segunda-feira, 18 de julho de 2011

APOSTILA DE HAMARTIOLOGIA

HAMARTIOLOGIA






CONTEÚDO

Introdução

I. DOIS ASPECTOS NOS QUAIS O TEMA PODE SER VISUALIDADO

1.1. A natureza metafísica do pecado
1.2. A natureza moral do pecado
1.3. Como a discussão teológica sobre o tema mantém estes dois pontos de vistas

II. TEORIAS FILOSÓFICAS SOBRE A NATUREZA DO PECADO

2.1. Dualismo
2.2. Negação ou limitação do ser
2.3. Privação
2.4. Antagonismo necessário
2.5. Teoria Sensorial
2.6. Pecado consiste em egoísmo

III. A DOUTRINA DA IGREJA PRIMITIVA SOBRE O PECADO

3.1. As primeiras heresias
3.2. Primeiros pontos estabelecidos
3.3. A teoria pelagiana

IV. DOUTRINAS HISTÓRICAS SOBRE O PECADO

4.1. A doutrina agostiniana
4.2. A doutrina de Anselmo e Abelardo
4.3. A doutrina de Tomás de Aquino
4.4. A doutrina da Igreja de Roma
4.5. A doutrina Protestante

V. IMPUTAÇÃO DO PECADO

5.1. Definição da doutrina
5.2. Definição da palavra “imputar”
5.3. Entendendo a imputação
5.4. A base da imputação
5.5. Argumentos a favor da imputação

VI. O PECADO ORIGINAL

6.1. definição
6.2. A natureza do pecado original
6.3. Prova da doutrina do pecado original

VII. O RELATO BÍBLICO DA QUEDA

7.1. O relato de Gênesis 2.15-17; 3.1-6
7.2. Evidências de que este relato é histórico e não um mito ou lenda
7.3. As consequências deste ato
7.4. A árvore da Vida
7.5. A árvore do Conhecimento
7.6. A Serpente
7.7. A natureza da tentação
7.8.   Efeitos da queda

 


APOSTILA DE HAMARTIOLOGIA

SETEBAN- RO  – EXTENSÃO DE CACOAL

Pr. Pedro Rocha

Introdução: O fato da queda do homem é uma das questões mais difíceis e amplas, tanto em moral, como em teologia. Mas não é um assunto puramente moral ou teológico. Caí também dentro do âmbito da filosofia. Portanto todos os filósofos de todos os tempos e escolas se viram compelidos a discutir este tema. E as teorias filosóficas sobre o assunto são tão vasta quanto as diferentes escolas de filosofia. Já no campo da teologia esta grande questão chega para o teólogo cristão com certas limitações. Ele pressupõe a existência de um Deus pessoal de infinita perfeição, bem como a responsabilidade humana, ele não pode aceitar nenhuma teoria que venha  entrar em conflito com estes princípios  fundamentais. Muitos filósofos e até teólogos recorrem à razão, ou, melhor, à especulação, para decidir a questão que vamos estudar. Este método é irracional e com  certeza nos levará a falsas conclusões.

I. DOIS ASPECTOS NOS QUAIS O TEMA PODE SER VISUALIZADO


Quando se estuda sobre a natureza do  pecado podemos estudá-la a partir de dois aspectos: a natureza metafísica e a natureza moral. Vejamos:

1.1.      A natureza metafísica do pecado – As seguintes perguntas tratam desta natureza: O que é aquilo que chamamos pecado? Trata-se de uma substância, de um princípio ou de um ato? É privação, negação ou defeito? É antagonismo entre mente e matéria, entre alma e corpo? É egoísmo como sentimento ou como propósito?
1.2.      A natureza moral do pecado – Perguntas como as seguintes tratam da natureza moral: O que dá ao pecado seu caráter como mal moral? Como ele se relaciona com a lei? Com que lei o pecado se relaciona? Qual é a sua relação com a justiça de Deus? Qual é a sua relação com a santidade? Qual é a relação que o pecado tem ou pode ter com a lei; trata-se só de atos deliberados, ou também de ações impulsivas e de afetos, emoções e princípios, ou disposições?
1.3.      Como a discussão teológica sobre o tema mantém estes dois pontos de vistas – Em algumas teorias acerca da natureza do pecado, se mantém um dos dois aspectos; em outras, exclusivamente sob outro; e em outras, os dois pontos de vista são combinados. Não se propõe aqui tentar manter distintamente um  destes pontos de vistas, pois ambos estão envolvidos na discussão teológica do tema.


II. TEORIAS FILOSÓFICAS SOBRE A NATUREZA DO PECADO

2.1. Dualismo – É aquela teoria que pressupõe a existência de um eterno princípio do mal. Essa teoria foi amplamente disseminada por todo o Oriente, em diferentes formas parcialmente introduzida na igreja cristã. Segundo a doutrina dos Parsis, esse princípio original era um ser pessoal. Segundo os gnósticos, marcionitas e maniqueus, era uma substância ou matéria eterna. Estes dois princípios estão em perene conflito. Quando o homem foi criado este dualismo entrou na constituição humana. Pecado portanto é um mal físico; a contaminação do espírito por sua união com o corpo material; e deve ser combatido por meios físicos. Daí o ensino da eficácia da abstinência e da austeridade. Dificuldades desta teoria:

1.       Nega o teísmo ao fazer com que algo fora de Deus seja eterno e independente de Deus;
2.       Destrói a natureza do pecado como um mal moral, ao representá-lo como inseparável da natureza humana;
3.       Destrói a responsabilidade humana ao atribuir sua origem a uma fonte eterna e necessariamente operante.

2.2. Negação ou limitação do ser – Segundo esta teoria o ser, a substância, é bom. Deus como a substância absoluta é o bem supremo. Portanto, quanto menos ser, menos bem; e toda negação, ou limitação de ser, é má, ou pecado. Nesta teoria a distinção entre  bem e mal é, portanto, meramente quantitativa, uma distinção entre mais ou menos. O ser é bom; a limitação do ser é má. O pecado é um desenvolvimento imperfeito, ou a mera limitação do ser. Dificuldades  desta teoria:

1.       Ignora a diferença entre o mal físico e o mal moral;
2.       Pressupõe a veracidade do sistema panteísta do universo, negando a existência de um Deus pessoal;
3.       Destrói todo sentimento de dever moral, concedendo liberdade irrestrita a todas as paixões pervertidas, ao ensinar que tudo o que existe é bom; que tudo o que existe ou ocorre tem direito a ser.

