sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Relacionamento aberto: psicanalistas divergem - Perdas e ganhos dos casamentos abertos

Perdas e ganhos dos casamentos abertos

União mais honesta ou imaturidade? As opiniões de Regina Navarro Lins e Flávio Gikovate sobre o poliamor

Ricardo Donisete, especial para o iG São Paulo



Com uma admirada relação de 18 anos com a atriz Julia Lemmertz, o global Alexandre Borges, de 45 anos, causou polêmica em entrevista recente ao declarar que o casamento aberto pode ser sim uma opção de relacionamento. Para a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, relações que abrem mão da exclusividade sexual são tendência para o futuro. Mas qual futuro é esse? “Não é possível fazer uma previsão precisa, em 10, 20 ou 30 anos”.

Na opinião de Regina, os modelos tradicionais de relacionamento não estão dando conta de atender as necessidades de grande parte da população. “O número de pessoas infelizes, insatisfeitas e frustradas no casamento é imenso. Por quê? Porque nós vivemos sobre o mito do amor romântico, que prega várias mentiras: que as pessoas vão se transformar numa só, que nada mais vai lhe faltar, que o amado vai te completar em tudo, que quem ama só tem desejo pelo amado, não tem desejo por mais ninguém. É calcado na idealização”, analisa a psicanalista. Flávio Gikovate, psicoterapeuta e autor de vários livros, entre eles “Uma história do amor... Com final feliz” (MG Editores), discorda da ideia de que o casamento aberto possa ser cada vez mais comum. “Em minha experiência clínica e numa visão realista, não vejo os casais buscando esse tipo de contexto. A infidelidade exclusivamente sexual continua não sendo interessante para a maioria das mulheres, de modo que muitas acabam se envolvendo sentimentalmente. O envolvimento sentimental fora do casamento é sempre problemático e com frequência acaba sendo causa de separação”, aponta ele. “O casamento aberto é uma tentativa de conciliar o aconchego romântico com a liberdade das pessoas solteiras, e isso não creio que venha a funcionar. Não creio sequer que venha a ser ansiado pelas pessoas mais vividas e maduras”, completa. 


A ideia do casamento aberto floresceu de maneira mais evidente nos anos 60 e 70, como uma das inúmeras consequências do surgimento da pílula anticoncepcional. “A ideia era dar liberdade sexual especialmente para as mulheres e para quem já estava casado e não havia tido experiências sexuais com outros parceiros antes do casamento, que acontecia muito mais cedo e com as moças inexperientes”, explica Gikovate.

Na época, ficaram famosas as chamadas “Festa das Chaves”, bem representadas no filme “Tempestade de Gelo” (1997), estrelado por Kevin Kline e Sigourney Weaver. Nessas ocasiões, os casais colocavam as chaves dos seus carros em um pote. No final da noite, as mulheres pegavam um chaveiro qualquer no recipiente e passavam a noite com o dono dele, que obviamente não poderia ser o seu marido. 

Apesar de aberto, o casamento que permite relações extraconjugais também tem regras. “Toda relação é regida por códigos, que podem ser verbalizados ou não. As pessoas combinam o que elas querem pra vida delas. Algumas pessoas exigem que o outro conte. Eu acho uma bobagem, você tem que ter um espaço só seu, que o outro não entra. Eu já vi casais que dizem: ‘você só pode transar uma vez com cada pessoa’”, conta Regina. “Às vezes não precisa dizer ‘não gosto disso ou daquilo’, basta um comentário sobre um filme que você viu, o jeito que você conta, o sorriso que você dá. O outro vai percebendo o que você espera da relação e o que não espera”, prossegue a psicanalista. 

“A regra é que não pode haver envolvimento emocional. Isso é curioso, pois não é coisa que se decide”, comenta Gikovate, jogando “água fria” na ideia do poliamor. “A monogamia não é natural e isso parece impressionar muito algumas pessoas. Acontece que quase tudo o que fazemos é antinatural: aprender a não urinar na cama durante a noite, respeitar as regras básicas de etiqueta”, continua o psicoterapeuta. “Outro aspecto é a dificuldade atual de homens e mulheres de aceitarem limitações ao pleno exercício de seus desejos, coisa própria de uma cultura que não valoriza esforços e sacrifícios e está sempre muito voltada para o prazer – como se todos tivéssemos nos transformado em crianças mimadas que não podem ser frustradas ou contrariadas”, finaliza. 

