sábado, 31 de março de 2012

Protesto acontece em frente à sede do Clube Militar - NOTA DE DESAGRAVO DO SITE SGT ANDERSON


Um protesto contra a comemoração do aniversário do golpe que instaurou o regime militar no Brasil em 1964 terminou em confusão na tarde desta quinta-feira (29) em frente à sede do Clube Militar, na avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro.

Os participantes reclamaram de uma palestra realizada hoje no Clube para lembrar o golpe, que ocorreu no dia 31 de março de 1964.

Os manifestantes tentaram fechar a Rio Branco e foram contidos pela PM que precisou usar gás de pimenta e bombas de efeito moral para conter os participantes do movimento.

A situação voltou a ficar tensa quando militares da reserva que participaram do evento no Clube deixavam o local. Eles chegaram a ser cercados pelos manifestantes que, aos gritos, os chamaram de "covardes" e "assassinos".

Os militares tiveram que contar com a ajuda de PMs para irem embora. Os policiais fizeram um corredor para que eles caminhassem do prédio até a entrada do metrô, na estação Cinelândia. Durante o tumulto, uma pessoa foi detida.

Os manifestantes trouxeram fotos de pessoas que teriam desaparecido durante o regime militar e pediram a reabertura dos arquivos da ditadura.

Com informações da Agência Estado



NOTA DE DESAGRAVO DO SITE SGT ANDERSON & BLOG POEMAS E REFLEXÕES:

Mas uma vez podemos assistir ao show de uma bando de mal informados e que apenas servem de massa de manobra, gado que ouvem apenas  o toque de um berrante, berrante este que muitas vezes  tangido não só pelo governo (devemos lembrar que hoje quem está no governo eram os baderneiros de antes, somos comandados por baderneiros), mas até por "ongs"(???) de fora com interesses exclusivos na riqueza de nosso país.

Inda a poucos dias pudemos observar pasmos manifestações onde picharam casas de pessoas supostamente acusadas de ser torturadores. Aos tais "caras pintadas" apenas digo que procurem de fato conhecer a história do país e se anseiam por justiça, vamos começar a acusar a todos os envolvidos, começando por Brasília, hoje somos comandados por assassinos e terroristas do passados e não vejo ninguém lutar pelo direito de soldados que foram friamente e cruelmente assassinados.

Ainda são atribuídas aos militares mortes que os "baderneiros" mesmo promoveram entre si, matando aos que julgavam ser "traidores". Isto é uma VERGONHA para nosso país, que mais uma vez demonstra não conhecer a própria história, servindo de massa de manobra a pessoas que sabemos muito bem qual é o interesse: "SOLUS UMBIGUS" [sic]

Caras pintadas (que a meu ver apenas se pintam pra demonstrar de fato o que são: PALHAÇOS), procurem conhecer o outro lado da história. É certo que erros aconteceram de ambos os lados. mas o que ou quem está sendo julgado é apenas um lado, e este lado é exatamente o que deveria ser honrado e não apedrejado.

Busquem a verdade acima de tudo e, não continuem envergonhando nosso país, servindo como massa de manobra, gado tangido, bois de piranha.



Brasil acima de tudo! MONTANHA!!!

Sgt Anderson



Ps.: Não costumo trazer para o blog este tema, mas me incomodou profundamente ver o que vi, de forma que tb decidi publicar no blog, alem de publicar no meu site Sargento Anderson

quarta-feira, 28 de março de 2012

O Gezuiz dos Evangélicos e o Jesus dos Evangelhos





“populesco evangeliquês”, tem uma facilidade imensa de estereotipar num pacote pronto e fechado, suas concepções idealizadas acerca da identidade e personalidade de Jesus de Nazaré.

É por esta razão, que existem “zilhões” de expressões comunitárias de cultos e serviço ao “divino”, com configurações que são tão antagônicas entre si, quanto o “ocidente dista do oriente”.

Toda essa parafernália hibrida do imaginário religioso, torna-se um grande empecilho para muitos daqueles que ainda não se familiarizaram com a mensagem da cruz manifestada na pessoa do Filho de Deus.

Essa imagem idealizada do Nazareno, impede que as pessoas agasalhem com naturalidade e bom grado a proposta das boas novas no coração, por conta dos excessos de zelo, legalismo e radicalidade fundamentalista.

A falsa idéia de “preservação da identidade e da tradição”, tem sua fundamentação numa espiritualidade que é divorciada de humanidade e que é gerada na mentalidade rígida dos “guardiões da ortodoxia”, que conceberam um Cristo alienado a inerente fragilidade, falibilidade e sensibilidade do ser humano, embora no seu discurso propalem o contrário.

Essa elaboração cristianizada pré-condicionada, produz discípulos da esquizofrenia, divulgando uma imagem intragável do evangelho, instalando assim sentimentos de aversão na percepção daqueles que estão “de fora dos portões”.

Sei que não é seguro generalizar, mas o que escrevo é uma constatação pessoal da maior parte do contexto religioso onde estou inserido e, por isso, é que me restrinjo a comentar exclusivamente sobre esse movimento em particular.

Quando fazemos uma leitura dos Evangelhos com as lentes da “descomplexidade”, desenvolvendo o exercício simples de imaginar como Jesus se movia na vida e no caminho daqueles que estavam em contato com Ele, obrigatoriamente chega-se à conclusão de que: O Gezuiz dos Evangélicos é um, e o Jesus dos Evangelhos é outro.