2.3. Privação -  Esta é a teoria de Leibnitz, que ensina que o pecado é privação e o atribui à necessária limitação do ser. Seundo esta teoria o pecado é inevitável porque emana da necessária limitação da criatura. A criatura não pode ser absolutamente perfeita. Seu conhecimento e poder deve ser limitados. Nunca podemos esperar uma ação absolutamente perfeita de um agente menos que absolutamente perfeito. Dificuldades desta teoria:

1.       Ela faz do mal uma necessidade. O pecado é a consequência inevitável da imperfeição ou finitude das criaturas humanas;
2.       Ela faz de Deus o autor do pecado, no sentido de atribuir-lhe a responsabilidade de sua existência, já que foi Deus que criou o homem, e  a criação é sempre limitada e privada da perfeição;
3.       Oblitera as distinções entre mal moral e mal físico;
4.       Ameniza nosso senso do mal ou poluição do pecado e destrói nosso senso de culpa;
5.       Eterniza o pecado. Visto que nunca podemos  deixar de ser criaturas, jamais poderemos livrar-nos das limitações de nosso ser, ou seja, nunca podemos livrar-nos do pecado.

2.4. Antagonismo Necessário – Ensina que toda a vida, implica ação e reação. Inclusive no universo material prevalece a mesma lei, por exemplo, todas as mudanças químicas são produzidas por atração e repulsão. Também é assim no mundo animal não há forças sem obstáculos vencidos; nem descanso sem fadiga; nem vida sem morte. Assim também a mente  se desenvolve através de esforços contínuos, através do conflito constante entre o que está dentro e o que está fora. A mesma lei deve prevalecer no mundo moral. Não existe bem sem mal. Logo um mundo moral sem pecado é impossível. O pecado é a condição necessária para a existência da virtude. Dificuldades encontradas nesta teoria:

1.       Ela destrói a natureza do pecado. O que chamamos de pecado la chama de lei universal de toda existência finita. Não pode haver ação sem reação.
2.       O mal deixa de ser algo aversivo e condenável, já que não pode existir o bem sem o mal.
3.       Os homens deixam de ser responsáveis pelo que o mal (pecado) é inseparável de sua natureza como criaturas;
4.       Faz de toda a natureza um engano e de todas as denúncias das Escrituras contra o pecado desvarios do fanatismo.

2.5. A Teoria Sensorial – Coloca a fonte e a sede do pecado na natureza sensorial do homem. O homem é composto de corpo e espírito. Por meio do corpo ele é conectado ao mundo ou natureza externa; e, por meio da alma, ao mundo espiritual e a Deus, ele tem necessidades, desejos, apetites e afeições que encontram seus objetos no mundo material, e que ele tem outros instintos, afeições e faculdades que encontram seus objetos no mundo espiritual. É auto-evidente que os últimos são mais elevados e devem ser invariavelmente e sempre dominantes. Mas a experiência provam o contrário, os homens sempre preferem o inferior em vez do superior; os homens são governados universalmente, em maior ou menor  extensão, e sempre em grau pecaminoso, por sua natureza sensorial ou inferior. Nisto consiste a fonte e a essência do pecado.

        Esta teoria tem sido ensinada em todas as eras da Igreja e tem existido em diversas formas. Vejamos:

1.       No sistema maniqueísta – Que ensina o mal essencial da matéria;

2.       No sistema romanista mais recente – Que ensina que o homem, como criado originalmente, foi constituído de tal maneira que a alma ficou sujeita ao corpo, tendo suas faculdads superiores subordinadas à sua natureza inferior ou sensorial. No caso de Adão, esse  mal original estava corrigido pelo dom supernatural da retidão original. Quando aquela retidão se perdeu com a queda, o elemento sensorial  passou a dominar. Nisso consiste sua pecaminosidade  habitual, e esta é a fonte de todas as transgressões atuais.

3.       Outras formas desta teoria -  O fato de que o homem é governado pelos elementos inferiores e não pelos mais elevados de sua natureza, como matéria de experiência, é explicado de diversas maneiras. Vejamos algumas destas explicações:

Ø  Fraqueza relativa dos poderes mais elevados, isso equivale a doutrina de Leibnitz, de que o pecado se deve às limitações de nossa natureza;
Ø  Liberdade da vontade, ou seja, o homem como agente livre, tem o poder de resistir ou submeter às seduções da carne;
Ø  Ascendência universal dos poderes inferiores através de uma referência à ordem do desenvolvimento de nossa natureza.

Tal teoria também não expõe a verdade bíblica  sobre o pecado. Vejamos:

1.       O pecado não é essencialmente o estado ou ato de uma natureza sensorial. Os espíritos malignos, não tem corpos, nem apetites sensuais e são apresentados como as criaturas mais pecaminosas nas Escriturs;
2.       Os pecados que mais degradam e mais sobrecarregam a consciência, nada tem a ver com o corpo. A soberba, a malícia, a inveja, a ambição, a incredulidade e a inimizade contra Deus são pecados espirituais;
3.       Esta teoria faz diminuir nossa consciência de pecado e de culpa, ao fazer do mal moral mera debilidade, pois emana da própria constituição da natureza do homem como seres sensíveis;
4.       Se o corpo for a sede do pecado, então tudo o que tende a debilitar o corpo ou a reduzir a força de seus desejos tenderá a fazer os homens mais puros e virtuosos. Neste caso o monasticismo e o ascetismo são verdadeiros. O que é condenado pelas Escrituras, pela soberba, autojustificação, formalismo e a falsa religião nutrida nestes movimentos;
5.       De acordo com esta teoria os velhos deveriam ser bons, já que neles se extinguem as concupiscências da carne. O mundo para eles, j´perdu seus atrativos. O corpo se converte em fardo, no obstante quanto mais velho é o homem, a não ser que seja renovado pela graça de Deus, pior é o pecador;
6.       As Escrituras se opõe diretamente à teoria que faz do corpo ou da natureza sensorial do homem a fonte do pecado, visto que ela contempla o pecado como sendo uma depravação total da natureza humana e anão apenas uma parte (a sensorial), como objeto do pecado.

2.6. Pecado consiste em egoísmo – O pecado consiste na indevida preferência de nossa própria felicidade em detrimento da felicidade ou bem-estar dos outros. Neste caso o pecado é a indevida preferência de nós mesmos. Esta teoria se baseia nos seguintes princípios:

1.       A felicidade é o bem supremo. Tudo o que promove este bem supremo é bom, tudo que é contrário a este bem supremo é mau;
2.       Como a felicidade é o único e último bem, a benevolência, ou a disposição  ou o propósito  de promover a felicidade, deve constituir a essência e a suma da virtude;
3.       Sendo Deus infinito, deve ser infinitamente benevolente e por isso seu desejo deve ser o de produzir o maior volume de felicidade;
4.       Sendo o universo obra de Deus, tem de estar designado  e adaptado para alcançar tal fim;
5.       Como o pecado existe no mindo real, tem de ser o meio necessário do sumo bem, e portanto é consistente com  a santidade de Deus permitir, ordenar ou criar o pecado;
6.       Não há no mundo mais pecado do que necessita para garantir a suprema felicidade do universo.

