dos genomas que alcançamos nos últimos 20 anos. Então não é nada provável", disse o biólogo Dennis Venema, pesquisador sênior da Fundação BioLogos, grupo cristão que tenta conciliar fé e ciência.
O biólogo continua:

"Não houve Adão e Eva, não houve serpente, não houve maçã, não houve pecado que fez o homem perder a inocência".

Você acredita em Adão e Eva?

fonte: o globo

domingo, 16 de outubro de 2011

Sexo não é pecado, pecado é não fazer sexo!




Dizem que a fruta do pecado é a maçã, mas não acredito, pois a maçã é muito sem graça, algumas pessoas para comer a maçã, tiram primeiro a casca, por isso eu acredito ser o caqui, pois é o caqui comido com casca e tudo, até se lambuzar.

Dizem que o sexo é do demônio, mais que demônio mais inteligente e gentil, nos deu um dos maiores prazeres da vida. Deve ser por isso que o voto de castidade foi imposto aos religiosos. Sexo só se for para procriação e sem prazer viu! Senão vai para o inferno, dizem os religiosos.
Só uma pergunta: No inferno vai ter sexo? Pois se tiver eu quero ir para lá! Oh! Que inferno infernal mais gostoso deve ser este!

Dizem também que quem faz sexo antes do casamento, comete fornicação e os fornicadores não entraram no reino dos céus.
Se assim for, eu é que não quero ir, pois um lugar que para você poder entrar tem que primeiro se abster do prazer, deve ser sem graça e um desprazer.

Dizem ainda que Deus abomina o sexo antes do casamento, que está nos vigiando com o seu grande olho, e que ninguém escapa, porque para onde se vai, Deus está lá, pois é onipresente.

Se Deus for assim, deve-ser então um grande "estraga prazeres" mesmo, pois proibir aquilo que Ele mesmo colocou em nós, só pode ser por pura maldade.

Dizem que Deus só permitiu depois de estar casado, mas Ele se esqueceu que muitos só podem se casar, depois de muito tempo, e é no tempo da juventude que se tem os hormônios a flor da pele.
Jovens explodindo por dentro, cheio de desejos libidinosos, como um vulcão que esta prestes a entrar em erupção.
E o pior é que não pode nem se masturbar!

Dizem que Deus tem uma “estratégia” para aliviar esse sofrimento – pois o desejo sexual é tão intenso que chega a causar dor de tanta tensão e, é incontrolável, levando o jovem a pensar nisso a todo o momento – utilizando o sono, ele concede ao jovem fiel, que não se masturbou ou transou, sonhar com lindas e sensuais mulheres, fazendo amor com elas, ai eles acordam todo melado, sentido que foi real com o desejo mais aflorado, e o gostinho de quero mais.

Pergunto: Masturbar-se é pecado? Pois assim afirmam os beatos, porque ninguém se masturba pensando em placa de caminhão, mas na sua vizinha que é muito gostosa. Então quer dizer que se masturbar se valendo da imagem sensual e fantasiosa de uma mulher não pode, mas agora ter sonhos sexuais com essas mesmas imagens de mulheres sensuais pode, e foi Deus quem concedeu, mas proibiu a masturbação?

A não, assim não dá, não pode fazer sexo quando se é jovem, na melhor e mais intensa idade para sexo, só pode fazer depois que se casar, e ainda não poder se masturbar?!

Prefiro não ir para o céu, prefiro não ser religioso, prefiro não servir a Deus dentro desta concepção.
Alias! Que Deus mais sem graça este, o da religião cristã, tanto católica quando evangélica pintam!
Pois para você conhecer uma pessoa, basta saber o que ela pensa sobre Deus e religião, pois Deus é o retrato de cada pessoa.
Eu fico pensando que esse Deus dos cristãos, é um Deus "sadomasoquista", pois cria uma coisa para depois proibí – la.
É um Deus castrador de prazeres.

E os seus seguidores, são muito estranhos, pois vive uma vida de hipocrisia, diante dos outros falam mal, dizem que não pode, mas quando ninguém vê, o jovenzinho se masturba pensando na jovem sua irmã de igreja e companheira de conjunto de jovens.

São tão estranhos, que só prometem a Deus coisas horríveis como se Deus tivesse prazer no nosso desprazer.
Fazem votos de castidades, prometem não se masturbarem, tentando se abster da pornografia, mas no seu interior vivem com lascívia, com os mais fortes e profundos e proibidos desejos. Proibidos para ele, e para o deus da sua imaginação.