O Gezuiz dos Evangélicosé um ser alienado e anti-social que prima pela vida monástica do deserto da consagração pessoal, segregado do convívio com gente, para se apresentar nas ambiências religiosas com ares de “Super- Mashiach”, não tendo assim de se contaminar com o mundo perdendo o status de “espiritual”. Ele só tem permissão de trafegar na santidade das catedrais, nas liturgias mórbidas dos templos “consagrados ao Senhor”, nas convenções denominacionais, nos retiros espirituais, nas escolas bíblicas dominicais. Ele presenteia com passaporte para o tormento eterno, aqueles que não se enquadram nos seus “elevados padrões morais”. Esse Gezuis que é uma caricatura da jactância do “clube dos iluminados e diferenciados”, rotula como filho das trevas todos aqueles que não pertencem a “confraria congênita protestante”.Ele não tolera ser contrariado, e exige uma estética impecável com relação a “indumentária e aparência pessoal dos santos”. Esse Gezuis, concede poderes especiais e faz conluios de hierarquia com o clero, para cercear a liberdade dos leigos que precisam de um treinamento especial para serem porta-vozes dos oráculos divinos.

O Jesus dos Evangelhos, é o Deus que se envolve e se move na alegria em que experimenta sua criatura se fazendo festivo, celebrando e “curtindo” a vida. É o Deus que gosta de “dança” e“churrascada” pra comemorar a conversão “dos Mateus”, que salva uma festa de casamento, pois afinal de contas ele também gosta de diversão e de um bom vinho, que aceita prontamente o convite para uma reunião de descontração e bate-papo na casa do amigo Lázaro, que se mistura com o povão, pois eles são a Sua motivação. Ele faz a inclusão dos excluídos, e proporciona cura e perdão para os inadequados pela religião. Ele não faz da fraqueza alheia um bichinho de estimação, que é alimentado sarcasticamente todas as vezes que se quebra os “votos de castidade institucional”. A todos Ele dá liberalmente e uni-lateralmente da Sua Graça, não admitindo moeda de troca ou pagamento de indulgência com exercícios espirituais, padronizações morais e compensações monetárias. Na sua perspectiva, está fora de cogitação toda manipulação mistificada da fé para atrair sua atenção, nem “salzinho”, nem “rosinha”, nem “óleozinho”, tem o poder de impressioná-lo ao nosso favor, somente Sua disposição em nos encontrar é que O satisfaz plenamente. O Jesus dos Evangelhos não é seletivo, Ele é abrangente na Sua misericórdia e proposta de eternidade, e foi por isso que se manifestou ao mundo: para desfazer as obras do diabo e dos crentes também!

Para comentar, visite e prestigie o blog do autor.

domingo, 25 de março de 2012

A casaca marrom (By Gondim)


 


Ricardo Gondim


A casaca marrom do monge Bertoldo, morto há dois anos, seria vendida em leilão. Considerado um santo homem alguém arremataria sua veste como relíquia.


Mas Margô não a desejava como um talismã. Ela tinha outros planos para a roupa monástica. Passou o dia procurando e juntando o dinheiro que imaginava necessário para trazer a famosa casaca para casa. Daria de presente ao marido na esperança não de o agasalho bento atrair alguma virtude, mas servir de inspiração.  Enquanto caminhava na direção do edifício onde seria o leilão, Margô imaginava Joabe se abotoando. Aquecido, ele guardaria, no inverno, as virtudes que lhe faltaram no verão.


O arremate não foi complicado. Ninguém havia juntado tanto dinheiro. Antes do martelo bater a terceira vez, a única herança do monge passou para as mãos de Margô.


Ao chegar em casa, Margô esparramou a blusa sobre uma mesa. Alisou as mangas com o cuidado dos padres quando esticaram o Sudário na lâmina de vidro que o preserva até hoje. No bolso do lado direito, achou uma folha de papel dobrada três vezes. Os vincos estavam apertados em cada dobra. Atônita, Margô leu a única escrita que Bertoldo deixou:


Sinto falta de algo que todos os compêndios ainda não conseguiram decifrar. Tenho sede de uma água que nem sei bem se existe ou como sacia minha alma. Meus sonhos, agora com idade, sei: eles nunca se cumprirão. Quero um país que só visitei em viagens para dentro do meu coração – um país tão próximo e, ao mesmo tempo, tão impossível. Escrevo. Medito. Tranco-me. Enfurnado em minha própria cela, oro. Minhas preces não passam na maioria das vezes de silêncios dirigidos aos confins do universo. Medito. As minhas meditações esfumaçam a linha que separa o meu presente do porvir. O que fazer? Sei, não há resposta. Resta-me o doloroso e fascinante dever de continuar. Amedrontado e poucas vezes afoito, sigo.

 Margô escureceu a blusa marrom com suas lágrimas. Ela não chorava por Bertoldo. Chorava por si mesma. As palavras que acabara de ler eram na verdade o clamor de seu próprio coração


Soli Deo Gloria 
 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Névoa: três poemas em um (by Sostenes Lima)


Via Mundo Da Anja

 

Névoa: gotículas ou versos diminutos

A chuva também faz poesia serena.
Ela dispersa versos diminutos no ar,
Fazendo deslizar sobre a terra
Uma névoa que lhe acaricia as envergaduras convexas.

Névoa serena

O que sinto?
Uma brisa de névoa me atravessa agora.
Ela se valeu de uma pequena fresta na janela
Para entrar casa adentro e se dispersar suavemente,
Espalhando no ar um cicio terno e molhado.