Vejamos as objeções a esta teoria:

1.       Ela destrói o próprio conceito do bem moral. Confunde o certo com o conveniente;
2.       Opõe-se a nossa natureza religiosa e moral. Nós dependemos de Deus. Mas esta teoria ensina que somos obrigados a promover nossa felicidade e o meio para isso é o pecado e não nossa santidade;
3.       Se o pecado é o meio para promover a felicidade, então ele deixa de ser pecado e converte-se em bem


III. A DOUTRINA DA IGREJA PRIMITIVA SOBRE O PECADO


       Na história da igreja primitiva, a doutrina do pecado só foi declarada em termos gerais. Em quase todos os casos, as afirmações doutrinais explícitas receberam sua forma como declarações contrárias aos pontos de vista errôneos. A Igreja se contentou em sustentar e afirmar a verdade acerca desta questão de maneira simples como se encontra na Bíblia.

3.1.      As primeiras heresias – Foram  o gnosticismo e o maniqueísmo, sistemas dos quais o pecado era apresentado como um mal necessário, que tinha origem em uma causa independente de Deus  e acima do controle da criatura, a Igreja foi desafiada a negar tais erros e a declarar que o pecado não era nem necessário nem eterno, senão que tinha sua origem no livre-arbítrio do homem.
3.2.      Primeiros pontos estabelecidos – É verdade que houve declarações contraditórias e afirmações inconsistentes na história doutrinária da Igreja primitiva, mas houve insistência em alguns pontos que acabaram se constituindo o fundamento do evangelho e entraram para a fé geral da Igreja antes mesmo de Agostinho as defender e defini-las. Sendo:
Ø  Que todos os homens, em seu atual estado, são pecadores;
Ø  A universalidade do pecado teve origem histórica  e causal na apostasia voluntária de Adão;
Ø  Que tal é o estado atual da natureza humana que a salvação não pode ser alcançada fora de Cristo e sem o auxílio do Espírito Santo;
Ø  Que mesmo as criancinhas, assim que nascem, necessitam de regeneração e redenção, e só podem ser salvas através do mérito de Cristo.

3.3.      A Teoria Pelagiana  - Na primeira parte do V século, os pelagianos, os celestinos e Juliano introduziram uma nova teoria no que tange à natureza do pecado e ao estado do homem desde a queda, bem como nossa relação com Adão.

3.3.1. Os proponentes desta teoria – Eram homem sábios e cultos. Pelágio era britânico. Era monge embora leigo. Celéstio era mestre jurista; Juliano era bispo italiano.

3.3.2. O princípio radical da teoria pelagiana – Consiste em que a capacidade constitui o limite da obrigação. “Se devo, então posso”. Este princípio ensina que se Deus pode exigir algo do homem é porque este homem pode fazer e ser tudo o que se requer com justiça.


3.3.3. Pontos principais desta teoria;

Ø  O homem tem poder sobre todas as suas volições, em cada ocasião e em cada momento, de escolher entre o bem e o mal;
Ø  O pecado, consiste na escolha deliberada do mal;
Ø  Todos os homens nascem no mundo, desde a queda, no mesmo estado em que Adão foi criado, o homem não herdou a natureza pecaminosa de Adão, ele fez também a sua escolha. Assim como Adão sofreu a sua prova, como representante de sua raça, todos enfrentam sua prova por si mesmas;
Ø  Consequentemente o pecado de Adão prejudicou a si próprio. O pecado de Adão exerceu influência sobre sua posteridade apenas como um mau exemplo. A morte não foi um mal penal. Adão morreu pela constituição de sua natureza, morreria de qualquer modo, tivesse pecado ou não
Ø  Portanto os homens vivem no mundo sem o pecado original, e por isso tem poder plenário para fazer tudo o que Deus exige. Ele pode obedecer e deixar de obedecer por si só.
Ø  Inevitavelmente os homens podem ser salvos sem o evangelho. O livre-arbítrio no sentido de capacidade pertencem a todos os homens e todos podem obedecer, se quiserem, à lei de maneira plena e alcançar a vida eterna;
Ø  O  sistema pelagiano nega a  necessidade da graça no sentido da influência supernatural do Espírito Santo na salvação dos homens.

3.3.4. A condenação desta teoria – Condenações de Pelágio e suas doutrinas:

        1). Concílio em Catargo,  em 412 d.C.;
        2). Sínodos de Jerusalém e Dióspolis, em 415;
        3). Sínodo de seis bispos em Catargo, pela segunda vez, em 416
        4). Concílio geral de Catargo, em 418, onde estiveram presentes duzentos bispos
        5).  Sínodo Geral reunido em Éfeso, em 431, quando a igreja oriental aderiu a essa condenação dos pelagianos.

IV. DOUTRINAS HISTÓRICAS SOBRE O PECADO

 4.1. A Doutrina Agostiniana – Agostinho trabalhou esta questão tendo dois elementos em seu ensino: um é metafísico ou filosófico; o outro, moral ou religioso. O primeiro é fruto de especulação, que desapareceu, deixando pouco mais que um rastro na história da doutrina; o segundo, fruto de sua experiência religiosa e do ensino do Espírito Santo, este permanece, e deu forma à doutrina cristã desde aquele tempo até a atualidade.
4.1.1. Como surgiu o elemento metafísico na doutrina agostiniana– Surgiu de sua controvérsia com os maniqueus. Manes ensinava que o pecado era uma substância. Isso Agostinho negou, mas afirmou que se esse ser é bom, e se o mal é o oposto de bem, então o mal seria o oposto de ser, ou o nada, isto é, a negação ou privação do ser. Ao fazer tal afirmação Agostinho comete o mesmo equívoco que outros filósofos com frequência comete, ou seja, de confundir bem moral e físico.
4.1.2. As razões para Agostinho fazer do pecado uma negação – Charles Hodge assim escreve: “Agostinho tinha em vista dois fins principalmente: (1). Mostrar que o pecado não é necessário. Se se trata de algo que existe por si mesmo ou de algo criado pelo poder de Deus, então estaria além  do poder do homem. Seria sua vítima, não seu autor. (2). Ele pretendia mostrar que o pecado não procedia da eficiência divina. Segundo sua teoria, a relação de Deus com o mundo, não apenas com tudo o que existe, mas com cada substância, é criada e sustentada por Deus, porém toda atividade ou poder, toda energia pela qual se produzem os efeitos positivos, é a energia de Deus. Se o pecado, pois, fosse algo em si mesmo, algo mais que um efeito ou uma falta de conformidade com uma lei, então deus teria de ser seu autor.” (1)
4.1.3. O elemento moral na doutrina agostiniana – Sua doutrina consistia no que ele extraiu de sua própria experiência religiosa e naquilo que o Espírito Santo o guiou em Sua Palavra. Ele extraiu as seguintes conclusões:
A). Que, se os homens são salvos, não podem ser com base em seus méritos, mas unicamente através do dom imerecido de Deus;

B). Que a regeneração da alma tem que ser obra exclusiva e supernatural do Espírito Santo. Que o pecador não pode nem efetuar nem cooperar em sua regeneração. Em outras palavras, a graça é infalivelmente eficaz e irresistível;

C). Que a salvação é de graça e procede da soberana mercê de Deus. Aqui ele expõe três coisas importantes para entender sua visão de salvação:

1.   Deus poderia com justiça deixar os homens perecer em sua apostasia sem provisão alguma para sua redenção;
2.   Que a justificação dos homens, não pode ser mediante obras, dado a sua incapacidade de fazer algo santo ou meritório, mas é uma questão de favor;
3.   Que não depende da vontade dos homens  serem participantes da redenção de Cristo, mas do beneplácito de Deus. Em outros termos, a eleição para a vida eterna tem de se fundamentar no soberano beneplácito de deus, e não nas boas obras previstas.