Pergunto-me: Por que não fazem promessas de fazerem muito sexo com quem se ama? Se dar prazer, isto deve honrar muito mais a Deus, pois estamos tendo prazer com aquilo que fomos feito para ser.

Pecado de verdade é não se respeitar, e desrespeitar o outro, fazendo sexo com um e outro, numa espécie de bestialização, sem sentimentos e valor pelo outro, vendo como um simples objeto sexual descartável.

Pecado é ferir o outro, usando-o como objeto sexual, sem se importar com os sentimentos do parceiro.
Pecado é se reprimir, mentir para si, odiar a si quando se é o que se é, e, o que não dá para não ser, deixando de ser, pois somos o que fomos feitos para ser, seres sexuais desejantes.

Mas sexo com quem se ama, independente de se estar casado, separado ou solteiro, é uma das grandes expressões da vida.

Sexo é vida, fazendo sexo estamos valorizando e desfrutando da vida que Deus nos deu.

Sexo não é pecado, pecado é não fazer sexo!


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.


Marcio Alves 
Um outro evangelho


In nomine Patris et Filii et Spíritus Sancti















Cinco Conselhos para os Pregadores


Excelente texto de Márcio Alves, que merece ser conhecido por todos que se dizem "pregadores"



Apesar de minha pouca experiência como pregador, (aproximadamente uns 14 anos) gostaria de atrever-me a dar alguns conselhos para quem quer seguir a vocação de pregador.

Conteúdo da mensagem a ser pregada:

1- Toda mensagem mesmo bíblica, tem que ter conexão com a realidade da vida.

Seguindo este critério, não basta estar “escrito”, tem que ter respaldo no chão da existência humana. Mesmo que esteja escrito, é preciso contextualizar. Não podemos fechar os nossos olhos para a realidade da vida. Se não, nossa mensagem não terá relevância no meio onde vivemos.

Exemplo 1: No livro de Isaias, tem uma promessa que diz: “Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.”
Mesmo estando escrito, não podemos afirmar que: Quem servir a Deus, terá sempre do bom é do melhor dessa terra.
Pois isso na prática não funciona.
Uma possível interpretação seria de que, essa promessa se referia a Israel, pois a eles, Deus tinha prometido uma Canaã que manava leite e mel de verdade. Em relação à igreja – portanto, a nós hoje – nossa Canaã, é a pátria celestial.

Exemplo 2: Jesus disse que: “Tudo que pedires no meu nome, eu darei”. Será que Jesus queria que nós levassemos ao "pé da letra"o que está escrito, que tudo que pedirmos em seu nome, nós receberemos? Tudo mesmo?
Vamos de novo recorrer ao grande interprete da bíblia......a vida.
Quantas orações em nome de Jesus, não são feitas, para se ter o melhor carro, casa e em fim, muitos bens materiais, mas quantas pessoas de fato, são, digamos premiadas.
Porque as igrejas seguem a lógica do bingo, muitos participam, mas só poucos é que são premiados.
Além do mais, sabemos que se Deus desse, muitas coisas do que nós pedimos a Ele, o mundo viraria uma bagunça. (Para uma melhor análise do assunto, ler a postagem; “Resposta ao internauta”, onde esclareço esse tema)

Então, uma possível interpretação, para o “tudo que pedirmos” em nome de Jesus, seria colocar-se como representante de Jesus, ou seja, pedir como Jesus pediria, dentro dessa lógica, antes de pedirmos qualquer coisa para Deus, deveríamos pensar se Jesus estivesse no meu lugar, o que ele pediria? Nesse caso, não precisamos imaginar muito, basta ler os evangelhos, e verificar qual era o conteúdo das orações de Jesus.
Em nenhum momento, Jesus realizou milagres para si mesmo. Suas orações não eram voltadas para si, e sim, para o Pai em favor dos outros.
Logo, seguindo o exemplo de Jesus, não pediríamos nada para nós, aliás, deixaríamos de ser o centro das orações, tudo que pedíssemos seria em favor das outras pessoas, e em relação a nós seria, para que fossemos transformados na imagem de Cristo, para que sejamos a resposta de Deus ao mundo. Dentro desse princípio, tudo que pedirmos em nome de Jesus, Ele nos dará. Como posso pedir um carro ou celular para Deus, enquanto tem milhões de pessoas sem ter o que comer?