Na defesa das relações múltiplas, Regina diz que as pessoas só precisam responder a duas questões quando estão numa relação. “As pessoas não têm que se preocupar se o seu parceiro transa ou não transa com alguém. Homens e mulheres só deviam responder: Me sinto amado? Me sinto desejado? Se a resposta for sim para as duas, o que outro faz quando não está comigo não me diz respeito, não é da minha conta. Se as pessoas entendessem isso, iam viver muito melhor”, sentencia.


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

David Garrett - Smells like Teens Spirit live @ Berlin [HQ]

David Garrett - November Rain - Berlin 08.06.2010

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Uma carta aberta aos pais (um lamento e um alerta pela morte do pequeno do David)



     Esta semana um acontecimento trágico ocorrido dia 22 quinta feira, colocou fim à vida do pequeno David, fato este que me abalou profundamente, talvez porque eu tenha um filho da mesma idade, mas não só por isto, mas por eu ser humano e estar sempre aprendendo a comungar da dor de meu próximo. Quero primeiro prestar minhas condolências à família do pequeno David e dizer a seus pais que não sou capaz de alcançar a dor pelo qual eles estão passando. É algo inimaginável que só quem sente sabe a dor que causa tamanha perca. Inda mais sendo da forma que foi, com a arma do próprio pai. Amado, receba meu abraço, sou militar e por isto sei como é ter uma arma em casa, embora eu não mais possua uma.
                Bom não quero alongar-me nesta carta que é um lamento e um alerta a nós pais, não quero jamais que esta carta venha a ser interpretada como oportunista, mas um lamento e um alerta de um pai que poderia estar passando pela mesma dor.
                Quero fazer um alerta para que nós pais estejamos sempre vigilantes com o que nossos filhos têm visto na televisão, na net e principalmente nos vídeo games, pois é sabido como isto pode influenciar de forma negativa uma criança. Eu tendo um filho com esta idade, não consigo ver como uma criança em tão tenra idade pôde ou pode conceber tamanha agressão, não só contra a sua professora, mas principalmente contra sua própria vida.
Outro fato que me chama a atenção é o motivo especifico que o levou a tal atentado contra aquela professora propriamente dito, pois já é de conhecimento que são três professoras. Fico me perguntando, porque contra aquela e não contra a primeira ou a segunda que estiveram na sala antes? Bom, não quero acusar a professora sem sequer conhece-la (espero que esteja bem e em plena recuperação), mas como tenho dois filhos nem escola pública sei bem como funciona e como as professoras tratam seus alunos. Na escola onde meus filhos estudam tivemos que nos dirigir à direção da escola para que mudasse meu filho caçula de sala, isto porque o simples fato da professora fazer um pedido se transformava em ordem para ele, a ponto do pequeno (apenas sete anos) chorar caso não fosse possível atender ao pedido (ordem) da professora (cito como exemplo, pedidos de prendas e coisas assim para que os alunos levassem para escola). O medo de meu filho fez com que eu observasse com mais atenção como a professora tratava não só meu filho, mas também a outros alunos. E confesso fiquei estarrecido com o que vi. E é para isto que eu quero chamar a atenção, para que nós pais possamos perceber qualquer mudança de comportamento de nossos filhos, pois em alguns casos, o buylling  vem da educadora e não de colegas de classe, é lamentável mas é esta a dura realidade das escolas publicas.
Termino esta carta fazendo um pedido a nossos governantes para que olhem para nossas crianças que são o futuro de nosso país e invistam mais em educação e que escolham professores aptos para o ensino e que além de mestres sejam humanos.
Deixo uma pergunta:
Como será o futuro de nosso país se não houver uma mudança radical nas mentes de nossos governantes?
Aos pais do pequeno David digo que nada pode aplacar tal dor, sei que se sentem abandonados por Deus, mas na verdade só Ele pode ajudar a superar tamanha dor.

De um pai que muito se comoveu com este trágico acontecimento,

Anderson Luiz de Souza.



                

domingo, 25 de setembro de 2011

Leia o poema Luar ouvindo "Claire de Lune" - L. V. Beethoven (poema By Anderson)


Luar…

Lua que brilha sobre o brilho dos olhos,
Inspira, embala, encanta e desencanta sonhos
Lua dos amantes, dos amados e abandonados…

Traz seu brilho sobre lágrimas de olhos amargurados,
Traz seu brilho sobre o brilho de olhos apaixonados.
Traga seu brilho sobre o brilho dos meus olhos ainda molhados…

E a noite que me trazes, eu trago como a um cigarro,
Tragai-me! E beberei a ti mais um trago.
Traz pra mim o brilho da noite
E dos olhos molhados.