D). Que a perseverança dos santos se baseiam na eleição de Deus para a vida eterna. Se ele elegeu alguns para a vida, com base no seu próprio beneplácito, eles não podem deixar de obter a salvação.

4.1.4. Aspectos essenciais na doutrina agostiniana sobre o pecado-  Toda as doutrinas distintivas de Agostinho são consequências lógicas de seu princípio da total incapacidade do homem caído para fazer algo bom espiritualmente. Ele sustentava o seguinte sobre esta doutrina:

1.    Que Deus criou o homem originalmente à sua própria imagem e semelhança, em conhecimento, retidão e santidade, imortal e investido do domínio sobre as criaturas, dotado de perfeita liberdade da vontade, possuindo espontaneidade e capacidade de autodeterminação, com poder de escolher o bem e o mal, e de assim determinar seu próprio caráter;
2.    Adão pecou voluntariamente, sob a tentação do Diabo, e assim caiu do estado em que fora criado;
3.    Que a consequência deste pecado sobre Adão foi a corrupção de toda a sua natureza, de sorte que ele tornou-se espiritualmente morto, e por isso mesmo indisposto, incapacitado e oposto a todo o bem espiritual. Além desta morte ele se fez mortal e passível de todas as misérias desta vida e da morte eterna;
4.    Devido a união entre Adão e seus descendentes, as mesmas consequências de sua transgressão lhes sobrevieram;
5.    Tal inerente e hereditária depravação é verdadeira  e propriamente da natureza do pecado;
6.    Que a regeneração, ou a vocação eficaz, é uma ação supernatural do Espírito Santo, no qual a alma é o sujeito e não o agente; que é soberana, concedida ou retida segundo o beneplácito de Deus, fazendo assim a salvação ser um dom gratuito de Deus;



     É inevitável que todo corpo de doutrina de cristãos evangélicos desde aquele tempo até a atualidade beba desta fonte agostiniana. Naturalmente admite-se que Agostinho cria em muitas coisas associadas aos pontos anteriormente expostos, que eram peculiares do homem ou da época em que viveu, mas que não pertencem ao agostinianismo como sistema de doutrina.

4.2.      A doutrina de Anselmo e Abelardo – Anselmo, o pai da filosofia e teologia escolástica,  se depara com uma pergunta difícil em sua época: “Qual o estado moral de uma  alma carente de retidão original considerada um dom supernatural ? Foram as diferentes respostas dadas a esta pergunta que originaram pontos de vistas conflitantes acerca da natureza e das consequências do pecado original” .(2)  Estes dois teólogos tomaram a seguinte postura:
1.   Admitiu que o pecado original significou simplesmente a perda da retidão original, isso era, contudo a verdadeira e propriamente o pecado. Este pecado original, mesmo nas crianças, ainda que puramente negativo, é verdadeiro e propriamente pecado;
2.   Abelardo assumiu a posição de que o pecado original nos descendentes de Adão consiste na imputação a eles de sua primeira transgressão, mas não é considerado pecado ou acusado de nenhum pecado pessoal inerente até que ele se desenvolva, ou seja, até que a alma consinta com esse domínio de sua natureza inferior e deliberadamente aja de acordo com ela.

4.3.      A doutrina de Tomás de Aquino – foi o teólogo mais influente na igreja Latina desde os tempos de Agostinho. Sua obra “suma Teológica” foi considerada durante muito tempo a obra normativa dos romanistas e segue citada  como autoridade  tanto para romanistas, como por protestantes. Ele ensinou:
1.   que a retidão original foi para Adão um dom supernatural;
2.   que por sua transgressão Adão perdeu este dom para si e para a sua posteridade;
3.   que esta retidão original consistia na inclinação fixa da vontade para Deus, ou na submissão da vontade a Deus
4.   que a consequência inevitável da perda desta retidão original, é a aversão da vontade com respeito a Deus;
5.   Que o pecado original, consiste, primeiro na perda da retidão original; e, segunda, na desordem de toda a natureza;
6.   Por isso, a alma, depois da perda de sua retidão original, não permanece mais pura, mas em estado de corrupção e pecado;
7.   Que as feridas sob as quais sofrem nossa natureza caída são:

Ø  Ignorância e ausência do correto conhecimento de Deus na inteligência;
Ø  Aversão na vontade com respeito ao sumo bem;
Ø  E nos sentimentos ou afetos.

8.   Esta corrupção é um hábito, uma disposição imanente  e inerente da mente;
9.   Finalmente o pecado original é um mal penal. A perda da retidão original e a consequente desordem de nossa natureza  são a penalidade da primeira transgressão de Adão.
  A doutrina de Tomás de Aquino difere com Agostinho no grau de dano causado pela apostasia de Adão. Para o primeiro a consequência foi uma languidez ou debilidade, uma desordem na natureza humana; para o segundo, foi uma depravação total, impossibilitando o homem cooperar na sua salvação. Tomás de Aquino, admite a doutrina da graça proveniente, assistido por esta graça o homem pode cooperar na sua salvação.

4.4.      A Doutrina da Igreja de Roma – No Concílio de Trento foi declarado  que“todos os homens nascem contaminados pelo pecado original, porém não fica claro se esse pecado consistia simplesmente na culpa do primeiro pecado de Adão, ou na falta de retidão original, ou na concupiscência. E assim todos esses pontos de vista continuaram sendo sustentados pelos teólogos da Igreja de Roma” .(3)
Diante disto todos os antigos protestantes e a maioria dos teólogos modernos, admitem que a verdadeira doutrina da Igreja de Roma  envolve a negação de todo e qualquer  pecado original no sentido de pecado, subjetivo ou inerente, ou seja , o pecado original não é pecado propriamente dito, e contudo é pecado em nós. Pois só é pecado aquilo que parte de uma ação voluntária, ou que procede dela, embora as crianças sejam consideradas  pecadoras desde o nascimento, a culpa só lhes é imputado depois de uma ação voluntária.

