sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DEUS SEGUNDO SPINOZA




“Pára de ficar rezando e batendo o peito”!

O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. 
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre.

Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tenha certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste? Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?

Aborrece-me que me louvem, Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... Aí é que estou batendo em ti.


* Baruch Spinoza ou Bento de Espinoza (1632-1677), filósofo holandês, de família judaico-portuguesa. Spinoza defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações.

O XAMÃ EVANGÉLICO


Xamã é um líder espiritual com funções e poderes de natureza ritualística, mágica e religiosa que tem a capacidade de, por meio de êxtase, manter contato com o universo sobrenatural e com as forças da natureza.

Entre os evangélicos não existem nenhum individuo com este título. Mas ao considerarmos a forma como os líderes deste movimento tem se comportado e o que eles têm praticado, me parece óbvio que estamos diante de um xamanismo evangélico primitivo.

Atualmente, dificilmente você vai ao culto evangélico sem presenciar uma liturgia de natureza ritualística. Passo a passo os fiéis vão caminhando na cartilha do ritual do novo “Xamã”.

Também se verifica uma natureza mágica nos ajuntamentos. A magia dos cultos se ver claramente numa espécie de “simpatia” evangélica muito comum entre este grupo. Vemos isso no simples “coloque a mão no coração”, ou o “levante a sua mão direita”, (e a esquerda não vale?!), a fita do compromisso de oração; as campanhas de Sete dias; a ida lá na frente (a divindade não abençoa lá atrás?!), sem falar das demais aberrações que não quero repetir aqui.

Existe uma busca desenfreada pelo êxtase entre os evangélicos. Todos querem entrar em transe. Todos querem inalar o “ópio” do frenesi do domingo à noite. O líder religioso que não tem o poder de ao simples levantar da mão ou à voz de seu comando fazer a platéia cair ao chão, sapatear, chorar, rir ou ter um ataque de esquisitice, não é um poderoso Xamã. Existe certa forma de medir qual destes líderes está mais em contato com o sobrenatural, quem controla mais a divindade. Aqueles cuja reunião não consegue manter contato com o sobrenatural e trazer uma demonstração de domínio no mundo espiritual estão sem “ibope” no meio evangélico. Não é a toa que suas igrejas estão se esvaziando.


A Igreja Evangélica brasileira está em suas reuniões fazendo de tudo, através de seus Xamãs, para tentar manter contato com o sobrenatural e com as forças da natureza. Não é por menos que temos tantos elementos da natureza presente em suas reuniões. Água, Terra, Fogo (pelo menos nas músicas e nas palavras dos pregadores é a o mais pedido), e o Vento (o “sopro da unção” pelo microfone é repetido constantemente), como demonstração de poder. Magia, magia. Nada mais que magia.

O Xamã também é uma espécie de sacerdote, curandeiro, conselheiro e adivinho. Observe que os líderes não são outra coisa entre eles. Eles são os que fazem ligação do individuo com Deus. Esta prática é vista na chamada “cobertura espiritual”. Estão dependentes de um que o “leve a Deus”. Foi-se o tempo em que o cristão evangélico podia chegar-se a Deus unicamente por Cristo. Agora não. Sem o Xamã, nada podeis fazer!

Os fiéis procuram o líder para por sobre ele a responsabilidade da cura. Alguns “Xamãs” em sua arrogância ordena que jogue remédios fora, ou pare de usar remédios de uso contínuo. O Conselheiro dá ‘pitaco’ em todas as áreas da vida do fiel. Do namoro ao negócio. E aí daquele que desobeder o conselho do Xamã!

Ele também é uma espécie de ‘adivinho’. O dom de revelação ou de profecia que é dado a alguém como manifestação soberana do Espírito, é incorporado automaticamente nos novos Xamãs. Usam e abusam das ‘profecias’ e das revelações das ‘probabilidades’.

Diante de tudo isso que diremos? Nada. Apenas, que a Igreja Evangélica Brasileira agoniza e celebra com estas e outras coisas, o cortejo fúnebre daquela que já foi paladina do Evangelho genuíno de Jesus Cristo.

Pedro Rocha

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Baixem as armas, sacerdotes. Baixem o tom, profetas. Ateus e agnósticos, optem pela brandura. Dialoguemos.