Traga-me e eu lhe trago.
E a noite será de choro e gozo
E a paixão será de canto

E a vida é o encanto
E a ti LUA, eu canto.
E, sempre termino assim...

Encantado sigo e sigo-a.
Cubra-me com teu manto?
E a teus pés respiro e suspiro.


E à noite, boa noite...



Anderson L. de Souza

Red Hot Chili Peppers - Give It Away - Live Cologne alemanha Germany 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FIM DO MUNDO PARA ALGUNS PODE SER O COMEÇO PARA OUTROS. (Pr. Victor Orellana)




 

Se a pessoa é atéia ou crê em Deus, isso não importa, o que importa é se ela tem bom coração, se ela é uma pessoa boa. Até a pessoa dita mais cheia de fé algum dia pode se deparar com o vazio existencial, a vida sem sentido, e isso não é culpa dela e nem de ninguém, e nem de seus projetos. Madre Teresa no fim de sua vida descobriu que já não tinha fé em Deus, mas isso não tira os méritos que ela ganhou com sua dedicação a vida inteira ao seu próximo. Anne Rice, escritora e cética convicta, viu seu mundo construido se abalar e ruir quando passou pela experiência do falecimento de seu irmão amado, o que a levou a repensar o valor da existência e ressignificar os projetos de sua vida, ela começou então a crer numa transcendência fora o que pode se ver. Pessoas com fé podem se sentir agradecidos por ela, pessoas sem fé podem se sentir gratificados sem ela, para ambos, vale lembrar que tanto o sentido da religião para os que crêem como o da vida para os que não crêem está no próximo, o que pode ser visto, o colega que está no mesmo barco, o verdadeiro humanismo que estreita as relações entre as pessoas. O importante é termos essa sensibilidade de que nossa vida tem relação com "o outro" e sem essa relação seriamos menos do que somos e sem significado, então, compreensão e ser sensível com o ser humano e suas nuances urge, não nos voltemos contra o nosso próximo que está no mesmo caminho, seja fanático, seja ateu, seja presidiário, seja prostituta, etc. Cada um tem o seu quinhão nesta vida e nesta terra, alguns mais felizes outros menos felizes mas igualmente importantes na rede da vida social e holística e, conhecendo a práxis de Jesus como a conheço, ele não estava muito longe de um pensamento assim, convergente e harmonioso com base na vida e na dignidade humana. Nos amemos enquanto há tempo, porque muitos já não tem tempo por perderem tempo.


É hora de estreitar os laços.


Paz perene.


Pastor Victor Orellana
Victor Orellana

Um texto que minha esposa leu no blog de um pastor amigo e fez com que ela fizesse uma pergunta.

Diante deste texto do sábio pastor Leandro (que ele não veja que estou o chamando de pastor rsrs) uma pergunta veio em minha mente, decidi publicar o texto e também a resposta de meu amigo Leandro.


“SODOMIZADOS” Espiritualmente...




A crise não nasce somente de uma situação específica que se torna insuportável. A crise é um estado extremado de diversidades de situações em conjunto, que agregadas tornam-se insuportáveis, conduzindo os indivíduos à loucura por alguma solução. Analisar a crise de forma sistemática é um erro terrível, que nos faz buscar calar a dor e não curar a doença. É fato que há muito tempo focamos nossas criticas em diversos seguimentos evangélicos, representantes religiosos, etc. Como se estes fossem os reais culpados por toda esta situação caótica em que se encontra a religião evangélica na atualidade. Devemos reconhecer que o que vivenciamos é apenas uma generalização de uma série de outras situações que há anos atrás foram vistas de forma displicente. Hoje estamos apenas a suportar em estado vegetativo a força dos cânceres que foram carcomendo a ética desta religião.

Das formas mais bizarras fomos “sodomizados” espiritualmente com uma multidão de doutrinas que corromperam a fé cristã, atirando as palavras do Cristo no lixo e tornando o que havia de mais belo no cristianismo em atitudes legalistas e apavorantes. Na atualidade quando se fala em cristianismo (em especial evangélico) facilmente foge das mentes aquele antigo sentimento que fazia referência aos portadores de esperança. Ao invés, somos alvo de olhares condenadores que nos apontam como cúmplices destas corjas de bandidos e criminosos, que invadem a televisão brasileira em nome do seu cristo bizarro, defecando nos lares através de seus programas pútridos e gananciosos.