4.5.      A doutrina Protestante -  Na época da Reforma, os protestantes não preocuparam em determinar a natureza filosófica do pecado. Eles fundamentaram sua doutrina na consciência moral e religiosa, bem como na Palavra de Deus e declararam que o pecado é a transgressão da lei divina, ou a falta de conformidade a essa lei. Com esta declaração concordam todas as classes de teólogos, luteranos e reformados.
4.5.1. O que esta declaração inclui: Cinco pontos são essenciais nesta declaração, segundo escreveu Charles Hodge, em sua Teologia Sistemática:

1.   “Que o pecado é um mal específico, diferindo de todas as outras formas de mal;
2.   Que o pecado se relaciona com a lei. As duas coisas são correlativas de modo que, onde não há lei, não pode haver pecado;
3.   Que a lei com que o pecado se relaciona não é meramente a lei da razão, nem da consciência, nem da conveniência, mas a lei de Deus;
4.   Que o pecado consiste essencialmente na falta de conformidade por parte de uma criatura racional, à natureza de Deus;
5.   Que inclui culpa e contaminação moral.” (4)

4.5.2. O estudo desta declaração – Vamos agora entender esta declaração de forma mais profunda segundo ensina a igreja protestante. Vamos por parte:
4.5.2.1.    O pecado é um mal específico – À luz de nossa própria consciência como ser moral que somos, sabemos o que é pecado ou santidade. Para nós, segundo a nossa experiência, o pecado não é simplesmente limitação de nossa natureza, nem apenas um estado subjetivo de nossa mente. Ele é sim um caráter específico propriamente seu, e que inclui tanto culpa quanto contaminação.
4.5.2.2.    O pecado está relacionado com a lei – Todo ser moral e racional está necessariamente sujeito à lei do direito. Isso está incluído na consciência de obrigação. A palavra lei é empregada em dois sentidos: moral e religiosa. Primeiro significa um poder controlador. Segundo, um mandamento de alguém com base na autoridade. Esse é o sentido comum no NT. E em todos os dois casos, retém-se a idéia geral. A lei é aquilo que obriga a consciência.
4.5.2.3.    O pecado está relacionado à Lei de Deus – Para muitos a lei que prescreve ao homem o que ele deve ser ou fazer é a lei da sua própria razão. O homem é autônomo. Ele é responsável por si mesmo. Mas enfrentamos um dificuldade séria nesta declaração porque nossa natureza, razão e consciência está pervertida. Como então podemos determinar corretamente o certo e o errado? Portanto fica claro diante de nossa própria constituição que precisamos estar sujeito a uma lei, e esta lei não foi promulgada por nós mesmos, não é mera verdade ou consciência, mas, sim, a  lei de Deus. “É fútil dizer: Não há Deus, não há um Ser de quem dependemos e diante de quem somos responsáveis por nosso caráter e conduta” (5)
4.5.2.4.    A extensão das exigências da Lei – A lei exige completa perfeição, ou a plena conformidade com a natureza moral e conduta de uma criatura racional à natureza e vontade de Deus. Não se pode exigir de uma criatura menos que isso. Se assim for, então segue-se:
1.   Que não pode haver perfeição nesta vida - Isso faz desaparecer toda a presunção de que algum homem, desde a queda, tenha alcançado perfeição;
2.   Segue-se deste princípio que jamais se deve atribuir aos homens neste mundo mérito algum por suas obras. O homem sempre terá que depender da misericórdia e esperar a vida eterna como um dom gratuito de Deus;
3.   Assim sendo fica sobejamente claro que ninguém pode fazer mais do que a lei exige. Isso elimina a super-rogação, ou seja, que alguém pode adquirir uma soma de méritos maior do que precisa para si, e que em virtude desta obediência pode aplicar o benefício a outrem. (A intercessão dos santos, por exemplo, na Igreja Romana, e o super-crente dos movimentos neopentecostais).
4.5.2.5.    O pecado não se limita a atos da vontade – Os romanistas nega que algo pertence à natureza do pecado senão as ações voluntárias, ou seja, aquilo que faço pela autodeterminação. A consciência do crente reconhece como um mal em sua própria natureza, e deduz-se deste princípio de que a lei condena toda a falta de conformidade com a natureza de Deus, tanto as más disposições ou hábitos, bem como os pecados voluntários quer deliberados, quer impulsivos.
4.5.2.6.    O pecado é falta de conformidade com a lei de Deus -  Esta falta de conformidade não é apenas negação, mas também ausência de congenialidade de uma natureza moral  criada, com a natureza infinitamente santa de Deus. A conformidade com a vontade e a natureza de Deus é a idéia de perfeição de toda excelência. E o estado oposto, a ausência esta conformidade é a suma essência do de todo mal.
4.5.2.7.    O pecado inclui culpa e contaminação – Há dois elementos no pecado que se revelam junto a consciência do pecador, a culpa e a contaminação. O primeiro, diz respeito a justiça de Deus e o segundo, a santidade de Deus. Existe duas coisas inclusas na culpa:
1.   Expressada pelas palavras criminalidade, demérito e vituperação;
2.   A obrigação de sofrer o castigo devido às nossas ofensas

               Quando afirmamos que Cristo levou a culpa de nossos pecados, ou seja, a obrigação de satisfazer às exigências da justiça por nossos pecados, não estamos afirmando que ele assumiu nossa criminalidade, o demérito ou a vituperação de nossas transgressões; mas, sim, que ele removeu a nossa culpa, nos justificando diante de Deus, mas não removeu nosso demérito. Continuamos sendo a nossos próprios olhos, a mesma criatura indigna, merecedora do inferno, considerada em si mesma, como o era antes, porém justificada diante de Deus, pelo sacrifício de Cristo na cruz.


V. IMPUTAÇÃO  DO PECADO

     Já temos uma noção do que seja esta imputação do pecado de Adão à sua posteridade, pois já analisamos a doutrina da igreja primitiva e as doutrinas históricas sobre o pecado e nem que seja de relance ela já foi contemplada. Agora queremos aprofundar um pouco mais sobre este tema .

5.1.      Definição da doutrina – O teólogo Charles Hodge define a doutrina da imputação imediata da seguinte maneira: “Em virtude da união, federal e natural, entre Adão e sua posteridade, seu pecado, ainda que sem nenhuma ação por parte deles, lhes é imputado de tal maneira que se torna a base judicial da penalidade ameaçada contra ele, vinda também sobre eles. Esta é a doutrina da imputação imediata”. (6)

5.2.      Definição da palavra “imputar” – “Imputar” significa atribuir. Pode ser usada nos seguintes sentidos:

1.   No sentido jurídico  do termo, “imputar” é atribuir qualquer coisa a uma ou mais pessoas, sobre razões adequadas, como a razão judicial ou meritória de recompensa ou castigo;
2.   No sentido bíblico e teológico , imputar pecado, é imputar a culpa do pecado. E por culpa se quer dizer não a criminalidade ou a humilhação moral, nem o demérito, muito menos a contaminação moral, mas a obrigação judicial de satisfazer a justiça.