GORJEIOS E GRUNHIDOS
RICARDO GONDIM

 
Acabei de ver “A pele que habito” de Pedro Almodóvar com o estômago revirado. Identifiquei-me com o vilão da história. Eu me via como a encarnação da personagem fictícia. Quantas vezes tentei fazer os outros ficarem parecidos com um modelo de minha mente. Nesse anseio, alucinei. Eu já cheguei a considerar-me  capaz de mudar quem eu quisesse – mal sabia que eu só queria fabricar objetos de prazer e de ódio.
Transformei minhas alucinações em certezas. Fiz da vocação um instrumento de domínio. Pior, tentei tornar-me capataz de um Deus que moldaria o mundo ao meu padrão.
Recordo uma fábula de Rubem Alves. “Certa feita, os urubus tomaram o poder na floresta e impuseram seu estilo de vida a todos os animais. Sua culinária, sua moda, sua estética e mesmo suas preferências musicais tornaram-se o padrão de referência para todos. Os pintassilgos, muito cordatos, esforçavam-se sobremaneira para corresponder às exigências dos urubus. Entretanto, os pobres pintassilgos não conseguiam se acostumar ao cardápio de carniça que deveria substituir sua dieta de frutas, tampouco conseguiam andar como os urubus, reproduzir-lhes os requebros e os grunhidos que os urubus chamavam de música. Observando os desajeitados pintassilgos, os urubus concluíram sumariamente: ´Não adianta. Um pintassilgo sempre será um urubu de segunda categoria’”.
A beleza de qualquer floresta depende da diversidade. Os urubus são necessários, mas o mundo constrangido aos seus modos ficaria soturno, feio, grotesco. A beleza da vida está no respeito à identidade do outro. A grandeza de qualquer pessoa ou grupo reside em sua capacidade de coexistir com o diferente, sem a tentação de esmagar os que não dançam o dois-pralá-dois-pracá de desde sempre.
Nas relações assimétricas, ou os fortes abrem mão do poder ou eles esmagam os fracos. O bom convívio passa pela Lei Áurea de todos os credos: “Trate o próximo como você gostaria de ser tratado”. Força bruta não muda nada – sequer muda alguém. Estupidez entrincheira opostos, acirra preconceitos, exarceba ódios.
Tertuliano, um dos primeiros pensadores cristãos, dizia: “Deus, quando dá o poder… assim com o mesmo poder delega nele a imitação de sua paciência”. Ou seja, quem se enxerga comissionado por Deus a representá-lo, deve, obrigatoriamente, sentir-se impulsionado a manifestar a paciência divina e não a brutalidade. Será que Tertuliano ruminava a frase de Paulo: “Não sabes que é a bondade de Deus que leva o homem ao arrependimento”? (Romanos 2.4).
Uma teocracia evangélica se degradaria, rapidamente, em um reino de urubus. O sonho de consolidar o cristianismo como um Sacro Império deve manter-se sepultado nos escombros dos tempos medievais.
Baixem as armas, sacerdotes. Baixem o tom, profetas. Ateus e agnósticos, optem pela brandura. Dialoguemos. A humanidade cansou-se de guerras. Prefiramos ouvir a multicolorida sinfonia de Bach à cadência monótona dos hinos marciais. Temos tanta injustiça para enfrentar, tantos miseráveis para socorrer, tantos indefesos para cuidar. Não criemos mais uma guerra porque achamos nosso gorjeio, o mais afinado.

Soli Deo Gloria

sábado, 17 de dezembro de 2011

Natal, o verdadeiro sentido da pobreza.




Por Daniele Faedda Pusceddu

Uma festa estranha, de confraternizações estranhas, de desejos equivocados. Óbvio que tudo na vida se é ressignificado, e não poderia ser diferente com o nascimento de Cristo, afinal, um menino, que ao nascer é presenteado com ouro, incenso e mirra, não é, desde seu nascimento, um fato para qualquer um, ele tem que ser especial! Entretanto, o contrassenso nos é dado pelo próprio Cristo; seu natal é pobreza!

Vivemos em uma época elitista, de padrões estúpidos, de sede de poder e reconhecimento em que se celebra a posse, a fortuna, o capital em detrimento do humano, na sua melhor semântica. Ter um carrão do ano, um celular último modelo e um computador, que tem por símbolo uma maçã mordida, o tal ter, conduz o desejo na justificativa de que se matar de trabalhar vale a pena, se no final, virá o meio para se atingir tais desejos. Ainda que nesse trabalho eu viva em uma ilha, ainda que nesse trabalho eu não faça um amigo sequer (afinal estou lá para trabalhar, não para desperdiçar o tempo), ainda que nesse trabalho reine a indiferença, falsidade e inimizades nos mais variantes estados de acepção. E tudo isso pode se justificar, enfim, o próprio Reis dos reis, em seu nascimento, foi presenteado com o melhor do que tinha à época. Entretanto, o contrassenso nos é dado pelo próprio Cristo; seu natal é pobreza!