A bruma não é renitente
Ela se deixa desmanchar com serenidade.
Ao tocar minha pele, 
Que bravamente tenta se manter cálida,
Esse vento frio e molhado candidamente se aquieta.


Uma noite de névoa
Uma luz dourada corta a névoa
A noite está vazada.
A escuridão recua,
Diante de uma neblina diáfana e uma luz imponderável.
Elas trazem à noite uma beleza igual à da lua e das estrelas
Que hoje podem e merecem descansar.

Uma noite sem estrelas e sem luar.
Que beleza há?
A neblina se casa com a luz
Eis a poética de uma noite de névoa dispersa pelo ar.

Sostenes Lima(link site do autor)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Entre a alvorada e o crepúsculo (Gondim)


 


Via Mundo Da Anja



Ricardo Gondim

Acordo. Abro a janela.  O sol invade o quarto sem pedir licença. A vida se adensa em torrente luminosa. Não percebo nada de extraordinário. Apenas a alegria de notar o dia escancarado. A alegria de viver é excepcional. Não existe mal capaz de sufocar o bem que surge assim, em absoluta gratuidade.

As vinte e quatro horas seguintes serão curtas.  A efêmera felicidade se mostrará mais forte que o poder do medo. – “Basta a cada dia seu próprio mal”. Com a alvorada renovou-se o mistério de me sentir renascido das cinzas.

Celebro a vida. Faço festa. Penduro bandeirolas nos salões de minha alma. Enfeito o rosto. Perfumo os braços. Acendo uma vela. Tiro a prataria da gaveta. Limpo as taças. Distribuo convites para uma roda de conversa. Promovo saraus para brincar com rimas.

Faço-me poeta, de tão contente. Se o lamento se intrometer, abraço o amigo. Permito que o velho que existe em mim fale seus aforismos. Respondo ao “por quê?” infantil de meu coração.

Não me condeno a esperar o próximo feriado. Grito ao vento um imperativo: todos os dias merecem atenção indivisível.

Diante do imponderável, quero mostrar-me destemido. Repito: o imprevisível não ameaçará. Não vou parar a minha dança porque alguém alertou sobre o perigo inevitável. Disponho-me a enfrentar qualquer despenhadeiro. Tento fugir das pretensões narcísicas. Todo novo começo é na verdade a continuação de muitas existências e histórias que me antecederam. Antes de mim, a vida já pulsava. Nunca saberei como terminará a corrida que me foi proposta. Sei com certeza que alguém me sucederá.

Convivo com o inferno e o céu que o outro representa. No próximo, encontro tormento e esperança. Seus olhos, frestas magníficas, revelam os monstros e os deuses que habitam as profundidades da alma. Eles são ao mesmo tempo espelhos do amor eterno e da barbárie terrena. Eu também sou o próximo de alguém:  santo e, simultaneamente, depravado. Vivem em mim personagens esplêndidos e sórdidos. Sou ator. Sei o dever de representar diversos papeis. Com maestria consigo transformar-me em herói e vilão. Muitas vezes erro na hora de trocar as máscaras. Conheço o segredo de Pandora e fui batizado no Espírito Santo. Adoro a Deus e simpatizo com a esperteza da serpente.

Nessa ambiguidade, desejo perceber beleza. Não quero ser indiferente à simplicidade das crianças que se beijam roçando o nariz duas vezes, ao altruísmo de quem ousa abrigar a prostituta enferma, ao empenho do enfermeiro que faz serão ao lado do moribundo, à resiliência da mulher que lava o marido que padece de Alzheimer, à doçura da filha que empurra a cadeira de rodas da mãe pelo parque.

Hoje o sol nasceu como um convite à meditação. Em algumas horas, no momento breve em que a noite engolir a luz, devo voltar a pensar na vida, em Deus, em mim. Farei um voto na viração do dia: – Deus, prometo, recitar poesia com a delicadeza que as palavras merecem; ouvir música de olhos fechados, do jeito que oro; e jantar com reverência, como se fosse a minha Última Ceia.

Soli Deo Gloria

segunda-feira, 19 de março de 2012

Uma parábola e o fim do debate arminianismo x calvinismo


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By Roger


A maioria das pessoas sensatas que conheço conseguem conviver bem com as duas realidades: livre arbítrio xpresciência divina, sem o versus no meio.
Já, as poucas pessoas sensatas que conheço conseguem perceber que ambos os termos são exageros etimológicos. Primeiro, porque toda destinação só pode ser “pré”: Não há como darmos um destino para algo a não ser de antemão. Segundo, porque todo arbítrio é livre: Se não for livre não é arbítrio, não é escolha, é imposição.
Se reduzirmos esse antigo embate teológico aos termos “destinação” e “escolha”, veremos que no fundo ele se resume a uma só palavra: “vontade”. Vontade tem, no seu sentido ativo, tudo a ver com futuro.

Daí a conseqüência lógica de, uma vez havendo o exercício da vontade e havendo conseqüências futuras, averiguarmos as "responsabilidades", pelo lado humano ou divino (que como todos sabem deveria ser onisciente).

