sexta-feira, 30 de julho de 2010

METADE


Metade
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro



Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio


Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre
Amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem
Inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso,
Mas a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste,
E que O convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.


Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.


E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor,
E a outra metade também.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O MARTÍRIO DE ESTEVÃO



O martírio de Estevão, o diácono

Estevão sabia que ia morrer naquele dia.
Os algozes decidiram.
Vestira o diaconato, junto à morte.
Apenas vão ouvi-lo, suportá-lo, antes do sacrifício.
Tinha a face de um anjo e eram pétreos os rostos dos que o viam.
Seus olhos eram pedras.
Se jogavam. Ia morrer.
Sabia. Radioso, irresoluto.
Vinham as pedras.
Ia ao encontro da angular,
certeira pedra viva.

Carlos Nejar

terça-feira, 27 de julho de 2010

Oswaldo Montenegro - Metade



lindo poema vale a pena ouvir e ler... vale a pena ver!!!

Oswaldo Montenegro

POEMAS QUE LEIO


POEMA -
Da mais tranquila indignação

Hoje eu precisava ir embora.
Sair de casa como quem sai da casca do ovo.
Sair correndo, voando ou mesmo rastejando
Parar em qualquer árvore morta e colher-lhe o fruto mais amargo.

Mas em vez disso
Eu fico com a necessidade
A incontrolável vontade de sair de casa
Enquanto bordo, costuro e lavo
Palavras que não têm sentido.

extraído do blog de Nubica

sábado, 24 de julho de 2010


A você meu amigo, o mais chegado que um irmão, qualquer dia... qualquer dia eu volto a te encontrar. Guardo comigo debaixo de sete chaves nossa amizade. Guardo do lado esquerdo do peito!

Canção Da América
Milton Nascimento
Composição: Fernando Brant e Milton Nascimento


Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontra

Canção da América (com letra)

Amor de Indio - Beto Guedes e Djavan VALE A PENA VER


Amor de Índio
Beto Guedes
Composição: Beto Guedes/Ronaldo Bastos


Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo o cuidado
Meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com arco da promessa
Do azul pintado
Pra durar
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor
E ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for
E ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado
Meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nando Reis - Por Onde Andei


Uma homenagem pequena a minha anja. Pra você anja_arcanja, te amo muito minha anja! Te amo tanto que tudo è muito pouco pra dizer o quanto. Simplesmente te amo.

Fábio Jr - Choro.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

AO DEUS DESCONHECIDO


A Oração ao Deus Desconhecido

Antes de prosseguir em meu caminho
e lançar o meu olhar para frente uma vez mais,
elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração,
tenho dedicado altares festivos para que, em
Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante,
quero Te conhecer, quero servir só a Ti.


[Friedrich Nietzche]

segunda-feira, 5 de julho de 2010

SAUDADE...


Saudade são esses pedaços de antiga melancolia; nostalgia chuvosa das árvores de outono frio. São quimeras sonhadas nas noites de solidão, na tristonha fumaça dos cigarros abandonados, no fundo dos copos vazios. São lembranças daquilo que nunca foi, realidades pretensamente vividas, histórias inacabadas de amor e morte e ressurreição.
Saudade é teimosia do que não pode ser, é falta do que não é possível, é canção instrumental, é agônica distância. É um pensamento repetido e gasto, um lugar vazio, as ondas quebradas na praia escura e só. Saudade.
A saudade conta as lendas que não existem; fala de caminhos não percorridos, de batalhas perdidas e vivências truncadas. E nessas lendas, nesses caminhos, nessas batalhas, nesse espaço vácuo de dolorosa imensidão, vive a melhor parte de nós; o sentimento nu, a emoção crua, a verdade calada, a coragem desnecessária.
A saudade é uma quieta pedra solitária, plantada nos mares da alma. A saudade torna o espírito viajante; cria terras ermas e as povoa com a vida dos sonhos e a música das palavras tristes.
A saudade… a saudade sou eu, lá fora, sob a chuva.


Extraído

DECEPÇÃO...