Sim, pobreza, e muito embora o ouro, o incenso e a mirra, presentes que simbolizam a realeza, a fé e a pureza, tenham sido a ele ofertados, num estábulo o foi. E o grande significado disso é que três reis se curvam, em toda sua majestade, diante de um menino pobre, entre vacas, cavalos e ovelhas, no meio do forte cheiro do estábulo. Três reis trazem a ele, como oferta, três símbolos e o apontam como o verdadeiro rei, puro e fonte da fé que nos salva. E, sobretudo, seu natal é pobreza!

Foi assim que se fez; o Cristo não multiplicou seu ouro, se tornando um grande rei, em bens, circulando por Jerusalém, contudo, andou com os mendigos, no meio dos leprosos, e chamou a escória da sociedade de digna, e a deu dignidade, quando nela estendeu seu olhar e teve comunhão com os seus. Sua vida foi símbolo de partilha, doação aos mais necessitados, do anúncio de seu nascimento, no cântico de Maria (Magnificat), quando diz: “Derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes”, à Cruz, quando na pior morte, não olha para o seu sofrimento próprio, mas estabelece comunhão com os ladrões que o interpelam! Na sua morte, na sua cruz, não há barreiras para o olhar do outro, para a condição do outro.

A ele foi dado ouro, mas isso ele não multiplicou, entretanto, quando pão e peixe a ele foram ofertados se transformaram em alimentos para uma multidão. Ele escolheu ser pobre, nasceu na pobreza, andou com os pobres, mas dela fez brotar a maior riqueza, a dignidade da pessoa humana, que símbolo real algum poderia pagar. O Cristo jamais quis posses, antes, sempre quis pessoas com corações verdadeiros!

Nesse natal, enquanto muitos se regalam na fartura dos alimentos, e desejam bons afetos uns aos outros, Cristo comemora com aqueles que nada têm para comer, seu nascimento, pois foi na pobreza que ele nasceu; sendo pobre ele viveu; como pobre morreu e ressuscitou. O natal é uma festa estranha, em que famílias celebram a fartura, mas não celebram o caráter, a dignidade e a honradez. Celebram a riqueza e agradecem a Deus por ela, enquanto o mesmo Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo (pobre), tornando-se homem; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Falta no natal o sentimento que houve em Cristo, afinal seu sentido é a pobreza, e muitos vão comemorar a posse dos ricos, o natal do menino Deus pobre! E nada muda, nada se transforma, entre posses, exclusões e opressões, assim caminha a humanidade.

Feliz natal a todos!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

“A Gula” - O Pecado Santo!