Eis a relevância do post de Clóvis Onisciência e responsabilidade extraído de um tal de Carl Henry.
Antes de estragar esse lindo debate com minha estranha posição ou estranhas citações me reportarei àquilo que Jesus disse sobre o assunto enquanto andou por essas bandas em carne e osso. O problema é que Ele põe fim à discussão. Tudo começou quando alguém lhe perguntou quem era o seu próximo e ele contou uma historinha que ficou conhecida como parábola do bom samaritano, antes disso ele já havia dito no versículo 21:

"Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado."
A historia foi mais ou menos assim:

"Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.

Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote 
(que era arminiano). Quando viu o homem, passou pelo outro lado. (pois pensou, se ele está assim foi fruto de sua própria escolha – deveria ter-se previnido ou escolhido um caminho mais seguro - ou da escolha de alguns bandidos, em última análise, é um problema social que vivemos é culpa dessa tirania de Roma e eu não tenho nada a ver com isso, não é "minha" responsabilidade.) 

E assim também um levita (que era calvinista); quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. (pois pensou, se ele está assim foi fruto do plano de Deus – deve estar sendo punido - ou Deus usará essa situação para punir os assaltantes, quem sabe até tudo não resultará no bem desse pobre coitado, afinal só podemos enxergar esse lado feio do tapete e eu como eleito prefiro permanecer do lado bonitinho). 

Mas um samaritano (que não sacava nada de teologia); estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.

No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: 'Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver'. 
(pois pensou, porque ele está assim eu não sei… mas poso fazer disso um plano de Deus para mim, e da minha escolha o plano de Deus pra ele).
Jesus sempre que não dá ponto sem nó e nunca deixou o tapete ao avesso. Pergunta e responde:
"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?"

"Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo".
A Parábola do bom samaritano põe fim ao debate, arminianismo x calvinismo. No fundo podemos trocar a bel prazer as correntes, católico x protestantes, católicos x ortodoxos, pentecostais x tradicionais e assim por diante. E assim, ele põe fim a todo debate teológico.
Resta-nos então lembrarmos o propósito maior daquela parábola que é mostrar-nos quem é o nosso próximo. Está claro: Aquele que tem misericórdia de nós (que ironicamente não é um arminiano e nem um calvinista).
 

quinta-feira, 15 de março de 2012

(In)descrevendo-te (a minha esposa Rozana)




(In)descrevendo-te

Hoje é teu dia, sua primavera chegou! Homenageá-la com palavras, poemas, seria uma tentativa inútil de tentar demonstrar sua beleza. Beleza esta não externa, mas interna; a que vem do coração. Admirada és pela tua singular beleza de anja, beleza externa, digo. Mas a interna poucos conhecem. Muitos a amam, outros lhe odeiam pelos mesmos motivos… não suportam ver tua liberdade, e ao ver em você tudo o que queriam ser e ter lhe agridem sem ao menos dar-lhe chance de defesa! Mas outros lhe admiram e amam; e estes, tenho certeza, são muitos mais!

Hoje não tenho palavras… falta-me a escrita! E hoje também não quero tê-las… apenas quero falar-te o quão és importante pra mim e nossos filhos. Quão valiosa és pra nós! Diante de tudo que és, apenas em pensar descrever-te já me encabula. Portanto hoje eu não quero palavras, não as tenho, não cabem… não existem.

Quero apenas dizer e demonstrar o quanto te amo…
Você é para mim e nossos filhos a bussola, o norte…
És mãe, esposa, amante, anja e mulher
A mulher!

Anderson Luiz de Souza 

INTOLERANCIA - O julgamento do pastor Estêvão


 


O julgamento do pastor Estêvão


Era um domingo muito tenso na reunião da Igreja. Ao invés de estarem todos se confraternizando e louvando a Deus, os membros da congregação compareceram ali para acompanhar passivamente o conselho eclesiástico decidir pela expulsão do pastor Estêvão.

O pastor Estêvão era um homem muito popular e querido pelos evangélicos, católicos e até por pessoas da cidade que não seguiam a nenhuma religião. Promovia diversas atividades sociais, bem como organizava protestos contra os políticos corruptos, o que incomodava bastante os interesses dos poderosos e dos líderes eclesiásticos locais. Contudo, nada podia ser dito contra a sua reta conduta. Ele apenas era visto com desconfiança por sua posição teológica liberal pelos que tinham mais apego doutrinário à ortodoxia. Só que, desta vez, o ousado pastor tinha deixado perplexos os crentes conservadores daquele lugar. Na semana anterior à reunião, Estêvão fora denunciado ao bispo presidente do conselho por ter celebrado uma união homo-afetiva entre duas lésbicas.

Para que o estatuto da igreja fosse cumprido, uma assembleia geral precisou ser convocada e o pastor Estêvão teria que ser ouvido. E foi o que prontamente fizeram os principais conselheiros porque aquela era a grande chance que tinham para afastar da liderança o irmão herege e perturbador do sistema econômico e social.

Levantando-se no meio de todos, após ter cumprimentado os irmãos com a "paz do Senhor" e explicado porque estavam todos reunidos ali, o bispo Ananias passou a inquirir o réu:

- “É verdade isto que andam falando a seu respeito? Tem quinze minutos para se defender”

A esta pergunta respondeu o pastor Estêvão, deixando sua cadeira e tomando o microfone:

- “Meus queridos irmãos e irmãs. Por favor, sejam capazes de me ouvir. Como ensino aos meus alunos do seminário, o glorioso Deus inspirou os autores da Bíblia afim de orientarem o povo de Israel na sua caminhada histórica. Porém, todos eles foram homens de carne e osso, iguais a mim e a vocês, cujos corações sentiram-se motivados para escrever coisas que, conforme seus valores, consideravam serem as corretas. E deste modo, de acordo com a necessidade do povo, ensinaram preceitos direcionados à realidade social da época, fazendo tudo com sensibilidade, mas sempre dentro de seus valores culturais e pessoais. Ao terem testemunhado diante da nação israelita, seus discursos foram atualizados em conformidade com o novo contexto histórico da época dos escribas redatores dos textos bíblicos nas gerações seguintes. E foi desta maneira que surgiram os escritos das partes da Bíblia que a cristandade chama de Antigo Testamento e o mesmo se aplica ao Novo Testamento.”