Então ouso afirmar que: não é a bíblia que interpreta a vida, mas ao contrário, logo para afirmar qualquer tese, não bastaria “estar escrito” em papel, mas em vida, porque até Jesus, é chamado de verbo encarnado.

2- Toda mensagem para ser verdadeira, precisa ser verdade, para qualquer época, lugar e pessoas.

Ao preparar uma mensagem que deverá ser escrita ou pregada, faça a seguinte pergunta: “Ela pode ser dita em qualquer lugar, para qualquer pessoa?" Exemplo: Teologia da prosperidade, pode ser pregada ás pessoas que morrem de fome, sem ter o que comer, lá na África? Se não há lógica em prometer carro, casa e dinheiro para os africanos, também não podemos pregar para os Brasileiros, que tem mais possibilidades (estruturas) e não o "favor" divino. O mesmo princípio se aplica à cura divina. Pode se pregar promessas irresponsáveis de curas em hospitais, como por exemplo, do câncer, de aidéticos ou portadores da síndrome de down? Se não é sensato falar de curas nesse tipo de ambiente, (onde é mais necessário, diga-se passagem) não se deve embasar toda mensagem nessa "possibilidade rara".

3- Abandone toda mensagem que gere fatalismo.

Há uma discussão de cunho teológico, que atravessa milênios.
Começou (se não estou enganado) com Pelágio e Agostinho.
Seria: Soberania de Deus versus livre-arbítrio.
Até que ponto Deus seria Soberano? Aliás, para começar, o que se entende por Soberania de Deus? E, nós somos realmente seres livres? Ou tudo que fazemos, fazemos porque Deus pré-determinou?

Realmente, existem alguns assuntos, que são muito difíceis, principalmente por que há teólogos de peso que defendem as duas vertentes. E a bíblia parece-me que, dar respaldo para os dois lados da moeda. Mesmo assim quero deixar uma pequena contribuição para os pregadores.

Eis a minha frágil e pequena proposta:

Abandone o determinismo teológico.
Pregue a responsábilidade humana.
Pregue como se tudo dependesse do seu ouvinte.
Ajude as pessoas que te ouvem, serem mais maduras, a tomarem decisões, a não esperarem que Deus resolva tudo, irem à luta, a serem responsáveis e crescerem.
Afinal de contas, eu prefiro viver, como se tudo dependesse de mim, e ao chegar ao céu, Deus me dizer, que tudo Ele "micro-gerenciava" e, portanto, nada do que fiz e pensei, fui eu, mas foi Ele.Do que, acreditar que Ele tudo manipula, e correr o risco de cruzar os braços, esperando que Ele faça tudo, e ao chegar ao céu, Deus me dizer, que tudo dependia de mim.
Com toda certeza, eu não vou ficar triste se a primeira opção for verdadeira, mas se a segunda for eu me arrependerei por toda eternidade.Eu sei que há mistérios que nós, só saberemos plena e claramente, no último dia. Agora, entretanto, cabe a nós decidirmos, de que maneira viveremos, e/ou ajudaremos as pessoas a viverem. Lembrem-se: "As suas atitudes, são definidas pelas suas idéias, conforme você pensa você age".

Logo, abandone toda mensagem que gere fatalismo!



4- Abandone toda mensagem pessimista que negue a esperança.

Jogue fora, essa idéia do homem que foi pintada na era medieval, de que o mundo está totalmente perdido, que o homem está totalmente e irremediavelmente perdido, que nós somos perversos. Que não há bondade alguma no ser humano.
Esse pessimismo rouba das pessoas não somente a esperança, mas também a dignidade. Pois até o “pior” ser humano, ainda é capaz de praticar atos bondosos e misericordiosos. Vou um pouco mais além, quando percebo, que há muitas pessoas não convertidas, que fazem muito mais coisas boas do que muitos “evangélicos”.

A lógica é a seguinte: Se o mundo está perdido, e é alvo do castigo vindouro de Deus, porque então lutar por um mundo melhor?
Percebam que esse tipo de mensagem anestesia as pessoas e impedem que elas lutem por um mundo melhor.

5- Pregue os princípios e valores do Reino de Deus.

A bíblia e principalmente as palavras e atos de Jesus, são princípios e valores do Reino de Deus, que nós devemos aplicar em nossas vidas e pregações. Isso sim é a grande inspiração de Deus. O que adianta dizermos que a bíblia é inspirada, se deixarmos ela empoeirada na estante de casa?

