Nietzsche disse "Não acredito
num Deus que não possa dançar"...
Talvez se não analisarmos o contexto
social e talvez o que Nietzsche queria dizer com a expressão, talvez percamos o
sentido do que ele objetivava. Acredito que Deus dançava em Jesus, mas é
pertinente salientarmos que a religião sempre assumiu posturas austeras, as
pessoas escutam sobre fé e já imaginam um código de regras em que são proibidas
de beber, de dançar, etc. Devemos nos lembrar sempre que Jesus não transformou
vinho em água, mas água em vinho, ele é um convite a uma valsa, e não vejo isso
apenas simbolicamente, não é errado dançar, nem beber. Celebrar um Deus lúdico,
que colocou a criatividade em nós é dissociar-se de velhas e caducas formas de imaginá-lo.
Sobre os modelos errados de fé que carregamos, talvez seja necessário dizer o
que o teólogo André Musskopf salienta quando diz que "devemos resgatar
nossa corporeidade que foi sequestrada" por uma teologia que abomina o
corpo e enfatiza só a alma, lembremo-nos dos graciosos cristãos Shakers que
usavam da dança uma maneira de adorarem à Deus e festejarem-no, talvez se João
Calvino crê-se num Deus menos juiz e mais dançarino, ele tivesse vivido mais o
amor ao próximo e não tivesse castigado alcoólicos e jogadores, nem mandado
matar "bruxas" e queimado na fogueira o antitrinitário Miguel Servet.
Que tragamos sempre em nossas mentes que Deus não é repressor nem opressor, mas
acima de tudo restaurador, amantíssimo, eternamente apaixonado pelo ser humano,
não nos cansemos de usar metáforas humanas das melhores para entendermos o modo
como ele se relaciona conosco. Hoje mesmo ele te estende a mão mais uma vez e
te convida para uma dança, a dança da celebração da vida, um brinde à mesma,
que jamais terminará, efetuando-se suas passadas para toda a eternidade.
Pastor Victor Orellana
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