Até aí muitos ouviam aquelas palavras com alguma admiração. Outros, porém mais versados na doutrina religiosa, levantavam desconfiança em seus corações. Só que a grande maioria mal conseguia acompanhar o que estava sendo discursado. Mas assim mesmo o pastor Estêvão prosseguiu:

- “Um dia, veio ao mundo um homem chamado Jesus da descendência do rei Davi e do patriarca Abraão, como muitos outros judeus na sua época. Ele começou sua atividade ministerial andando entre os pobres e pregava sobre o Reino de Deus e a prática do amor. Em volta dele, juntaram-se pessoas de todos os tipos: ladrões, prostitutas, coletores de impostos, leprosos e toda a ralé do Galil. E creio que até muitos homossexuais deveriam segui-lo também, apesar deste detalhe não ter ficado registrado nos evangelhos oficiais e nem nos apócrifos. Porém, o que importava era que Jesus não condenava a ninguém pelo seu modo de ser ou falhas de caráter. Ele aceitava o outro incondicionalmente! Certa vez absolveu uma mulher adúltera que iria ser apedrejada dizendo aos seus acusadores que atirasse a primeira pedra quem nunca pecou. Em outro episódio, quando seus discípulos foram acusados por alguns religiosos de profanarem o sábado, Jesus lembrou aqueles fariseus provincianos do que Davi fizera na vez em que seu bando precisava urgentemente de comida, pelo que fora ao sacerdote Abiatar pedir que fossem dados os pães exclusivos do santuário para a satisfação de uma necessidade vital. E isto Jesus disse-lhes para mostrar que o direito à vida está acima de qualquer lei porque antes de tudo é preciso cuidar da sobrevivência e do bem estar do seu próximo.”

Neste momento, em que membros do conselho eclesiástico estavam prontos para contra-argumentarem e pedirem uma parte na palavra, o pastor Estêvão, ao perceber que novamente iria encarar uma discussão teológica inútil, resolveu propositalmente radicalizar o seu discurso:

- “Agora ouçam, ó homens egolátricos, insensíveis para ouvir e meditar nas coisas espirituais, vocês sempre resistem ao vento evolutivo da história. Assim como aqueles fariseus medíocres e invejosos do interior da Galileia teriam perseguido a Jesus, vocês fazem a mesma coisa. Pois como vou negar a um homossexual nascido nesta condição o direito de ter um relacionamento afetivo com alguém com quem possa se relacionar intimamente? Que poder tem uma meia dúzia de versículos de uma Bíblia escrita por homens para impedir duas pessoas do mesmo sexo de serem felizes da única maneira que elas conseguem ser? Mas se os evangelhos contam que os religiosos da época de Jesus teriam tramado suas ciladas contra ele, vocês que se consideram detentores das tradições cristãs e pensam serem donos de Deus estão praticando o mesmo pecado. Vocês cujos ancestrais espirituais receberam as boas novas pelo testemunho apostólico e não guardaram a sua essência!”

Quando ouviram isto, os conselheiros da igreja ficaram furiosos, taparam os ouvidos e começaram a ranger os dentes contra o pastor Estêvão, clamando:

- “Herege! Herege!”

Já outros chamavam-no de “ateu”, “pecador”, “pederasta” e até de “pedófilo”. Porém, mesmo em meio aos gritos furiosos e irracionais das pessoas presentes, eis que, naquele momento, o pastor Estêvão ainda conseguiu dizer suas últimas palavras usando o microfone da igreja:

- “Quando olho para o céu, sinto como se Jesus, sentado do lado do Pai, estivesse de pé encorajando-me a continuar levando estas boas-novas da inclusão e ministrando a Santa Ceia aos nossos irmãos gays e lésbicas.”

Com a aprovação do bispo, um jovem chamado Saulo, estudante do seminário teológico e que tinha um blogue sobre apologética cristã na internet, resolveu intervir, desligando primeiramente o microfone que estava nas mãos do pastor Estêvão.

Virgem, reprimido sexualmente, sem nunca ter namorado e se considerando zeloso das tradições dos evangélicos, o rapaz fazia de tudo para agradar o bispo que também era o reitor da faculdade. Ambicionava algum dia ocupar o lugar de Estêvão de depois de Ananias, após se formar.

Sem nenhum respeito pelo pastor e professor, Saulo chegou por detrás do seu mestre, agarrou-o com violência e o colocou à força pra fora do templo:

- “Seu blasfemo e enganador! Fora da casa de Deus! É por causa de falsos irmãos como você que o nome de Cristo é ridicularizado entre os ímpios. Saia daqui!”

Seguindo Saulo, muios conselheiros ali presentes continuaram clamando contra o pastor Estêvão. Uns tentaram até exorcisá-lo. E, quando chegaram na porta da igreja, ele foi empurrado escada abaixo. Porém, ainda disse:

- "Senhor, perdoa-os porque esses homens não compreendem o que estão fazendo."