Inclusive, permita-me ser mais ousado: Até mesmo – na melhor das hipóteses – a forte ênfase da pregação no céu está, digamos, incompleta. (nem vou falar da tal teologia da prosperidade, porque essa nem considero mais “distorção do evangelho”, para mim, é outra coisa, que não tem nada a ver com o Evangelho, um verdadeiro estelionato – promessas irreais, que não podem ser cumpridas) Os ensinos de Jesus, na sua grande maioria, visavam aqui e agora, são princípios que devemos aplicar agora em nossas vidas. (percebam, que muitas vezes no Evangelho de João, quando Jesus falava a respeito da vida eterna, Ele dizia no verbo presente: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo3v36) Ele não disse terá a vida eterna, mas disse tem a vida eterna)

Não devemos jogar para eternidade, as mudanças que já precisamos fazer em nosso caráter. Precisamos ser aqui, bons pais e mães, filhos e irmãos, amigos e vizinhos, ser sal e luz do mundo no presente século.

Se você fosse pregar na época da escravatura, para um negro que estivesse sofrendo abusos, e dissesse para ele agüentar firme, pois logo estaria no céu, isso roubaria dele o direito de lutar pela vida, o anestesiando.
Concordo com o Pr. Ricardo Gondim quando diz para as pessoas não se preocuparem com o céu, mas antes com a vida aqui, porque – segundo ele – se nós vivermos uma vida digna, com os valores do evangelho, o céu será conseqüência.

Enfim, caro amigo e visitante desse blog, se for pregar, pregue o Evangelho, que são princípios e valores de Reino de Deus.
Mahatma Gandhi, a Grande Alma da Índia, que não era cristão, afirmou que se todos os livros sagrados da humanidade se perdessem, mas não O Sermão da Montanha, nada se teria perdido. Quando nos unirmos – disse ele – com base nos ensinamentos de Cristo no Sermão da Montanha, teremos solucionado os problemas, não só de nossos países, mas do mundo inteiro. Os ensinamentos de Jesus sobre o amor, se aplicados, podem sanar os males da humanidade.

Pois façamos dessa utopia, o nosso grande alvo de pregação e vida.


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.


Marcio Alves

sábado, 15 de outubro de 2011

VICTOR ORELLANA "Sou pastor e sou gay" (entrevista a revista época)


VICTOR ORELLANA "Sou pastor e sou gay" (entrevista a revista época)

Victor Orellana
Teólogo diz que há assédio nas igrejas e que parte do preconceito contra homossexuais se deve a traduções erradas da Bíblia


A Igreja Metodista está entre as mais tradicionais denominações protestantes. A Assembléia de Deus é famosa como uma das mais rígidas - muitos pastores ainda recomendam aos fiéis que não assistam à televisão e às mulheres que não usem calças para não ressaltar os quadris. O chileno Victor Ricardo Soto Orellana, de 31 anos, foi criado numa família metodista em São Paulo e ordenado pastor na Assembléia de Deus. Formado em teologia e pós-graduado em ciência e religião, já deu aula em três seminários. O que o diferencia da grande maioria dos religiosos é que ele é gay, e admite isso publicamente. Ainda, contesta as interpretações mais difundidas sobre o texto bíblico, que, em tese, condenam o homossexualismo. Polêmico, ele afastou-se recentemente da Assembléia para fundar sua própria igreja evangélica, a Acalanto. Depois de um culto, Orellana concedeu a ÉPOCA a seguinte entrevista.
PERFIL
Otavio Dias/ÉPOCA
Descrição: http://epoca.globo.com/imgnew/botao.gif Dados pessoaisNascido no Chile, tem 31 anos e vive em São Paulo há 27. Assumiu a homossexualidade há sete anos
Descrição: http://epoca.globo.com/imgnew/botao.gif TrajetóriaFormado em teologia no Instituto Betel, com pós-graduação em ciência e religião. Ordenado na Assembléia de Deus, saiu para fundar a própria igreja, a Acalanto