5.3.      Entendendo a imputação – Quando lemos que o pecado de Adão é imputado à sua posteridade, não significa que sua posteridade pecou esse pecado, ou que foram agentes de seu ato, nem se pretende que sejam moralmente criminosos pela transgressão dele. A. B. Langston explicando esta questão diz: “Precisamos  reconhecer a diferença entre o pecado pessoal e o pecado da raça. Podemos distinguir estas duas classes de pecados. A raça pecou uma só vez, isto é, na queda; e o indivíduo muitas vezes. Pode chamar-se ao primeiro pecado cometido por Adão o pecado da raça. Os demais pecados por ele cometidos são considerados pecados pessoais. No primeiro pecado Adão caiu e a raça caiu com ele, e os demais pecados  confirmaram o seu estado de decaído”. (7)
5.4.      A base da imputação – A união entre nós e Adão é a base ou a razão pela qual a penalidade de seu pecado caiu sobre toda a sua posteridade. Não há na bíblia imputação dos pecados dos anjos aos homens, pois não existe tal relação entre homens e anjos. Mas no caso de Adão a nossa união com ele é tanto natural quanto federal. Ele era a cabeça natural dos seus descendentes, pois o próprio Deus o designou cabeça e representante de toda a sua raça.

5.5.      Argumentos a favor da imputação:

1.   As Escrituras apresentam Adão não só como cabeça natural, mas também cabeça federal de sua posteridade. Isso se evidencia na narrativa de Gênesis. Tudo o que foi dito ali a Adão, foi dito em sua capacidade representativa. A promessa da vida foi dada a ele a sua semente. O domínio com que foi investido pertencia a ele e à sua posteridade. Todos os males com que foi ameaçado em caso de transgressão, incluía também a sua posteridade e de fato caiu sobre eles. Foi por ser Adão o representante de sua raça que Cristo é o representante de seu povo, e a sua justiça é a base judicial da justificação dos crentes.

2.   O princípio representativo está impregnado em toda a Escritura. Vejamos:

1). Nas declarações de Deus a Moisés. Em Êxodo 34.6,7 lemos:Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; que usa de beneficência com milhares; que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado; que de maneira alguma terá por inocente o culpado;que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.”

2). A venda que Esaú ; fez de sua primogenitura excluiu seus descendentes do pacto da promessa
3). Os filhos de Moabe e de Amon ficaram excluídos da congregação do Senhor para sempre, porque seus antepassados se opuseram aos israelitas quando estes saíram do Egito;
4). No caso de Datã e Abirão, bem como no de Acã, “suas mulheres, seus filhos e seus pequininos” pereceram em decorrência dos pecados de seus pais;
5). A iniquidade da casa de Eli não seria expiada jamais, nem com sacrifícios, nem com oferenda;
6). Sobre a casa de Davi não se apartaria a espada jamais, por ter tomado a mulher de Urias, o heteu;
7). O pecado de Jeroboão e dos homens de sua geração determinou o destino das dez tribos para toda a história;
8). A imprecação dos judeus, quando exigiram a crucificação de Jesus, “caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos”, continua gravitando sobre o povo de Israel ao longo de sua história


3. O princípio da imputação é observado em outras grandes doutrinas da Bíblia, por exemplo a doutrina da expiação oferecida por Cristo. Ele carregou nossos pecados; foi feito maldição por nós; sofreu em nosso lugar o castigo da lei. Tudo isso procede da idéia de que os pecados de alguém pode ser imputados justamente a outro. Outro exemplo, está na doutrina da justificação. A justificação não é uma mudança subjetiva no estado moral do pecador; não é mero perdão; não é simplesmente o perdão e a restauração ao favor. É uma declaração de que as exigências da justiça foram satisfeitas. Mas foi pelos méritos do pecador ? . Não. Foi a imputação da justiça de Cristo. A negação da imputação do pecado de Adão a sua posteridade, também é a negação da imputação dos benefícios da expiação e  da justificação de Cristo ao pecador.


VI. O PECADO ORIGINAL

6.1.      Definição – Pecado original é a corrupção inerente na qual nascem todos os homens desde a queda. Desta definição aprendemos que:
1). É verdadeiramente da natureza do pecado;
2). Emana de nossos primeiros pais como a origem de nossa raça;
3). É a origem de todos os outros pecados;
4). Em sua natureza, se distingue dos pecados de comissão.

6.2.      A natureza do pecado original – Charles Hodge cita a Confissão de Westminster  para  descrever a natureza do pecado original. Diz: “Por esse pecado eles (nossos primeiros pais) caíram de sua retidão original e comunhão com Deus, e assim morreram em pecado e totalmente contaminados em todas as suas faculdades e partes da alma e corpo. Sendo eles a raiz de toda a humanidade, foi imputada a culpa desse pecado, e a mesma morte em pecado e natureza  corrompida foi transmitida a toda a sua posteridade, descendendo deles por geração ordinária. Dessa corrupção original, pela qual ficamos totalmente indispostos, incapacitados e hostis a todo o bem, e totalmente inclinados a todo mal, procedem todas as transgressões atuais. Essa corrupção da natureza, durante esta vida, permanece naqueles que são regenerados; e ainda que seja, através de Cristo perdoada e mortificada, contudo, tanto ela como todas as atividades dela são verdadeiramente pecado”. (8) . Esta declaração ensina cinco coisas:
1.   Que essa corrupção da natureza afeta toda a alma;
2.   Que consiste na perda ou ausência da retidão original, e na consequente completa depravação moral de nossa natureza;
3.   Que é própria e verdadeiramente da natureza do pecado, inclusive a culpa e a contaminação;
4.   Que retém seu caráter de pecado inclusive sobre os regenerados;
5.   Que ocasiona a morte espiritual da alma, de maneira que o homem natural, ou não renovado, é totalmente incapaz, por si mesmo, de fazer algo bom diante de Deus.

6.3.      Prova da doutrina do pecado original -  Usamos os seguintes argumentos:

1.    Argumento a partir da universalidade do pecado – Todos os homens sem pecadores ( 1 Rs 8.46; Ec 7.20: Is 53.6; 1 Jo 1.8,19). A Bíblia continuamente se dirige aos homens como pecadores. A religião que ela revela é uma religião para pecadores. A leitura de Romanos nos coloca à par de tal universalidade do pecado, de maneira que não nos deixará dúvida alguma sobre isso. Basta lermos: (Rm 3.23; 6.23) e já não teríamos dificuldades em aceitar tal argumento.
2.    Argumento baseado na total pecaminosidade dos homens – A depravação não é um mal leviano, mas universal. É bem verdade que a depravação total não significa que não haja no homem alguma virtude moral. No entanto este homem está em total carência de santidade, das apreensões das perfeições divinas e de nossa relação com Deus como nosso Criador. Nenhum homem não regenerado entende ou sai em busca de Deus, nem faz de Deus sua porção, nem da glória de Deus o objetivo máximo de sua existência.
3.   Argumento com base na experiência do povo de Deus – Lemos acerca de Jó, descrito como o homem mais íntegro de sua geração, que sentia aversão de si mesmo e se arrependia no pó e na cinza. Os Salmos Penitenciais de Davi, estão cheios de confissões de pecado. Isaías exclamou: “Ai de mim! Sou homem de lábios impuros. Os profetas se levantaram em Israel para dizer que toda a cabeça está enferma, e todo o coração, desfalecido. Desde a cabeça até a planta do pé não há nada são. Só feridas e chaga podre.  No Novo Testamento todos os escritores evidenciam este profundo senso de pecaminosidade. Paulo se considera o maior dos pecadores.
4.   Argumento com base na manifestação precoce do pecado – Tão logo uma criança seja capaz de agir moralmente, manifesta evidência de um caráter moral pervertido. A alma de uma criança se dirige, movida por uma lei interior, das coisas invisíveis e eternas, para as coisas que se vêem e são temporais. Provérbios 22.15 diz: “A estultícia ( o mal moral) está ligada ao coração da criança”