Ainda naquele dia, Saulo liderou uma manifestação de evangélicos e católicos fundamentalistas pelas ruas da cidade afim de protestarem contra o homossexualismo e o casamento gay. E, no meio dos religiosos, estavam também uns neonazistas e muitos machistas homofóbicos infiltrados.

Quanto ao pastor Estêvão ele foi tratado como se estivesse morto pela comunidade eclesiástica local. Os evangélicos moradores da cidade passaram a não mais convidá-lo para entrar nas suas casas.
Nenhum outro pastor permitiu mais que Estêvão pregasse em púlpito e houve até gente que deixou de cumprimentá-lo na rua virando a cara, além de que a faculdade teológica dispensou-o de suas funções. Contudo, alguns homens e mulheres verdadeiramente piedosos aproximaram-se de sua pessoa e juntos lamentaram por causa da ignorância do povo.

Rodrigo Ancora da Luz

segunda-feira, 12 de março de 2012

As princesas, as cachorras e uma boa dose de realidade


O evangelho moderno é o máximo. Sempre nos apresentando novidades, modismos e filosofias humanas cada vez mais distantes da realidade. A “bola da vez” e “só para mulheres” é viver o encanto de acreditar que agora realmente seus problemas de relacionamento terminaram, pois apenas com “um toque de fada” se transformaram em princesinhas do Senhor. O único requisito para isso é apenas que tomem muito cuidado para que não “mordam a maçã envenenada”, ou seja, que não cedam as tentações mais primitivas e assim se transformem em “cachorras”, daquelas que mandam torpedos ou mudam de caminho para passar perto do pretendido.
As princesas
Os “faces” e twitters da vida, são os quartéis generais de formação das princesas, onde os aconselhamentos se estendem até alta madrugada, e são também grandes aliados de divulgação em massa da nova mania, que tem invadido a jovem ala feminina das igrejas, agregando uma luz ao fim do túnel das mais solitárias. Na nova filosofa da realeza, tudo é apenas uma questão de tempo, afinal, princesa não anda atrás, ela espera ser encontrada. A princesa é a super poderosa. Ela é uma verdadeira versão da “Barbie Gospel”, “a Bela Adormecida” que espera ser despertada ao estalo de um beijo doce do príncipe certo, ou a “Rapunzel” que não lança suas preciosas tranças para qualquer forasteiro ameaçador de princesas. Que se danem filosofias banais do tipo: “Quem muito escolhe, acaba ficando pra titia”, que “príncipes não existem” e que “Não existe casamento perfeito e sim, casamento feliz”. Isso tudo é bobagem no mundo das audaciosas princesas, que em sua maioria estão na faixa dos 25 aos 40 anos de idade.
As cachorras
As cachorras, coitadas. São aquelas que não conseguem mais se encaixar no padrão da realeza. Elas não têm habilidade para esnobar seus pretendentes, não são mimadas, prepotentes, autoritárias e nem sabem se impor como donas da situação. A cachorra, “infelizmente” é aquela que não se enquadra em um mundo de conto de fadas, pois aprendeu a correr atrás daquilo que acredita e se sujeita ainda a correr os riscos que a vida lhe impõe. A cachorra é aquela que acredita no amor e ainda acha que vale a pena lutar por ele. Meu Deus! A cachorra acredita que não há nenhum tipo de relacionamento se não houver investimento mútuo. Ela ainda não se desprendeu de seu lado romântico e nem sabe anular o poder sedutor da mulher, e, por ser cachorra não sabe “defraudar os homens”. A cachorra ainda não se desiludiu do amor e por isso não se convence a acreditar que em sua vida, casamento agora é só um milagre de Deus. A cachorra no mundo encantado das princesas é aquela que abraçou a evolução das mulheres, que não se entrega a frustrações de desilusões passadas, que abriu mão de usos e costumes e não consegue se vestir igual a sua vó.
Entre cachorras e princesas, eu prefiro a realidade prática adquirida em centenas de anos de evolução. Nem mesmo a Disney está mais investindo nos contos de fadas. Segundo, seus executivos o mundo de contos de fadas, com os tempos modernos e tecnologias como 3D e nanotecnologia, já não é um negócio tão lucrativo, como as comédias românticas estreladas por verdadeiras cachorras atrapalhadas que se dão bem no final. Somente quem é casado e consegue construir um matrimônio estruturado sabe que casamento não é um jogo de caça e caçador. Está mais que provado que no matrimônio, o príncipe e a princesa não existem e que o homem certo e perfeito só existe na mente de quem se julga superior. Por mais que tenha crescido o número das princesas, paralelamente não aumentou a oferta de príncipes e ainda temos que levar em conta que entre os nobres ainda existe os que gostam de princesas que vez por outra soltam um “latido discreto”. Somente a mulher sábia conseguirá ter um marido perfeito, pois ela o construirá ao longo de muitos anos de convivência e renuncia, sobrevivendo aos defeitos e as diferenças um do outro. Casamento não é uma aposta ou um grande empreendimento e sim um caminho que somente pode ser construído a dois, passo a passo, dia a dia. Afirmo com convicção, que a busca prematura pela perfeição do parceiro, hoje é o motivo maior do grande número de divórcios que assola nosso país e infelizmente atinge a igreja.
Se autoconsiderar uma princesa fria e calculista é adotar uma falsa personalidade, é negar o que realmente é. Nada pode repelir mais os homens do que isso. Tal invencionice é coisa de gente mimada, desiludida com o amor e que infelizmente, nada entende da vida e do mundo real, muito menos de vida matrimonial. É infantil essa postura de ver que a “carruagem se transformou novamente em abóbora” e mesmo assim ainda manter a esperança de que algum príncipe encantado encontre seu sapatinho de cristal e venha resgatá-la no meio de um exército de cachorras de atitudes feias, “filhas da madrasta má”. Como se verdadeiras princesas fossem logo descobertas apenas pelo numero do sapato ou tamanho do pé. Como também que se constantemente não devessem avaliar sua postura, ver se nada deve mudar interiormente como mulher e avaliar sua personalidade ou até mesmo seu caráter para ser mais aceita por seus possíveis pretendentes. Não adianta achar que a mulher também não deve mudar para oferecer as qualidades que os homens buscam, pois estes também sabem identificar princesas do reino “Del Paraguay”, que mesmo dizendo ter sangue real, trazem algumas “pulguinhas” escondidas sob o manto real.
Artigo escrito por Adeneir Sousa, pastor, escritor e ex-cachorro, casado há 21 anos com uma verdadeira princesa. Agradeço a Deus por que ela cismou em me amar, fez tudo para me conquistar e tem investido sua vida para me transformar em um homem feliz e realizado. Depois de todo esse tempo juntos, ainda estamos construindo nosso castelo, conscientes que felicidade não se exige e nem se espera; se constrói. As as vezes até com lágrimas e sofrimento.
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Alegrias e perigos de quem escreve