ÉPOCA - Por que falar publicamente sobre sua homossexualidade na condição de pastor evangélico?
Pastor Victor Orellana - Porque é um assunto velado dentro das igrejas e, por causa disso, ignorância e preconceitos são perpetuados. É necessário que o assunto seja debatido em toda a sociedade. O homossexual não é alguém que mora longe ou está do outro lado da rua. Ele pode ser um amigo nosso, um irmão ou um filho. Quanto mais conhecimento existir sobre o tema, menos sofrimento haverá para todas as partes envolvidas.
ÉPOCA - A homossexualidade e a Bíblia não são incompatíveis?
Orellana - De maneira alguma. Os homossexuais têm dificuldade de se ver aceitos por Deus porque as pessoas dentro das igrejas são preconceituosas. Mesmo os homossexuais religiosos têm preconceito. Muitos jovens entram em conflito porque pensam em exercer a espiritualidade cristã e as igrejas os impedem. São espezinhados, excluídos ou humilhados. Penso que a igreja não pode ser parcial nisso. Não pode escolher alguns e deixar outros de fora de seu rebanho. Ela é a representante de Deus na Terra e deve acolher a todos. Cristo jamais lançou fora ninguém, ele tem amor incondicional. Eu pessoalmente já passei por preconceitos quando fui ordenado pastor. Disseram-me que eu estava errado, em pecado.
ÉPOCA - Chegou a acreditar nisso?
Orellana - Nasci numa família evangélica. À medida que ia crescendo, maior era meu encontro com a fé. Entrei na Assembléia de Deus e no seminário para seguir o que senti ser um chamado de Cristo. Ao mesmo tempo, fui tomando consciência de minha homossexualidade. Desde criança tinha sentimentos por homens, mas os reprimia. Isso mudou quando estava na Assembléia e um dirigente de minha congregação, um homem mais velho, me assediou. Pensei: 'Porque eu me culpo a ponto de me anular, enquanto dentro da igreja há esse tipo de hipocrisia?' Decidi aceitar minha orientação homossexual.
ÉPOCA - Contou à família?
Orellana - Minha família sabe há sete anos. O rosto fechado veio da minha mãe. Toda mãe espera muito dos filhos. E se você se nega a cumprir as metas que ela planejou é como se destruísse seus sonhos. Mas sou existencialista, creio que cada um tem a própria vida para viver. Meus irmãos me compreenderam melhor.

''Pecado é ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal e optar pelo mal. Ninguém escolhe ser homossexual. A orientação sexual é algo inerente ao indivíduo e a sua personalidade'
''A libertinagem e a promiscuidade são pecados porque agridem a dignidade da pessoa. Cristo nos dá o direito de nos guiar por nossas consciências e pelo amor. Pecado é não amar''

ÉPOCA - Como foi descobrir-se homossexual na Assembléia de Deus, uma das igrejas mais rígidas?
Orellana - Foi muito difícil. Eles acham que todas as pessoas nascem com uma orientação heterossexual dada por Deus mas alguns se pervertem. Acreditam que o ser humano não é, em sua essência, homossexual, mas se homossexualiza. Isso é ignorar a posição da ciência, que descreve a orientação sexual como algo inerente ao indivíduo e a sua personalidade. Muitos homossexuais crescem nesse ambiente religioso e crêem que fazem algo de errado. Acham que são perniciosos e buscam as igrejas para 'se libertar', anulando suas expectativas pessoais e condicionando-se ao modelo heterossexual. Os ex-gays, ou libertos, como eles se denominam, se condicionam. Mas, com toda a fé que têm, não conseguem sentir desejo por alguém do sexo oposto. Vivem como párias, excluem o desejo de sua vida.



ÉPOCA - O senhor testemunhou algum processo dessa suposta cura?
Orellana - Enquanto estava na Assembléia de Deus, vi testemunhos nos quais as pessoas diziam que Jesus as havia curado. Nos cultos, há muitos aplausos, 'glória a Deus' e 'aleluia'. Essas pessoas aderem sinceramente à fé. E, como a igreja lhes pede que renunciem ao pecado, elas acham que Deus quer isso mesmo. Assim, vão contra a própria natureza e buscam relacionamento com alguém do sexo oposto. Conheci fiéis que se casaram e descasaram bem cedo porque viram que a situação não é fácil de administrar. Mas os grupos que falavam em 'cura' dos homossexuais estão diminuindo, graças ao maior esclarecimento, que levou a mudanças no código social. As igrejas estão mudando o tom agressivo contra os gays. Agora há grupos que se denominam de auto-ajuda, não de libertação ou cura. A sexualidade é coisa inerente a cada um. Lutar contra isso é como lutar contra a cor dos olhos.