 A gula é um dos pecados mais ignorados no meio evangélico. O “crente” comete este pecado com a consciência limpa e tranquila. Simplesmente o ignora. Repreendem ferozmente a quem fuma ou bebe sendo evangélico, mas, por algum motivo a gula é para o “crente” um pecado bastante aceito e melhor, totalmente aceito.  Interessante é que os mesmos motivos alegados pelos “santos glutões” para condenar quem fuma e bebe como, por exemplo, a saúde e o vício, são aplicáveis também a quem come exageradamente. É mais que sabido que todo excesso é prejudicial à saúde e portanto, quem fuma exageradamente ou bebe exageradamente ou ainda come exageradamente estão passíveis de danos irreparáveis a saúde. Sendo assim eu pergunto que diferença há entre ser glutão ou beber e fumar?
Ao que me parece a comida funciona como uma válvula de escape (digo isto com base em não poucas pessoas que pude observar este comportamento) em que o individuo (crente) que não bebe, não fuma e frequentemente se abstêm dos prazeres que Deus em sua infinita sabedoria nos proporcionou,  em prol de uma santidade que invariavelmente não os levará a lugar algum (como por exemplo se abster dos prazeres sexuais), é acometido por uma ansiedade que o faz comer exageradamente e mesmo tendo saciado sua fome, ainda continua com uma sensação de vazio e continua comendo! É como se fosse um direito adquirido, pois, não fuma, não bebe, e não faz um tanto de outras coisas, então exageram (e como exageram) na comida, afinal, podem tudo naquele que os fortalece.
Escrevendo aos filipenses, Paulo se refere àqueles cujo “deus é o ventre” (cf. Fil. 3,19), isto é, o alimento. Apetites físicos são uma analogia de nossa habilidade de nos controlar. Se somos incapazes de controlar nossos hábitos em relação à comida, isso é uma indicação de que provavelmente também somos incapazes de controlar outros hábitos, tais como os da mente (cobiça, avareza, raiva), e somos incapazes de não fazer parte de fofocas e conflitos. Não devemos deixar nossos apetites nos controlar, mas devemos ter controle sobre nossos apetites (Leia Deuteronômio 21:20, Provérbios 23:2, 2 Pedro 1:5-7, 2 Timóteo 3:1-9 e 2 Coríntios 10:5). A habilidade de dizer “não” a qualquer coisa em excesso – “autocontrole” — é um dos frutos do Espírito que pertence a todos os Cristãos (Gálatas 5:22). Podemos comer e beber com moderação e gosto, mas não podemos fazer da comida um meio só de prazer; isso desvirtua a alimentação. Santo Agostinho dizia que temia não a impureza da comida, mas a do apetite. Ele escreve uma página sábia sobre isso: “Vós me ensinastes a ingerir os alimentos como se tratasse de remédios”. E o líder pacifista indiano Gandhi afirmava que “a verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem o rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão, automaticamente, sujeitos ao controle quando a gula estiver sob controle”.
Então meu conselho é que em tudo que formos fazer (seja comer ou beber), sejamos moderados, pois tanto a comida (CLIQUE AQUI) (E AQUI) como a bebida ou ainda o cigarro fazem mau a nossa saúde. Não estou dando uma de santinho, pois eu mesmo bebo, claro que com moderação assim também me alimento com a mesma moderação! Sejamos prudentes.

Graça e Paz,
Anderson L. de Souza

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Teólogos tradicionais questionam a existência de Adão e Eva e pedem uma fé para o século 21



Pesquisas do Instituto Gallup e do Pew Research Center afirmam que quatro em cada 10 americanos acreditam na existência literal de Adão e Eva. Esta é uma das crenças  centrais de grande parte do cristianismo conservador, e dos evangélicos em particular.

No entanto, recentemente alguns estudiosos conservadores passaram a afirmar em público que já não conseguem acreditar no relato de Gênesis como antes. Perguntado sobre o fato de sermos todos descendentes de Adão e Eva, Dennis Venema, biólogo cristão da Trinity Western University, respondeu: “Isso vai contra todas as evidências genômicas que reunimos ao longo dos últimos 20 anos, então não é algo provável”.

A pesquisa do Genoma Humano

Venema diz que não há maneira de rastrear a humanidade até um único casal. Ele diz que com o mapeamento do genoma humano, está claro que os humanos modernos surgiram a partir de outros primatas – muito antes do período literal de Gênesis, que seria apenas alguns milhares de anos atrás. Dada a variação genética da população atual, ele diz que os cientistas não conseguem conceber uma população abaixo de 10.000 pessoas, em qualquer momento em nossa história evolutiva.

Para reduzir tudo a apenas dois antepassados, Venema explica: “Você teria que postular que houve uma taxa de mutação absolutamente astronômica que produziu todas estas novas variantes, em um período de tempo incrivelmente curto. Esses tipos de taxas de mutação não são possíveis”.

Venema é membro da BioLogos Foundation, um grupo cristão que tenta reconciliar fé e ciência. Esse grupo foi fundado por Francis Collins, um evangélico que atualmente lidera o Instituto Nacional de Saúde.

Venema faz parte de um grupo crescente de estudiosos cristãos que dizem desejar ver sua fé entrar no século 21. Outro é John Schneider, que até recentemente ensinou teologia no Calvin College, em Michigan. Ele diz que é hora de encarar os fatos: “Não houve Adão e Eva históricos, nem serpente, nem maçã, nem queda que derrubou o homem de um estado de inocência”.

“A evolução torna bastante claro que na natureza e na experiência moral dos humanos, nunca houve qualquer paraíso perdido”, diz Schneider. ”Acho que os cristãos têm um desafio, um trabalho grande em suas mãos para reformular algumas das suas tradições em relação os primórdios da humanidade.”

