quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Bíblia e suas interpretações

A Bíblia e suas interpretações

 

Cada facção cristã acredita possuir a melhor exegese bíblica ou a que, pelo menos, mais se aproxima da exegese bíblica correta.

Um dos problemas na hora de interpretar um texto bíblico é que nenhum dos (supostos) autores imaginaria que seu texto seria compilado com outros 65 e formariam todos juntos um único livro sagrado. Os pré-canônicos, ou seja, todos os autores bíblicos, além de não possuirem Bíblia alguma compilada(nem Antigo Testamento nem Novo Testamento), aparentemente enxergavam textos sagrados sob uma ótica diferente da nossa. Mas esse assunto merece um outro texto que talvez nunca escreverei.

Difícil imaginar Paulo pensando que um morador de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Brasil, na América do Sul, parte do continente americano, a oeste da Eurásia, leria um texto endereçado à Galácia, por exemplo.

Também vale a pena ressaltar que, em nenhum momento da sua vida, Jesus sente a necessidade de deixar sua vida e mensagem por escrito. Ele simplesmente convive com as pessoas, esperando que elas passem pra frente o que aprenderam: Jesus arriscou demais o futuro da fé cristã.

Parte do monopólio do conhecimeto bíblico praticado por diversas lideranças nas mais diversas facções cristãs consiste em não revelar a história da Bíblia. Há um consenso sobre quem escreveu cada livro da Bíblia? Existe diferença entre os manuscritos originais e os que temos hoje? Por que exatamente esses 66 livros(evangelicamente falando)? Por que não mais? Por que não menos? Quem resolveu fechar determinado número de livros e falar: a partir de agora, essa é a Palavra de Deus, e todo o povo dirá "Amém!" ? Não é importante saber essas informações sobre o livro que recebe de nós o título "Palavra de Deus"?

Ler a Bíblia é muito fácil. Interpretá-la também o é, mas se torna difícil porque, interpretando-a literalmente, estamos arruinados e nunca progrediremos na vida(Soren Kierkegaard nos garante isso). Escolher o que deve ser tomado literalmente e o que não deve ser tomado literalmente é tarefa difícil, insalubre e hipócrita. Geralmente, favorece-se o clero, mas por muitas vezes favorece-se a todos e todos gostam disso(e não poderia ser diferente). Dar o dízimo e não dar todas as suas riquezas aos pobres; ordenar mulher ao pastorado e permitir que a mulher fale na igreja; ordenar mulher ao pastorado e permitir que ela não use véu; proibir o sexo antes do casamento e permitir o divórcio por maus tratos do marido; condenar um beijo gay e apoiar uma guerra, afirmando que existe guerra justa; condenar o tráfico de drogas e baixar músicas na internet. Como é bom viver assim!

Impossível não ser parcial na hora de interpretar texto bíblico. Nem queira não ser. Alguns sugerem passar creolina espiritual e lavar a mente de toda porcaria religiosa e, então, ler a Bíblia com a mente mais virgem possível. O grande problema é que o "mais virgem possível" carrega uma bagagem cultural enorme, personalidade única, fora as influências do meio não-religioso. Resumindo: estamos perdidos! Não existe uma exegese bíblica correta e nunca conseguiremos interpretar texto bíblico perfeitamente.

Mas graças a Deus por Jesus Cristo, que nos livrou desse fardo e promete que entrará no Céu não quem descobrir a interpretação bíblica mais pura, mas quem "faz a vontade de meu Pai, que está no Céu".
 
Raoni

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