''A Bíblia fala que a igreja cristã não pode fazer discriminação de pessoas. Jesus instituiu uma nova visão de mundo, na qual não existiriam mais divisões por raças, homens livres e escravos''
Reprodução
RESSURREIÇÃO
Jesus e Madalena, de Tiziano Vecelli, século XVI
''Não podemos voltar a situações de vida obsoletas. Antigamente as minorias não tinham direitos, mas hoje há democracia, direitos humanos e conhecimento científico que deve servir à teologia''
ÉPOCA - A Igreja Católica perdoa os homossexuais, mas sugere que eles vivam em celibato. Como o senhor vê essa posição?
Orellana - A Igreja Católica ao menos reconhece a existência de homossexuais. Os evangélicos ainda crêem que as pessoas nascem heterossexuais mas se tornam homossexuais. Na verdade, ninguém escolhe a orientação sexual que tem.
ÉPOCA - O senhor tem um namorado, um parceiro?
Orellana - Já tive parceiros e um relacionamento estável. Mas, no momento, estou sozinho.
ÉPOCA - Freqüenta guetos homossexuais? Bares, boates, saunas?
Orellana - Vou a bares de vez em quando. Mas não freqüento saunas nem boates, ambientes em que se praticam a promiscuidade e o chamado sexo predatório. Vou a lugares nos quais encontro os amigos. Parte importante da vida é encontrar pessoas que pensam como a gente, que passam pelos mesmos problemas. Quero um cotidiano normal. Não quero viver em guetos, mas em lugares nos quais possa demonstrar afeto sem sofrer preconceito ou ser expulso.
ÉPOCA - O senhor acaba de fundar a própria igreja. Pretende celebrar casamentos de homossexuais?
Orellana - Sim. Antes de fundar a Acalanto, já casei dois amigos que me pediram a bênção. Acho positiva a parceria civil registrada porque ela reconhece uma relação verdadeira. E está na Constituição que o Estado não pode discriminar ninguém. Como o governo só confere direitos previdenciários a casais heterossexuais? Onde está a lógica disso?
ÉPOCA - A Bíblia tem passagens que condenam explicitamente o homossexualismo. Por exemplo: 'Não te deitarás com varão como se fosse mulher; é abominação' (Levítico, 18:22).
Orellana - O termo toevah, traduzido por 'abominação', indica na verdade uma impureza ritual, não algo intrinsecamente mau. Essa proibição está no mesmo nível do veto a comer camarão, ostra e carne de porco. A Lei de Moisés está repleta de conceitos arcaicos. Ela admite a poligamia, manda apedrejar até a morte homem e mulher adúlteros e ordena que o homem, mesmo se for casado, case com a mulher de seu falecido irmão quando ela ficar viúva. Ainda proíbe o uso de roupas com dois tipos de tecido e até mesmo misturar carne com leite - ou seja, bife à parmegiana era pecado. Essa lei contém uma irracionalidade que só poderia ser entendida no contexto em que foi escrita, séculos antes de Cristo. Ela visava exclusivamente ao povo judeu daquele tempo. Israel foi criada para ser uma nação com um código moral diferente do das outras nações, uma nação sacerdotal.
ÉPOCA - Mas, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo diz que 'os injustos não herdarão o reino de Deus', incluindo na lista 'os efeminados e os sodomitas'. Critica também os homens que abandonam a mulher e se engajam em concupiscência com outros homens.
Orellana - Há um disparate da tradução, que se aproveitou de uma falsa equivalência entre os termos atuais e os que eram usados naquele tempo. Paulo criticava os romanos por sua libertinagem e chamava-os de 'doces' e 'macios', apenas. A palavra homossexual foi cunhada no fim do século XIX, e não tem nada a ver com o que se pensava no século I a respeito das relações entre homens. Paulo pensava em homens originalmente afeiçoados às mulheres, mas que se engajavam no pansexualismo romano, praticando a libertinagem em todas as suas formas. Paulo não tinha em mente o homossexual como se conhece atualmente, alguém que tem uma vida afetiva com uma pessoa do mesmo sexo. Portanto, não é correto transpor para os dias de hoje aquela advertência.

JOÃO LUIZ VIEIRA

Victor R. S. Orellana, é professor, teólogo, bacharel em teologia pelo Instituto Betel e com pós-graduação “Latu-Sensu” pelo CLAP - São Paulo-SP, fundador da Igreja Acalanto e conferencista nacional sobre o tema “Homossexualidade e Religião”


Fonte: http://omundodaanja.blogspot.com/
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...