Dennis Venema indica o caminho que reconciliaria as posições: “Se ler a Bíblia como poesia e alegoria, assim como tem partes históricas, você poderá ver a mão de Deus agindo na natureza – e na evolução. Não há nada a temer fazendo isso. Não há com o que se preocupar É realmente uma boa oportunidade para termos uma compreensão cada vez mais precisa do mundo. A partir de nossa perspectiva cristã, esse é um entendimento cada vez mais preciso de como Deus nos trouxe à existência”.

Este debate sobre um Adão e Eva históricos  não é apenas mais uma disputa, pois parece estar dividindo a intelectualidade evangélica norte-americana.

“O evangelicalismo tem uma tendência a matar seus jovens talentos”, diz Daniel Harlow, professor de religião no Calvin College, uma escola cristã reformada que tem a queda literal de Adão e Eva como parte central de sua fé.

O Calvin College não aceitou ele ter escrito um artigo questionando o Adão histórico. Seu colega, o teólogo John Schneider, escreveu um artigo semelhante e foi pressionado a demitir-se após 25 anos trabalhando na faculdade. Schneider está vivendo agora de uma bolsa de pesquisa da Universidade Católica Notre Dame.

Vários outros teólogos bem conhecidos de universidades cristãs têm sido forçados a se demitir por causa desse debate. Alguns veem um paralelo com um momento histórico anterior, quando a ciência entrou em conflito com a doutrina religiosa.

“A controvérsia da evolução hoje é um momento tão crucial quando o julgamento de Galileu”, diz Karl Giberson, autor de vários livros que tentam conciliar cristianismo e evolução, incluindo A Linguagem da C iência e da Fé, escrito em parceria com Francis Collins.

Giberson – que ensinava física no Eastern Nazarene College, entende que esse ponto de vista tornou-se muito desconfortável na academia cristã – e o questionamento de Adão e Eva é semelhantes ao que experimentou Galileu no século 17, quando desafiou a doutrina católica que afirmava que a Terra girava em torno do sol e não o contrário. Galileu foi condenado pela igreja e levou mais de três séculos para o Vaticano para expressar arrependimento por seu erro.

“Quando você ignora a ciência, acaba pagando caro”, diz Giberson. ”A Igreja Católica pagou um alto preço durante séculos por causa de Galileu. Os protestantes fariam muito bem se olhassem para esse fato e aprendessem com ele.”

Outros teólogos dizem que os cristãos não podem mais se dar ao luxo de ignorar as evidências do genoma humano e dos fósseis apenas para manter uma visão literal de Gênesis. ”Este assunto é inevitável”, diz Dan Harlow do Calvin College. ”Os evangélicos precisarão enfrentá-lo ou apenas enfiar a cabeça na areia. Se fizerem isso, perderão qualquer respeitabilidade intelectual que possuem.”

Albert Mohler, do tradicional Seminário Batista do Sul, explica: “No momento em que você diz ‘temos que abandonar nossa teologia para ter o respeito do mundo’, acaba ficando sem a ortodoxia bíblica e sem o respeito do mundo”.

Mohler e outros dizem que, se outros protestantes querem acomodar-se à ciência, não devem se surpreender se isso os fizer negar a fé.


Outra postagem interessante sobre o assunto CLICA AQUI


Via:PavaBlog


domingo, 11 de dezembro de 2011

Direita Versus Esquerda


 



esquerda acha que o homem é bom, mas vai mal – e tende a piorar. A direita acredita que o homem é mau, mas vai bem – e tende a melhorar. A esquerda acusa a direita de fazer as coisas sem refletir. A direita acusa a esquerda de discutir, discutir, marcar para discutir mais amanhã, ou discutir se vai discutir mais amanhã e não fazer nada. (Piada de direita: camelo é um cavalo criado por um comitê). Temos trânsito na cidade. O que faz a direita? Chama engenheiros e constrói mais pontes. Resolve agora? Sim, diz a direita. Mas só piora o problema, depois, diz a esquerda. A direita não está preocupada com o depois: depois é de esquerda, agora é de direita.

Temos trânsito na cidade. O que faz a esquerda? Chama urbanistas para repensar a relação do transporte com a cidade. Quer dizer então que a Marginal vai continuar parada ano que vem?, cutuca a direita. Sim, diz a esquerda, mas outra cidade é possível mais pra frente. A direita ri. “Outra” é de esquerda. “Isso” é de direita. 