Entretanto é verdade que os grandes culpados por toda esta imundice somos nós, que em grande maioria nos cognominamos como cristãos, mas desconhecemos as verdades do Cristo. Falo sem medo que mais do que 50% dos ditos cristãos na atualidade são participantes de perfis de religião que podem ser comparados com ideologias fundamentalistas bizarrentas, do que com a filosofia do cristo. Sendo que também grande parte desta parcela acaba por tornar o cristo em instrumento de negociação e capital, atraindo multidões em busca do cristo lucrativo. Poderia facilmente apontar muitos culpados, a começar pelos de minha época que aceitaram a teologia destes malditos pregadores norte americanos como o Essek. M Kenyon, Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Benny Hinn, entre outros mercadores do mal. Lamentável é perceber que hoje os que criticam esta corja, no passado iam até aos aeroportos brasileiros festejar a chegada dos mesmos, estendendo o tapete vermelho. Os mesmos imbecis que iam às igrejas de porta em porta divulgar e vender os seus livros.

Ainda assim eu seria superficial não percebendo que este câncer em meio ao cristianismo é muito mais antigo. Ele veio tomando formas diferentes, em tempos diferentes, instituições diferentes, dançando na língua de pregadores diferentes. Teve sua forma maquiada na reforma, embalou-se no colo de movimentos carismáticos, contudo é certo que ele tem por caminho uma história muito anterior a qualquer um destes eventos. Sei que hoje a religião cristã esta doente sofrendo de uma diversidade de doenças e patologias, mas se buscarmos na história se descobrirá rastros de pessoas e pensadores que indicaram este mal há muito tempo tolerado. Tolstói, Nietzsche, Voltaire, Rousseau, David Hume, Vitor Hugo, Dostoievski, dentre outros tantos que poderiam ser citados, foram interpretados em seu tempo como inimigos da “igreja” e da religião. Foram tachados como Ateístas, pelo simples fato de criticarem ferozmente o mesmo problema.  Em seu tempo estes se negavam a aceitar as regras impostas pelas instituições religiosas vigentes, e acabaram por cair em abandono e marginalização. Como forma de cultivar a sua espiritualidade, encontraram na critica uma forma de gritar por socorro.  É fato que todos em seus recônditos buscaram expressar sua forma de fé, e muitos vieram a compor para Deus algumas das mais lindas orações escritas até hoje. Como exemplo cito parte deste texto de Nietzsche:

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.


Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou Teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou Teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.


Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.



(Friedrich Nietzsche [1844-1900] em Lyrisches und Spruchhaftes [1858-1888].) Tradução: Leonardo Boff. O texto em alemão pode ser encontrado em Die Schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-1,2 ou em F. Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994)

Que Deus faça esta à oração de todos que em meio a este lamaçal teológico buscam sobreviver a este câncer. Diante de tantas crises e tumores que nos saltam aos olhos, que possamos sobreviver a este antigo mal que vulgarmente atribuímos o nome de “casa de Deus”, mas que nada mais é do que a institucionalização da religião.

Leandro Barbosa

Segue a pergunta e a resposta:



Tenho a muito percebido este mal, este engodo pelo qual nossas igrejas têm estado não tenho ido a nenhuma, embora isto possa de alguma forma prejudicar meus filhos (dez e sete anos), e por isto estou me sentindo um tanto perdida, pois é difícil alguém que tem um mínimo de senso e inteligência (ainda mais tendo já cursado teologia), sentir-se a vontade em meio a tanta mediocridade e hipocrisia. Estou meio perdida sobre o que fazer por estar em dúvida se ainda compensa levar meus filhos a esta igreja corrupta para ouvir msg corrompidas que nos são entregues por pastores confusos, medíocres, hipócritas e corruptos. Este é meu dilema, levo-os ou não? Me diz, o que você faria em meu lugar? 



Nossos filhos Samuel e Thiago



Lutero tem um posicionamento muito interessante sobre este assunto, e eu compartilho dos mesmos pensamentos. Em certo momento ele foi questionado sobre o caso de cristãos não encontrarem uma congregação descente para participarem, e diante da pergunta ele se posicionou da seguinte maneira. Ele instruiu aquele grupo a na falta de um grupo e liderança saudáveis, o líder do lar deveria assumir a posição sacerdotal em seu lar, e instruir a sua família de forma equilibrada a uma espiritualidade saudável. Na questão de liderança espiritual Lutero era muito plural, e não fazia uma divisão clerical em sua visão sobre a igreja. Ele considerava que todos eram iguais na igreja de Cristo, existia apenas uma diferenciação de chamado. Usei este exemplo para exemplificar a minha opinião sobre o assunto. Assim como eu acredito que a espiritualidade é individual, também acredito que a verdadeira igreja acontece dentro de nós. Então assim como ela se desenvolve em nosso interior, nós a representamos e participamos da mesma em todos os lugares. A pergunta que fica é: Porque não tornar nosso lar parte desta igreja e desta espiritualidade?

