terça-feira, 24 de julho de 2012

"No princípio era Deus."






E Deus separou dos céus as águas,

para que pudesse ver a si mesmo no Espelho das águas.

E pairando sobre as águas,

Deus iluminou a Escuridão das águas.

E fez-se a Luz e fugindo a Escuridão

para as profundezas das águas e para as alturas dos céus,

Deus olhou para a perfeição de seu Reflexo.

E o Reflexo olhou para Deus.

E Deus já não soube se era o Reflexo olhando para si mesmo nos céus,

e O Reflexo não soube se era Deus olhando para si mesmo nas águas.

E Deus gritou de horror.

E o Reflexo gritou de horror.

E o Verbo de Deus partiu o Espelho em mil pedaços.

E o Verbo do Reflexo partiu Deus em mil pedaços.

E ao pó do Espelho deu-se o nome de Mundo e de Abismo.

E ao pó de Deus deu-se o nome de Homem e de Alma.

Leonardo Levi

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O que um ateu pensa da morte



Por  Marcio Alves

Já escrevi alguns textos sobre a morte, dentre eles talvez o mais importante seja mesmo o profundo e filosófico “A morte em dois momentos”, mas sabendo que constantemente estamos sempre mudando e consequentemente atualizando nossa maneira de ver e viver a vida, resolvi então escrever o que penso hoje sobre a morte.

Um texto simples, sincero e objetivo sem o rigor do academicismo que muitas vezes atrapalha mais do que ajuda na compreensão dos leitores.

A morte, assim como o nascimento, são as duas únicas coisas que temos que passar sozinhos, embora muito mais a morte seja mesmo o momento mais angustiante e dramático de toda nossa existência, não o depois, mas aqueles momentos que a antecedem, que eu chamo de “pré-morte”, que é aquelas experiências de quase morte que muitos de nós experimentamos em algum momento de nossas vidas.

Nada mais profundo do que a experiência de ir ao velório de um amigo ou parente nosso, pois só nesses momentos, da “pré-morte” e da “morte do outro” é que são capazes de tirar o ser humano de sua anestesia diária, como trabalho, diversão, lazer, hobby e etc, levando a refletir seriamente sobre a sua própria morte.

Pois saiba meu amigo leitor, que uma coisa é você ler alguns livros e pensar sobre a morte de maneira geral, outra completamente diferente é pensar a sua própria morte. É como você ler sobre pessoas com câncer, e, um belo dia você ir ao medico para fazer exames de rotinas e sem “querer” descobrir que esta com um câncer. Consegue agora perceber a diferença?

Para aqueles que nunca enterraram seu próprio amigo, pai, mãe, filho ou irmão, ou não vivenciaram uma experiência real de “pré-morte”, vão apenas entender com o intelecto este texto, pois só aquele que já vivenciou uma das duas maneiras de estar “cara a cara” com a morte é que irá conseguir ir para além do intelecto “sentindo” de maneira visceral as palavras escritas.

Assim como o câncer que na verdade é uma morte lenta e progressiva, a própria iminência de uma possível morte por outras maneiras e experiências vem para por em xeque tudo que achávamos ser importante em nossas vidas, e para colocar uma pergunta crucial que constantemente tentamos esquivar dela: “Porque e para que viver?” “Faz sentido a vida que temos levado?” “Qual o sentido real de viver?” (As três perguntas na verdade é uma só, apenas feita de maneiras diferentes para você refletir melhor)

Não importa se você seja religioso ou ateu, pois na verdade, no fundo no fundo minha opinião é que não existe na pratica uma separação entre ateu e religioso quando falamos da morte, embora na teoria exista sim uma divisão. É que não acredito na transformação e mudança na natureza humana quando falamos da pessoa acreditar ou desacreditar na religião e/ou em Deus, pois se sendo ateu ou religioso, continuamos sendo humanos, demasiado humanos, e como os existencialistas já falavam, somos seres em angustia, sendo a angustia uma marca registrada da natureza humana.

A única diferença entre o religioso e ateu em relação à morte é no autoengano; pois o primeiro (religioso) se engana na certeza de acreditar que ao morrer vai estar no paraíso, já o ateu com seu pensamento “tranquilizador” de que “morreu acabou”, e que por isso não tem o que se preocupar e ter medo. Mas que falsa certeza esta do religioso e do ateu!

A partir do momento que o homem teve a sua consciência despertada, seja pela própria morte como a maior responsável por isto, ele já se vê mergulhado em angustia, e, por isso mesmo, nós precisamos tanto ocupar nossa mente com tudo que estiver disponível, seja trabalho, festas, e tudo o mais, é como pascal já dizia que o homem que vai caçar, ele caça um animal que ele mesmo não teria a coragem de comprar num mercado, mas ele caça para distrair sua mente, para fugir de estar só consigo mesmo, e com a realidade inevitável de sua própria morte – e este exemplo serve para tudo que fazemos na vida!

Por isto meu caro leitor que chegou até aqui, lendo “pacientemente” esta minha postagem para descobrir como um ateu encara a morte, eu lamento decepciona-lo, mas nós encaramos do mesmo jeito que qualquer outra pessoa encara: com grande angustia, medo, tristeza, dor e duvida em saber que a nossa morte não é uma possibilidade que pode ou não acontecer,  mas uma realidade e certeza absoluta de que nós que aqui estamos, vamos um dia não estar mais....para quem acha que a consciência é um dom, eu diria que tenho lá as minhas duvidas, pois acho mesmo que é uma maldição, e que se os deuses existem mesmo, são cruéis e estão se divertindo com nosso sofrimento.

sábado, 7 de julho de 2012

Anula en mí mi masculinidad, del Irmão Antoninus (versión bilingüe)





Anula em mim minha masculinidade


Anula minha masculinidade, Senhor
E torna-me mulher e frágil,
Se por esta total transformaçao
Eu puder conhecer melhor a Ti.
De que vale o meu próprio sexo
Se o audaz instinto possessivo
Só faria afastar-Te de mim?
Quanta inutilidade habita meus quadris,
Para instigar, instigar o feroz orgulho da vida,
Quando necessário é uma imobilidade silenciosa.
“A alma é feminina para Deus.”

Anula en mí mi masculinidad


Anula mi masculinidad, Señor,
Y tórname mujer y frágil,
Si por esta total transformación
Puedo saber mejor de Ti.
¿De qué vale el mi propio sexo
Si un audaz instinto posesivo
Sólo haría alejarTe de mí?
Cuánta inutilidad habita mis ancas,
Para instigar, instigar el feroz instinto de la vida,
Cuando lo necesario es una inmovilidad silenciosa.
“L’alma es femenina para Dios.”
del Irmão Antoninus 
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