Ricardo Gondim

“Verba volant, scripta manent – Palavras voam, a escrita permanece”.

Discursos inflamados, retóricas contundentes, pregações categóricas nunca alcançarão a densidade da palavra escrita. Do texto nascem as controvérsias.  Quem se atreve na meticulosa arte da redação, deve encarar o cursor como um aceno potencialmente desastroso. Escrever é colocar-se em linha de tiro.

Todo autor se entrega ao capricho do leitor. Suas frases jazem à espera de interpretação, pulsam no aguardo de quem as perscrutem. Sem pressa, com luvas de pelica ou com facas afiadas alguém se atreverá interpretá-las.

Não existe exegese objetiva. Os que antipatizam, viram açougueiros, prontos a retalhar tanto a obra como seu criador. Quem gosta, verá beleza até onde não existe. Vetustos críticos e jovens admiradores se revezarão sobre o texto que lhes chega às mãos.

Alguns criticam o atrevimento de contestar teses que alcançaram consenso no passado. Divergência ao que foi considerado legítimo pela academia, sínodo ou diretoria é visto como doença. “Relativismo!”, xingam. Outros procuram amedrontar afirmando que os argumentos que fundamentais do capítulo fragmentam a “verdade” – só não conseguem explicar o que é uma “verdade fragmentada”.

Sobram os que assumem uma postura discriminatória; desmerecendo o autor antes de analisar a obra. Cegos com as próprias traves e inquietos com os argueiros alheios, psicanalisam a pessoa antes de lerem. Cuidadosos em diminuir quem pouco conhecem, não se incomodam de encarnar o Saliere do filme “Amadeus”; não se conformam que “Deus possa derramar tanto talento sobre devassos como Mozart”. Para alguns, ninguém deve ouvir o alucinado Beethoven ou o homossexual Tchaikovsky; ler  o anticlerical Machado de Assis ou o comunista Graciliano Ramos – “Imagina, gostar de livro escrito por um comunista?”; admirar o adúltero Martin Luther King; gostar do suicida Van Gogh; e nessa linha, sequer acolher os argumentos do escravocrata Paulo de Tarso.

Muitos vivem a idolatria do passado, procurando engessar dogmas, doutrinas, confissões de fé. Daí o susto quando um escritor contemporâneo se atreve lançar critica a Freud, Marx, Lutero, Calvino, Santo Agostinho, Papa Pio XII ou quem quer que seja.

“Sã doutrina” inexiste. Não há um compêndio que abranja as verdades absolutas. A história tanto da filosofia como da teologia nunca deixou de ser tumultuada, conflitiva, discordante. Por isso, se escreveu tanto. Como nem sempre prevaleceram as melhores ideias, mais livros serão escritos. O grupo que resistiu o inquisidor Torquemada ou que viu o anabatista Müntzer ser assassinado gostaria de ter tido a sorte de preservar algumas páginas. Não faz qualquer sentido rasgar um livro com o argumento: “Essa ideia não faz parte da teologia oficial, canônica, da igreja”.

Impossível aceitar que Savanarola, o Concílio de Trento ou a Confissão de Westminster tenham publicado toda a verdade sobre Deus, salvação, igreja. Pentecostais amargaram décadas de preconceito. Eles não tinham uma teologia escrita. Mesmo sem discordar dos pressupostos sistemáticos do Movimento Fundamentalista nos Estados Unidos propunham que o Espírito era capaz de se revelar na comunidade da fé, sem os limites do livro. Sofreram como seita por anos. E, ironia das ironias, os pentecostais passaram a  assumir o papel de apologetas da reta doutrina com inúmeros livros sobre “Seitas e Heresias”.

Daí a primeira barreira do escritor em seu ofício: a autocensura. Sucumbir ao medo é criar platitude. Patrulhamento ideológico, filosófico ou teológico procura intimidar. Mesmices só se perpetuam quando triunfam os que procuram transformar o debate de ideias em confrontos pessoais.