Creio que dar testemunho, ser cordial, são coisas básicas que refletem nas pessoas a nossa volta, o que dirá aos mais próximos? Jesus disse que onde houvesse dois ou mais reunidos em seu nome, ali ele estaria. Porque não trazer Jesus para dentro de nossas conversas e vivencias familiares? Porque naqueles momentos difíceis na vida de nossos familiares, não debatemos ou tratamos de nossa espiritualidade como algo incluso a nossa essência? Porque não escolhemos um momento onde se faça uma refeição e em meio às conversas não façamos de forma natural o nosso momento com Deus? Não de forma metódica, religiosa, mas deixando naturalmente fluir sabendo que para Deus o todo de nossa vida é interessante, não só as que consideramos como “espirituais”. Creio que por mais que tentemos controlar o mundo a nossa volta, é ilusão pensar que ele está sobre controle. Assim como nós teremos de escolher o nosso caminho, um dia nossos familiares também o terão. E nesta caminhada o que fará diferença será o legado que deixamos como testemunho para estes, a forma como lhes falamos sobre Jesus, em principal a devoção que reconheceram em nós, e com certeza digo: Não há maior legado e herança do que este. Não somos responsáveis pelas escolhas de nossos filhos, mas somos responsáveis pelas opções que lhes ensinamos. Tem um texto bíblico que exemplifica bem isso, que é muito gasto por grande maioria das pessoas: 

“Ensina o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Pv 22.6) 

Por mais engraçado e clichê que pareça, muitos interpretam este texto de forma errada. Eles crêem que se ensinarmos bem os filhos, (eles) não vão se desviar do caminho, mas se analisarmos o texto está falando o contrário. Ele diz que se ensinarmos bem o caminho, este (o caminho) não vai se desviar do menino. É o contrário! Por mais que amemos nossos filhos e desejemos o melhor, em um momento da vida eles farão as suas escolhas. A modelo de Cristo cabe a nós estarmos lá para auxiliá-los nas boas e nas más escolhas. Não é fácil a tarefa de educar e ensinar,  o melhor professor é aquele que faz do seu entorno uma forma de ensino. Lembre-se, a igreja não é apenas um grupo, ela é o todo! Quando entendemos isso, o mundo passa a ser a nossa igreja. Isso vale em especial para o nosso lar, os mandamentos não podem estar somente no papel, e sim devem estar em nosso coração para serem amados, e isso começa em casa. Espero ter ajudado! 

Leandro

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O SENHOR DA DANÇA (Pr. Victor Orellana)



Nietzsche disse "Não acredito num Deus que não possa dançar"...

Talvez se não analisarmos o contexto social e talvez o que Nietzsche queria dizer com a expressão, talvez percamos o sentido do que ele objetivava. Acredito que Deus dançava em Jesus, mas é pertinente salientarmos que a religião sempre assumiu posturas austeras, as pessoas escutam sobre fé e já imaginam um código de regras em que são proibidas de beber, de dançar, etc. Devemos nos lembrar sempre que Jesus não transformou vinho em água, mas água em vinho, ele é um convite a uma valsa, e não vejo isso apenas simbolicamente, não é errado dançar, nem beber. Celebrar um Deus lúdico, que colocou a criatividade em nós é dissociar-se de velhas e caducas formas de imaginá-lo. Sobre os modelos errados de fé que carregamos, talvez seja necessário dizer o que o teólogo André Musskopf salienta quando diz que "devemos resgatar nossa corporeidade que foi sequestrada" por uma teologia que abomina o corpo e enfatiza só a alma, lembremo-nos dos graciosos cristãos Shakers que usavam da dança uma maneira de adorarem à Deus e festejarem-no, talvez se João Calvino crê-se num Deus menos juiz e mais dançarino, ele tivesse vivido mais o amor ao próximo e não tivesse castigado alcoólicos e jogadores, nem mandado matar "bruxas" e queimado na fogueira o antitrinitário Miguel Servet. Que tragamos sempre em nossas mentes que Deus não é repressor nem opressor, mas acima de tudo restaurador, amantíssimo, eternamente apaixonado pelo ser humano, não nos cansemos de usar metáforas humanas das melhores para entendermos o modo como ele se relaciona conosco. Hoje mesmo ele te estende a mão mais uma vez e te convida para uma dança, a dança da celebração da vida, um brinde à mesma, que jamais terminará, efetuando-se suas passadas para toda a eternidade.