A DECEPÇÃO…

Porque nos decepcionamos com uma pessoa, com um acontecimento, com uma situação, com a vida?
A decepção é um sentimento tão frustante, talvez seja das sensações que mais me entristece, me deita abaixo, me impede de continuar, me bloqueia.
Será que criamos expectativas altas demais? Ou será que as expectativas eram normais, próprias e adequadas, mas a decepção teimosamente nos bate à porta?
Será um problema de ansiedade, de querermos que tanto se realize, que tanto aconteça?
Será que somos exigentes demais, e exigimos dos outros, coisas que nem nós próprios sabemos fazer?
Será que uns são mais atreitos a decepções que outros?
Será que uns, nem percebem a decepção não lhe dando a importância que outros lhe dão?
Será que as decepções só acontecem aos emotivos? Aos frágeis? Aos corajosos? Aos exagerados? Aos idiotas?
E acordar depois de uma decepção?
Acordar para a Vida, acordar para o Dia, pôr os pés fora da cama, levantar o corpo, calçar qualquer coisa para começar a pisar o chão, a terra, olharmos-nos no espelho, olhar uns olhos decepcionados...
E depois, muitas vezes voltar ao mesmo sítio, ao mesmo local, ver a mesma pessoa, ter de falar com essa pessoa, voltar e reencontrar o mesmo ambiente, o mesmo cenário...
Reagir... Como se faz para Re Agir? Reagir é voltar a agir! Para voltar a agir, é preciso ter vontade de agir. E o mundo que nos rodeia, exigente, que não tolera a insatisfação, não tolera tristezas, que como uma criança mimada, quer-nos Lindos, Contentes, Sorrisinhos, Arranjados, Elegantes, Perfeitos, e todos nos pedem, “Vá reage, faz qualquer coisa, tens de melhorar! Lá estás tu com o teu pessimismo!…”. E para culminar, lá dizem a frase: “Não percebo, porque ficas assim, não é caso para isso!”. E nós, envolvidos num manto negro de tristeza, de amargos na boca, de nós no estomago, de dedos das mãos frios, de joelhos ligeiramente a quebrar, ficamos perplexos a olhar para aquela gente que nos diz “Que não é nada!”. Não é nada???! Mas não percebem, que para nós É TUDO!
Que houve uma derrocada de terras, por cima da nossa boca, que houve uma inundação de líquidos salgados, que nos deixou molhados de suores frios, que o nosso coração saltou, mexeu-se, como se de um sismo se tratasse e nos deixou com taquicardia, que houve um corte a meio dos nossos pulmões, e os pôs a trabalhar em limites mínimos, que sentimos o sangue a parar nas veias e que fomos invadidos por um vento frio e quente, que levantou todas as areias no ar que nos sufocam e nos cegam? Pois, não vêem isto?Faltam as lágrimas? Ah, as lágrimas, as piegas lágrimas, que comovem os outros...
Mas olhem, os decepcionados não choram por fora, choram por dentro! Choram, choram, choram, até ficar secos, como um solo africano, seco, ressequido, morto...
Deixem-nos enterrar uma decepção, como se de um corpo morto se tratasse, deixem-nos enviuvar, chorar aquilo que nunca acontecerá, que nunca iremos possuir, deixem-nos cair no chão (não nos levantem, por favor!), de pernas e braços abertos deixem-nos gritar, gritar muito para que saiam os espíritos malignos que nos envenenam, deixem-nos enlouquecer, perder o juízo, falar sozinho deixe-nos sair para a rua de robye e chinelos como um velho senil, deixem-nos estar sós, desgrenhados e sem comer, deixem-nos fugir (não vão à nossa procura, por favor!) e se quisermos deixem-nos morrer.
.………………………………………
MAS HAVEMOS DE SOBREVIVER!
Extraído

sexta-feira, 2 de julho de 2010

VASO NOVO


Vaso Novo


Elevo meus olhos...
quero te ver...
Te procuro,
Meus olhos vagam
Procurando por Ti.
Não te encontro...
Grito, clamo, te chamo...
Onde estás?
Mas não te ouço.
E minha voz por Ti clama:
-Minh'alma te quer
Tem sede de Ti!
Mas onde estás?
Porque não vens ao meu encontro?
E ainda soluçando ouço uma voz!
Serena... doce, suave...
Prostrei-me!
Apenas ouvi seu sussurro suave dizendo:
-Filho estou aqui,
Volta pra mim.
Estou chamando.
Te chamando.
Vens! Volta pra Mim.
Então, cansado, rendido, digo:
-Estou aqui Senhor...
Ao seu dispor,
Diz-me e te ouvirei...
Manda-me e irei...
Pois sou teu, todo teu;
Faz-me um vaso novo.
Faz-me novo de novo.
Faz de mim o que tu queres,
Faz de mim...
Meu Senhor,
Faz de mim...

Anderson Luiz de Souza
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