Direita e esquerda são uma maneira de encarar a vida e, portanto, a morte. Diante do envelhecimento, os dois lados se dividem exatamente como no urbanismo. Faça plásticas (pontes), diz a direita. Faça análise, (discuta o problema de fundo) diz a esquerda. (“filosofar é aprender a morrer”, Cícero). Você tem que se sentir bem com o corpo que tem, diz a esquerda. Sim, é exatamente por isso que eu faço plásticas, rebate a direita. Neurótica! – grita a esquerda. Ressentida! – grita a direita. A direita vai à academia, porque é pragmática e quer a bunda dura. A esquerda vai à yoga, porque o processo é tão ou mais importante que o resultado. (Processo é de esquerda, resultado, de direita). Um estudo de direita talvez prove que as pessoas de direita, preocupadas com a bunda, fazem mais exercícios físicos do que as de esquerda e, por isso, acabam sendo mais saudáveis, o que é quase como uma aplicação esportiva do muito citado mote de Mendeville, de que os vícios privados geram benefícios públicos — se encararmos vício privado como o enrijecimento da bunda (bunda é de direita) e benefício público como a melhora de todo o sistema cardio-vascular. (Sistema cardio-vascular é de esquerda). 

Um estudo de esquerda talvez prove que o povo de esquerda, mais preocupado com o processo do que com os resultados, acaba com a bunda mais dura, pois o processo holístico da yoga (processo, holístico e yoga são de extrema esquerda) acaba beneficiando os glúteos mais do que a musculação. Dieta da proteína: direita. Dieta por pontos: esquerda. Operação de estômago: fascismo. Macrobiótica: stalinismo. Vegetarianismo: loucura. (Foucault escreveria alguma coisa bem interessante sobre os Vigilantes do Peso). Evidente que, dependendo da época, as coisas mudam de lugar. Maio de 68: professores universitários eram de direita e mídia de esquerda. (“O mundo só será um lugar justo quando o último sociólogo for enforcado com as tripas do último padre”, escreveram num muro de Paris). Hoje a universidade é de esquerda e a mídia, de direita. As coisas também mudam, dependendo da perspectiva: ao lado de um suco de laranja, Guaraná é de direita. Ao lado de uma Coca-Cola, Guaraná é de esquerda. Da mesma forma, ao lado de um suco de graviola, pitanga ou umbu (extrema-esquerda), o de laranja vira um generalzinho. (Anauê juice fruit: 100% integralista). 

Leão, urso, lobo: direita. Pinguim, grilo, avestruz: esquerda. Formiga: fascismo. Abelha: stalinismo. Cachorro: social democrata. Gato: anarquista. Rosa: direita. Maria sem-vergonha: esquerda. Grama: nacional socialismo. Piscina: direita. Cachoeira: esquerda. (Quanto ao mar, tenho minhas dúvidas, embora seja claro que o Atlântico e o Pacífico estejam, politicamente, dos lados opostos aos que se encontram no mapa). Lápis: esquerda. Caneta: direita. Axilas, cotovelo, calcanhar: esquerda. Bíceps, abdomem, panturrilha: direita. Nariz: esquerda. Olhos: direita. (Olfato é sensação, animal, memória. Visão é objetividade, praticidade, razão). Liquidificador é de direita. (Maquiavel: dividir para dominar). Batedeira é de esquerda. (Gilberto Freyre: o apogeu da mistura, do contato, quase que a massagem dos ingredientes). Mixer é um caudilho de direita. Espremedor de alho é um caudilho de esquerda. Colher de pau, esquerda. Teflon, direita. Mostarda é de esquerda, catchupe é de direita – e pela maionese nenhum dos lados quer se responsabilizar. Mal passado é de esquerda, bem passado é de direita. Contra-filé é de esquerda, filé mignon é de direita. Peito é de direita, coxa é de esquerda. Arroz é de direita, feijão é de esquerda. Tupperware, extrema direita. Cumbuca, extrema esquerda. Congelar é de direita, salgar é de esquerda. No churrasco, sal grosso é de esquerda, sal moura é de direita e jogar cerveja na picanha é crime inafiançável. 