Pastor Victor Orellana

terça-feira, 20 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

Banda Catedral-Cotidiano ( Acústico )

MMA Gospel: Pastor M x Bispo M x Cantora A



Por Ciro Sanches Zibordi

Recebi a informação de que, neste fim de semana, o famoso telepregador M falará contra o afamado telebispo M, que, por sua vez, afirmou que 99% dos cantores evangélicos estão endemoninhados e verberou contra a célebre tele-adoradora A. Não perca mais um grande combate do MMA Gospel!

Já critiquei, e muito, parte do “mundo gospel”. Entretanto, considerei para lá de generalizante e caluniosa a opinião do bispo M a respeito dos cantores evangélicos. Mesmo assim, não a supervalorizei, visto que não espero coisas boas de quem defende abertamente o aborto, propaga a falaciosa Teologia da Prosperidade e adota uma postura exclusivista, características que evidenciam pseudocristianismo.

Quanto ao pastor M, ele sairá em defesa da cantora A e dirá algumas verdades sobre os desmandos do bispo M e sua emissora de TV. Mas cometerá um grande erro ao defender o aberrante “cair no Espírito”, que nada tem a ver com o genuíno culto a Deus. Aliás, o pastor M fará, inclusive, uma menção honrosa do show-man Benny Hinn, que não merece crédito nenhum.

Muitos servos de Deus estão assustados com o MMA Gospel, que é o assunto do momento em diversas mídias (televisão, rádio, sites, blogs, Twitter, Facebook, Orkut, etc.). Mas isso nos faz refletir sobre dois versículos contidos no livro de Salmos: “Na verdade, que já os fundamentos se transtornam; que pode fazer o justo?” (11.3); “Salva-nos, SENHOR, porque faltam homens benignos; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens” (12.1).

Os justos e fiéis são poucos, nesses últimos dias. Mas não devem se portar como meros espectadores. Se somos mesmo justos e fiéis, combatamos o bom combate, revestidos de toda a armadura de Deus. Soframos a aflição como bom soldados de Cristo. Oremos pela igreja brasileira. Preguemos o Evangelho. Sejamos sal e luz neste mundo tenebroso.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

OS APÓSTOLOS INVENTADOS


Apostolos é derivado de apostellö – verbo grego enviar. Foi usado pela primeira vez na linguagem marítima que significa um navio de carga ou uma frota enviada. Depois o termo passou a ser usado para um comandante de uma expedição naval. Somente em duas passagens em Heródoto é que apóstolo significava um emissário como pessoa individual. Flávio Josefo emprega a palavra para um grupo enviado numa missão (Os judeus enviados para Roma – Ant. DITNT, Colin Brown). O primeiro a usar a palavra no NT foi o primeiro evangelista. Marcos chama os discípulos de Jesus de apostoloi (Mc 6.30). Da mesma forma, todos os outros evangelistas sinóticos os chamam também (Mt 10.2; Lc 9.10; At 4.33). João, no seu Evangelho, apenas os chama de hoi dödeka / os Doze (Jo 6.67-70); porém, no Apocalipse João deixa claro que os reconhecia como ton dodeka apostolon tou arniou / dos doze apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14). Nas cartas do Apocalipse, Jesus reconhecia que alguns se diziam apóstolos, mas não eram de fato. Ele os chamou de mentirosos (Ap 2.2). Tiago, Barnabé e Paulo foram considerados pela Igreja como apóstolos na mesma autoridade dos doze de Jesus. O próprio Lucas o reconheceu como apóstolos juntamente com Paulo (At 14.14). Paulo também tinha plena convicção que Barnabé era um apóstolo (1 Co 9.5,6). O contexto era de apóstolos reconhecidos pela Igreja, pois ele fala de Cefas, os irmãos do Senhor e inclui Barnabé como fazendo parte desse círculo. Na carta aos Gálatas, Paulo novamente cita Barnabé num contexto de apóstolos com autoridade reconhecida (Gl 2.9). Portanto, fica claro que além dos doze apóstolos, havia um grupo que a Igreja reconhecia como apostoloi tou Christou encerrado em Paulo. Ele afirma isso quando diz que era um nascido fora do tempo (1Co 15.8), mostrando que Deus já tinha fechado o círculo de apóstolos autorizados na comunidade dos cristãos e que ele era o último comissionado.