6.4.      O ensino bíblico sobre o pecado original – Os argumentos descritos acima são ensinos indiretos da doutrina do pecado original. Agora passamos a analisar o ensino bíblico direto sobre o pecado original. Vejamos o que a Bíblia afirma sobre isto:
1). Afirma que o coração do homem é mau – Jr 17.9; Ec 8.11; Gn 6.5. O termo coração nestas passagens , entende-se o próprio homem, nunca denota mero ato ou estado passageiro da alma. É aquilo que é permanente, que determina o caráter. Tais afirmações acima tem ralação com o pecado original.
2). Afirma que os homens estão mortos espiritualmente – Os homens de todas as nações, eras e de todas as condições, são descritos como espiritualmente mortos, desde a queda ( Ef 2.1,5). O estato anterior à regeneração, é declarado como sendo um estado de morte espiritual. Com essa passagem da Bíblia concorda todo o teor da palavra de Deus.
3). A Bíblia em toda a parte ensina que os homens necessita de redenção mediante o sangue de Cristo -  Não se reconhece pelas Escrituras nenhuma salvação exceto por meio da redenção que procede de Cristo Jesus. Até mesmo as criancinhas necessitam da redenção do mesmo modo que os adultos. Cristo veio salvar pecadores. Se salva criancinhas, elas também tem de estar em estado de pecado. Se houvesse outra maneira de salvação fora de Cristo, sua morte seria em vão ( Gl 2.21; 3.21). E se Cristo morreu para redimir os homens, isso pressupõe que os homens, todos os homens, as próprias criancinhas e os adultos, estão em estado de pecado e desgraça, do qual ninguém, senão um divino Salvador, pode livrar.
4). A Bíblia ensina sobre a necessidade da regeneração – “Por regeneração entende-se, a renovação efetuada pelo Espírito Santo; a mudança de coração ou de natureza levada a efeito pelo poder do Espírito, através da qual a alma passa de um estado de morte para um estado de vida espiritual” .(9) . Desta declaração se depreende o seguinte ensino: Todos os homens, para que possam entrar no Reino dos céus, precisam nascer do Espírito; não se faz exceção alguma de classe, tribo, caráter ou idade. A razão desta necessidade está no fato  de procedermos de Adão.
5). A Bíblia  ensina a universalidade da morte – Nenhuma criatura moral e racional está sujeito à morte exceto por causa do pecado. A morte segundo as Escrituras, é um mal penal. Romanos 6.23 e 5. 12 declara que a morte é o salário (o castigo) do pecado; e a morte se deve ao pecado. Todos os homens são penalizados coma morte, então todos os homens são pecadores.
6). A Bíblia ensina a incapacidade do homem apostado, em seu estado natural, para fazer de si próprio algo espiritualmente bom  - Este assunto é por demais vasto para ser descrito apenas como um exemplo de que herdamos o pecado original de Adão.

6.1. Três posturas gerais no tocante a capacidade do homem caído. Sendo elas:

1.   A doutrina pelagiana, que afirma a capacidade plenária dos pecadores para fazer tudo o que Deus exija deles. Não sendo necessário a influência supernatural do Espírito Santo na regeneração e conversão do homem.
2.   A doutrina semipelagiana, a qual admite que as capacidades humanas foram debilitadas pela queda da raça humana, mas nega que a humanidade tenha perdido toda a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom. Eles admitem a necessidade desta influência divina para auxiliar os debilitados poderes do homem na obra de converter-se a Deus, mas alegam que o pecador coopera nessa obra e o resultado depende de sua cooperação voluntária.
3.   A doutrina agostiniana, que ensina que tal é natureza da depravação inerente e hereditária, que os homens, desde a queda, são totalmente incapazes de converter-se para Deus, ou de fazer algo verdadeiramente bom diante dele. Atribuem toda obra de regeneração ao Espírito Santo, sendo a alma passiva nessa ação, não agente da transformação, ainda que ativa e cooperante em todos os exercícios da vida divina da qual se fez recipiente.
6.2. A natureza da incapacidade do pecador – Esta incapacidade defendida na doutrina agostiniana e na doutrina dos Reformadores,  ensina:

1.    Não que o homem tenha perdido alguma faculdade da alma. O homem conserva sua razão, vontade e consciência, ele pode discernir o bem e o mal morais. Sua consciência aprova ou desaprova seus atos morais;
2.    Não que o homem tenha perdido sua livre agência. O homem não deixou de ser um agente moral livre. Ele é livre porque determina suas próprias ações. Ele é um agente moral porque tem consciência  de obrigação moral. Mas por causa do pecado este ser livre, está em um estado tal que prefere a escolha do mal em vez do bem.
3.    A incapacidade não é mera ausência de inclinação para o bem. Existe uma ausência de inclinação para o bem, mas não é tudo. O pecador não prefere o bem, não simplesmente porque naquele momento não se sente inclinado para ele, mas porque ele está incapacitado pelo poder do pecado para se inclinar para o bem.
4.    A incapacidade emana da ausência do discernimento espiritual. A incapacidade de inclinação para o bem emana da falta de discernimento espiritual que abateu sobre todo o pecador, devido a corrupção de toda a sua natureza, da qual a razão ou o entendimento se revelam cegos, e os gostos e os sentimentos pervertidos. É como esclarece Hodge: “ esse estado mental é inato, por ser o estado ou a condição de nossa natureza, subjaz à vontade e está fora do alcance de seu poder, controlando tanto os nossos afetos quanto nossas volições.” (10)
5.    A incapacidade é só em referências às “coisas do Espírito”. Todas as Confissões de Fé reformadas admitem que desde a queda, o homem tem liberdade de escolha ou de poder de autodeterminação, que ele pode praticar atos morais bons, como maus. O que a Bíblia declara é que o homem, desde a queda, não pode mudar seu próprio coração; não pode regenerar a sua alma; não pode fazer nenhum exercício santo nem efetuar qualquer ação de modo que mereça a aprovação de Deus. Ele não é capaz de livrar-se do domínio do pecado por si mesmo. ( Jo 15.4,5;  Jo 6.44; Rm 8.7,8; 1 Co 2.14).

VII. O RELATO BÍBLICO  DA QUEDA

 7.1. O relato de Gênesis 2.15-17; 3.1-6: “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e guardar. Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás...Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.”