Ao escrever o autor se depara com gente que imagina conhecer tudo, absolutamente tudo. Gente disposta a morrer (e matar) por suas convicções. Ele sabe que sua redação pode cavar mais fundo o fosso que impossibilita o diálogo. Sabe também que sua escrita se estenderá sobre preconceitos aproximando as pessoas mais diferentes. Nietzsche afirmou: “As convicções são inimigas da verdade, bem mais perigosas que as mentiras”.

Muita gente a recitar os mesmos argumentos dá segurança aos que dependem da estabilidade para sobreviver. A ideia pode por abaixo o edifício que abriga e sustenta o intelectual orgânico. Então, melhor abandonar os argumentos e defender a Deus, a santa igreja, a sã doutrina, o partido, a pátria, a raça ou o clube.

Quando o pensamento inquieta, tumultuam-se os estádios, acendem-se as fogueiras de livros, enfiam-se estiletes debaixo das unhas e lincham-se os hereges. Os discordantes, mais que pecadores, merecem o inferno. A página escrita pode custar os olhos, o pescoço. Os livros rasgados, as reações destemperadas à liberdade de imprensa, os receios de que mais pessoas acolham o que foi digitado, distribuído, revela o poder que o escritor possui. Ao empunhar a caneta, dedilhar o teclado e apertar “Send – Enviar” ele cria, destrói, fortalece e angustia.

Soli Deo Gloria

sábado, 10 de março de 2012

Oziel Pereira dos Reis, um amigo que se vai precocemente




Queria poder lhe dar mais do que aquele último abraço apenas um beijo, olhar em teus olhos e dizer: és meu amigo. Mas fui impedido e não ousarei dizer que foi a vontade de deus, apenas direi que quando Jesus nos disse QUE NO  MUNDO  teríamos-mos aflições, esta era uma delas. A morte! Em meu lamento não encontro conforto para a Natiele e o Adrian, para você? Apenas a esperança de vê-lo novamente e relembramos nossos causos, nossas brigas e principalmente nossos momentos alegres.... Mas nem sei se se isto seria possível, pois na certeza de sabermos sobre o que não se tem como saber, erramos em afirmar que existe vida após a morte e há céu e inferno. Eu apenas não sei...[sic]

Jamais falávamos de morte, pois a morte  na juventude é ladra que nos rouba precocemente a vida, a alegria de ver o filhos crescer, o singular prazer de ter um neto em nossas mãos e envelhecer ao lado da pessoa amada… há morte cruel que a ninguém e nenhum desejo respeita... a Deus que nos abandona [sic] te pergunto onde estavas? Contou-lhe seus dias e os determinastes? NÃO! NÃO CREIO! Minha indignação ao parecer ser com Deus é com os que assim pensam. Mas insisto, onde está Deus? O Deus que protege e cuida dos seus….

Ele estava com o bota (Oziel) dentro dele, mas por algum motivo (que não seja dias contados), resolveu não agir, ou não podia e nem tinha como agir! Decidiu leva-lo(?)… foi assim é assim e sempre o será.

Podia ser eu ou outro, mas foi você, para nossa saudade doída, nosso pranto amargurado… nossos olhos vagos com sua imagem em nossas mentes. Vou guardar seu sorriso, tua alegria e tudo de bom que passamos (até as brigas foram boas). Não ousarei dizer que deus estava no controle te conduzindo a morte, isto seria banal e sórdido, mas direi que você foi um exemplo de como viver nossa humanidade sem medo do fogo do inferno. Você soube viver enquanto pôde e sempre estará vivo em nossos corações e bota, eu sei que irei ter contigo um dia de novo………… eu sei, mesmo não sabendo, mas o que nos resta é esperar até que chegue o fim... o fim de nossos dias! Então saberei! Sem querer saber, saberei...

Natiele, meus sentimentos, Adrian, seu pai foi um grande homem… lembre-se sempre disto!

Anderson Luiz de Souza, seu eterno amigo e família: Rozana, Samuel e Thiago



Encerro com este poema de Giogia Jr.

Se Deus é por nós, quem será contra nós?


Chega a pobreza. É magra ossos a mostra,
Risos de pura zombaria e maldade atroz;
Que transforma em inferno o próprio paraíso!
Mas se Deus é por nós, quem será contra nós?

Chega o abandono. A vida é solidão e pó.
Só dialoga conosco a nossa própria voz,
Como é duro e penoso andar perdido e só!
Mas se Deus é por nós, quem será contra nós?

Chega a derrota. Nada que nos encoraje...
Um amigo sequer traz a sua voz.
A derrota é o abismo, o esquecimento, o trágico.
Mas se Deus é por nós, quem será contra nós?

Vem a doença. A moléstia e acabam os nossos dias...
É verdugo e carrasco executor e algoz.
Os dias nunca passam e as noites são vazias...
Mas se Deus é por nós, quem será contra nós?

Chega a morte afinal. É longa a travessia...
Irremediavelmente agora estamos sós.
Ah hora escura, ah hora longa ah hora fria...
Mas se Deus é por nós, quem será contra nós?

Giogia Jr.

Oziel ( o bota) morreu num violento acidente de carro na noite de sexta feira, dia 09/02/2012

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Oziel Pereira dos Reis, um amigo que se vai precocemente de Anderson L. De souza é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil.
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