Graal é de direita, Fazendinha é de esquerda. Cheetos é de direita, Baconzeetos é de esquerda e Doritos é tucano. Ploc e Ping-Pong são de esquerda, Bubaloo é de direita. No sexo: broxada é de esquerda. Ejaculação precoce é de direita. Cunilingus: esquerda. Fellatio: direita. A mulher de quatro: direita. Mulher por cima: esquerda. Homem é de direita, mulher é de esquerda. (mas talvez essa seja a visão de uma mulher – de esquerda). Vogais são de esquerda, consoantes, de direita. Se A, E e O estiverem tomando uma cerveja e X, K e Y chegarem no bar, pode até sair briga. Apóstrofe ésse anda sempre com Friedman, Fukuyama e Freakonomics embaixo do braço. (O trema e a crase acham todo esse debate uma pobreza e são a favor do restabelecimento da monarquia). 

“Eu gostava mais no começo” é de esquerda. “Não vejo a hora de sair o próximo” é de direita. 

Dia é de direita, noite é de esquerda. Sol é de direita, lua é de esquerda. Planície é de direita, montanha é de esquerda. Terra é de direita, água é de esquerda. Círculo é de esquerda, quadrado é de direita. “É genético” é de direita. “É comportamental” é de esquerda. Aproveita é de esquerda. Joga fora e compra outro, de direita. Onda é de direita, partícula é de esquerda. Molécula é de esquerda, átomo é de direita. Elétron é de esquerda, próton é de direita e a assessoria do neutron informou que ele prefere ausentar-se da discussão. 

To be continued (para os de direita)  Under construction (para os de esquerda) 
Autor: Antonio Prata é escritor. Nasceu em São Paulo em 1977. Publicou alguns livros de contos e crônicas, entre eles “Meio Intelectual, Meio de Esquerda” (Ed. 34), e escreve no caderno Cotidiano da Folha às quartas-feiras via

Via Conexão da Graça

http://omundodaanja.blogspot.com/2011/10/direita-versus-esquerda.html

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Todo cristão deve estar aberto a uma compreensão cada vez mais exata da verdade




Por Afonso Celso Figueiredo

Todo cristão deve estar aberto a uma compreensão cada vez mais exata da verdade. Por difícil e estranho que nos possa parecer, isto tem de ser aplicado de maneira especial ao tema da homossexualidade.

Obriga-nos o compromisso com a verdade declarar que há paradigmas diferentes de leitura da Bíblia, e que a partir de paradigmas diferentes de leitura podemos chegar a conclusões diferentes a respeito dos mesmos textos bíblicos.
                                                                                                                                                    

No que concerne à homossexualidade, apoiando-se em uma leitura fundamentalista há cristãos que a consideram pecado por ser contrária à natureza (o que quer que se entenda por esse termo). Outros grupos, entretanto, fundamentados em uma leitura histórico-crítica da Sagrada Escritura chegam exatamente à afirmação contrária: a homossexualidade não é pecado, exatamente por ser uma condição natural dentro do panorama geral da sexualidade humana.

Questionado sobre a pecaminosidade ou não da homossexualidade, tenho para mim que qualquer líder cristão deveria deixar claro que há tal pluralidade de opiniões, esclarecendo, com imparcialidade seus rebanhos a respeito de todos os argumentos em que se apoiam.

Agora, uma igreja pode falar que negros são sujos, são uma sub-raça e que merecem voltar à condição de escravos, porque essa é a vontade eterna e imutável de Deus que estaria expressa na Bíblia? Pode dizer que mulheres são seres inferiores, que não podem trabalhar e estudar, e que devem ser propriedade dos maridos? Pode dizer que pessoas com deficiência física são incapazes e por isto devem ser afastadas do convívio social por não serem ‘normais’? Não, não podem. Da mesma forma, que igrejas não poderão dizer que ser gay é uma doença mental, que tem tratamento, que uma pessoa gay nunca poderá ser feliz e que tem de se ‘regenerar’, pois afinal, isso desborda da sua competência.

Afinal, a homossexualidade (na verdade, a sexualidade humana em geral) só recentemente tem sido objeto de estudo científico; o que nos autoriza a pensar que ela fica à margem da Bíblia, da tradição e da reflexão teológica. Afinal, sabemos hoje muito mais do que S. Paulo ou do que os Padres da Igreja sobre a fisiologia e a psicologia da atividade sexual.

Provavelmente isso dará um pouco mais de trabalho para os adeptos da leitura fundamentalista da Bíblia: terão de estudar mais, terão de se apropriar de outros métodos hermenêuticos e exegéticos, para dizerem às suas congregações que a leitura literalista da Bíblia não é a verdade absoluta.
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