A PALAVRA APOSTOLOS SENDO USADA NO SENTIDO GERAL

Apesar de que a palavra apostolos tenha tido um sentido técnico de enviado com autoridade de Cristo e sua designação limitada a somente alguns poucos da Igreja de Cristo, essa palavra foi usada no NT para enviado, servo como em Fp 2.25 que Paulo chama Epafrodito de apostolos. Os tradutores entenderam muito bem que o sentido era de um mensageiro, um enviado apenas, não um título ou um dom. João também coloca essa palavra nos discursos de Jesus quando escreve em Jo 13.16: nem o enviado maior que aquele que o enviou. Deixa claro que essa palavra ainda era usada na sua forma mais simples como alguém que era enviado para algum serviço ou um mensageiro de confiança. Jesus, nesse texto, confirma que todos nós podemos ser um enviado / apostolos.

Os apóstolos que são ordenados hoje em dia, são bem diferentes, veja o porque estou dizendo isso:
  1. Exigem autoridade acima dos pastores e
  2. Geralmente são de igrejas grandes e poderosas
  3. ou líderes de mega ministérios.
  4. Há uma hierarquia: os apóstolos ficam acima dos bispos e esses acima dos pastores.
  5. Há aqueles que precisavam ter um título acima dos apóstolos.
  6. Como não havia na Bíblia, criaram a seu bel prazer o nome de “paipóstolo”.
  7. Esse tipo de comportamento já desqualifica o que significava a palavra em si.

A INTERPRETAÇÃO DE EFÉSIOS 4.11

Tem-se que admitir que esse texto não é tão fácil de interpretação. Por isso a razão de tanta polêmica. Ao que parece os ministérios eram claros na igreja local e que não se precisava explicar detalhes. Porém, precisa-se fazer uso da Hermenêutica e da Exegese para que se possa perceber a intenção de Paulo. Uma regra de Hermenêutica clara de interpretação é atentar primeiramente para o contexto imediato do parágrafo e do livro. A comunidade cristã era ensinada que os apóstolos eram um número limitado, por isso que Paulo sempre começava suas epístolas com a famosa frase apostolos tou Iesou Christou / apóstolo de Jesus Cristo (Ef 1.1). Quando Paulo fala em apóstolos e profetas, precisa-se analisar que é na mesma designação dos textos do mesmo livro Ef 2.20 e 3.5. Paulo explica que a Igreja estava sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Cristo a Pedra Angular. A Igreja estava consciente de que não havia mais apóstolos com autoridade dos doze além daqueles poucos que Deus escolheu. Partindo disso que se pode analisar Ef 4.11. Não é porque Paulo incluiu os apóstolos e profetas entre evangelistas, pastores e mestres que obrigatoriamente Paulo esteja dizendo que tenha que ter apóstolos e profetas na igreja local, pois Paulo estava escrevendo de uma forma abrangente que Jesus concedeu dons aos homens (Ef 4.8) (o profeta que se fala aqui é aquele que tinha a autoridade de falar a Palavra de Deus inspirada). Isso implica dizer que essa abrangência incluiria até os apóstolos e profetas de número limitado. O que se entende é que Paulo deu a primazia aos fundamentos das Escrituras em primeiro lugar. Seria como se Paulo dissesse: Deus escolheu em primeiro lugar a sua Palavra falada pelos apóstolos e profetas, depois os evangelistas, pastores e mestres. Portanto, é duvidoso que haja apóstolos na igreja local simplesmente porque são citados juntamente com outros dons. No contexto do Novo Testamento ninguém poderiam ser apóstolo além daqueles que foram designados por Deus, pois eles eram os únicos que tinham autoridade de falar a Palavra de Deus com fidelidade. Assim sendo não posso concluir senão dizendo que o que passa disso é invenção dos evangélicos que querem um PAPA sobre eles e líderes que se candidatam e se promovem em cima da ingenuidade e do analfabetismo bíblico e teológico dos fiéis.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Comentando a postura de Ricardo Gondim sobre sua opinião a respeito do estado laico. (Anderson de Souza)

Link do vídeo on o pastor Ricardo Gondim explica a igreja que ele preside suas declarações:
http://www.tvbetesda.com.br/index.php?option=com_contushdvideoshare&view=player&id=105&catid=16


Bom, quero começar este comentário pedindo aos leitores que antes lessem a postagem anterior (mostrando a entrevista de Gondim a revista carta capital e um vídeo onde ele fala a igreja betesda sobre a entrevista). Penso que foi corajosa e louvável a postura do Pr. Gondim falando sobre estado laico, união homoafetiva e ao texto de sua autoria com o título "Deus nos livre de um Brasil evangélico"; concordo plenamente, pois com os "evangélicos" que hoje vemos nas igrejas, seria uma catástrofe para o país (pela corrupção do tais "evangélicos" visto que a maioria dos pastores que se envolvem com política são corruptos e/ ou estão de alguma forma envolvidos em alguma maracutaia politica escandalosa), e também para a democracia, pois como é sabido, a igreja supostamente estaria sobre o regime teocrático ( prevalecendo a vontade soberana de Deus), isto claro, supostamente, pois se assim fosse a igreja estaria com uma postura completamente diferente da que temos visto.