7.2.Evidências de que este relato é histórico e não um mito ou lenda:

Ø  Os registros antigos da mitologia da criação e origem do homem em todas as nações são grosseiros e especulativo, enquanto este relato mosaico é simples e impregnado de elevada verdade;
Ø  O livro de Gênesis  apresenta-se como um livro com relatos históricos  não questionado e a história constitui parte integral do livro, portanto aqui não há de ser mito e nos demais relatos históricos;
Ø  Tanto o Velho como o Antigo Testamento menciona tal relato como histórico
Ø  Nosso Senhor Jesus e seus apóstolos se referem a ele não só como verdadeiros, mas também como base de todas as posteriores revelações e dispensações de Deus.

7.3. As consequências deste ato:

Ø  Senso imediato de culpa e vergonha;
Ø  Desejo e esforço de se ocultar de Deus;
Ø  Denúncia imediata e execução do juízo de Deus sobre a serpente, a mulher e o homem;
Ø  Expulsão do jardim do Éden.

7.4. A Árvore da Vida: Tem caráter simbólico e sacramental. Ela é símbolo da vida e seu fruto não podia ser comido pelo homem caso não retivesse a sua integridade, é isso que fica claro na leitura de Gênesis 3.22: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.”
                                 Ela é um símbolo de Cristo, a fonte da vida, espiritual e eterna, para o seu povo, assim como a árvore da vida foi posta ali para ser a fonte da vida para os primeiros pais de nossa raça e para todos os seus descendentes, se eles não houvessem pecado contra Deus.
                                  A partir da leitura de Apocalipse 2.7; 22.2,14 fica esclarecido o sentido simbólico e tipológico desta árvore. Charles Hodge interpreta assim: “Assim como o paraíso era um tipo do céu, de igual modo a árvore que havia assegurado vida imortal para o desobediente Adão naquele paraíso terrestre é o tipo daquele que é a fonte da vida espiritual e eterna para o seu povo no paraíso lá do alto”. (11)

7.5. A Árvore do conhecimento: Também é um símbolo. A árvore do conhecimento comunicava conhecimento. Tudo o que se exige do texto é que o conhecimento seguiu o comer aquele fruto.
                       As palavras “bem e mal”, neste contexto admite três interpretações:

Ø  Ao comer da árvore Adão e Eva passaram a ter um conhecimento experimental do bem e do mal;
Ø  As palavras “bem e mal” podem ter sentido moral. Tudo quanto é bom Deus ordena e o que é mal ele proíbe. Adão estava debaixo da Palavra de Deus. Adão aspirava saber por si mesmo o que era bom e o que era ruim. Ela buscava a emancipação da autoridade de Deus.
Ø  “Bem e mal” podem ter sentido físico. A felicidade e a miséria de Adão dependia  da obediência. Deus conhecia a natureza e os efeitos do mal pela sua onisciência, Adão veio conhecê-lo pela experiência, e tal conhecimento ele alcançou quando pecou.

7.6. A Serpente: Aceitamos a declaração ,que uma serpente se dirigiu a mulher ,literalmente. Primeiro porque neste texto a serpente não é uma designação para Satanás. Segundo porque  o texto não fala que Satanás adotou uma forma de serpente. Terceiro porque satanás não entrou na serpente. A serpente foi o instrumento usado para a tentação, mas o agente foi Satanás, conforme lemos em (Ap 12.9; 20.2;  2 Co 11.3; Rm 16.20 comparado com Gn 3.15).
                           Quanto ao fato da serpente falar não é menos dificultosa do que acreditar na proclamação de palavras articuladas do monte Sinai, da voz vinda do céu no batismo de Jesus, no fato da mula de Balaão falar.  As palavras  pronunciadas foram produzidas pela operação de Satanás, sobre estes efeitos similares produzidos por seres angelicais e espíritos bons e maus, temos numerosos casos na Bíblia.

7.7. A natureza da tentação: Existem a luz deste relato três princípios que conduziram a este fatal ato de desobediência:
Ø  A dúvida;
Ø  A incredulidade;
Ø  A soberba.

7.8. Efeitos da queda: Os primeiros efeitos da queda sobre os nossos pais foram:

Ø  Vergonha, um senso de degradação e contaminação;
Ø  Medo da presença de Deus, um senso de culpa e um desejo de se ocultar do Senhor;
Ø  Perda da inocência e da justiça original, e com ela, o favor da comunhão de Deus.















NOTAS

(1). Teologia Sistemática – pg. 602
(2). HODGE, Charles , - Teologia Sistemática – pg. 609
(3). HODGE, Charles , - Teologia Sistemática – pg. 616
(4). Op. Cit. Pg. 618
(5). HODGE, Charles , - Teologia Sistemática – pg. 621
(6). Teologia Sistemática – pg. 627
(7). Esboço de Teologia Sistemática – Pg. 160
(8). Teologia Sistemática – pg. 654
(9). HODGE, Charles , - Teologia Sistemática – pg. 667
(10). Teologia Sistemática – pg. 678
(11).  Teologia Sistemática – pg.  577,578













REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[01]. STRONG, Augustus Hopkins – Teologia Sistemática – Vol 2 – Ed.Hagnos – 1a Ed. 2003

[02]. HODGE, Charles – Teologia Sistemática – Ed. Hagnos – 1a Ed. 2001

[03]. BANCROFT,E.H. – Teologia Elementar – Ed. Batista Regular – 1999

[04].  LANGSTON,A.B. – Esboço de Teologia Sistemática – JUERP – 11aEd. 1994

[05]. JOINER, Eduardo – Manual Prático de Teologia – Ed.Central Gospel – 1a Ed. 2004

[06].RIENECKER, Fritz/ROGERS, Cleon – Chave linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova – Ed. 2003

[07].SHOLTZ, Vilson – Novo Testamento Interlinear – Grego/Português – SBB – Ed. 2004

[08]. CHAMPLIN, R. N. – Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – vol. 1,3 – Ed.Hagnos – 5a Edição – 2001

[09].FEIBERG, John/GEISLER, Norman/ REICHENBACH, Bruce/PINNOCK, Clark –Predestinação e Livre-Arbítrio – quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana – Ed. Mundo Cristão – 1a Ed. 1986

[10].JOLIVET,R. – Curso de Filosofia – Ed. Agir – 16a  Ed. 1986

[11]. Nova Bíblia de Estudo de Genebra – Cep. Ed. 2003

 [12]. A Bíblia de Jerusalém – Nova Edição – Ed. Paulinas – 1985

[13]. ALMEIDA, João Ferreira de – A Bíblia Sagrada – Ed. Revista e Corrigida Sociedade Bíblica do Brasil – 1998

[14]. MCNAIR, S. E. – A Bíblia Explicada – CPAD – 1985

[15]. CHAMPLIM, Russell Norman - “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”- Vol III –  Sociedade Religiosa a Voz Bíblica Brasileira

[16]. KNIDER, Derek – Gênesis: Introdução e Comentário – Mundo Cristão

[17]. PEARLMAN, Myer – Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Ed. Vida – 1989

[18]. TRIBLE, H. W. – Nossas Doutrinas – JUERP – 1969

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa apostilha vai me ajudar grandemente , obrigado por compartilhar conosco.

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