Li com muito bons olhos a entrevista e também o texto do pr. Gondim, mas já quanto ao vídeo, penso que ele tomou uma postura contrária a da entrevista. É fato que nem todas as relações homo são promíscuas, como também é fato que nem todas as relações héteros não são, ou seja, há hoje grande parte de casamentos héteros em que os casais estão unidos apenas por comodidade, filhos, status, e muitas outras coisas que nem preciso citar, fazendo com que busquem um subterfúgio (principalmente por parte do homem), há recursos extra-conjugais, creio que se faz desnecessário citar detalhes, para satisfazer seus desejos sexuais por mais estranhos que possam parecer. ISTO SIM É UMA RELAÇÃO PROMÍSCUA E PECAMINOSA! (cito apenas casamentos de evangélicos, pessoas e pastores que eu pessoalmente conheço).

Mas não vi com os mesmos olhos seu depoimento dado a igreja que o amado pr. Gondim preside a vinte anos, a Betesda. O que vi foi um lampejo de fraqueza, quero deixar claro que mesmo assim eu ainda tenho grande estima pelo amado pastor e acima de tudo, nutro por ele grande respeito, mas não posso deixar de falar que houve uma certa controvérsia,. Pois a meu modo de ver, se não há promiscuidade na relação (isto palavras do Gondim), então o que impediria dele fazer um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo? não vejo o porque de tal recusa, como ele mesmo cita no vídeo. Então sou levado a me perguntar: Seria bem vindo um homossexual na igreja Betesda? Seria um professor de classe, um presbítero ou evangelista? CREIO QUE NÃO!

Amados, deixemos de lado a hipocrisia e vamos sair de cima do muro! Este "papo" de pastor falar que se perceber que não é mais benção na igreja e não é mais bem vindo, sai espontaneamente, não passa de conversa fiada e manipulação e "muitaapelação"(adicionei esta palavra ao nosso dicionário), na verdade tudo o que o pastor quer quando diz isto é permanecer firme em seu "emprego", mesmo que para isto precise apostar de suas convicções. Temos que nos ater pregar a palavra da Verdade, o evangelho puro e simples de Cristo, nada mais, mesmo que isto nos custe a vida, ou até mesmo, nossos empregos! Não é mesmo pastores?

Com amor em Cristo,

Graça e paz,

Anderson.

domingo, 11 de setembro de 2011

Entrevista do pr. Ricardo Gondim e vídeo depoimento.

Não deixe de verem o vídeo com o depoimento de Gondim em relação aos ataques que vem sofrendo, e explicando sua postura em relação a união homoafetiva e ao estado laico.
Segue o link:

http://www.tvbetesda.com.br/index.php?option=com_contushdvideoshare&view=player&id=105&catid=16


O pastor herege






“Deus nos livre de um Brasil evangélico.” Quem afirma é um pastor, o cearense Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal se expande com um projeto de poder e imposição de valores, mas em seu crescimento estão as raízes da própria decadência. Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais. Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”,  diz na entrevista a seguir.
CartaCapitalOs evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
Ricardo Gondim: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento do número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos se dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.
CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos moldes do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.
CC: O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
RG: Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da Igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, é o de facilitar a expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.
CC: O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
RG: O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way oflife de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos, de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é a de que Deus abre portas de emprego para os fiéis. Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?
CC: O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
RG: Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.
CC: Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
RG: Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.
CC: O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
RG: Sou a favor. O Brasil é um país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossensuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.
CC: O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
RG:  Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.
CC: Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
RG: Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.

Outro texto polemico de Gondim, mas confesso, ele está comberto de razão, portanto:

Deus nos livre de um Brasil evangélico
Ricardo Gondim


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”. 
Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico. 
Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira). 
Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.
Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”? 
Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?
Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português. 
Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges. 
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando? 
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria. 
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos. 
Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante. 
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado. 
Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista. 
O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo. 
Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador. 
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

Soli Deo Gloria


Não deixe de verem o vídeo com o depoimento de Gondim em relação aos ataques que vem sofrendo, e explicando sua postura em relação a união homoafetiva e ao estado laico.
link:


http://www.tvbetesda.com.br/index.php?option=com_contushdvideoshare&view=player&id=105&catid=16



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